Share the post "Mitsubishi Starion: o pioneiro dos desportivos da marca japonesa"
O Mitsubishi Starion debutou nos anos 1982 a 1990, principalmente no Japão e no mercado dos Estados Unidos da América, mas também nos mercados australiano e europeu.
O modelo com design desportivo e linhas a seguirem a moda de então, tinha carroçaria coupé, num formato 2+2, sendo que os lugares traseiros eram simbólicos. Ou seja, eram estreitos e apertados, não sendo adequados a adultos.
Falamos de um coupé e, quando se fala de coupés, na maioria, o conforto está à frente, principalmente para quem vai ao volante. Tudo o resto é acessório.
Na época, nos gloriosos anos 80 do século passado, o setor automóvel era dominado pelo despontar de grandes máquinas apoiadas em carroçarias vistosas, não tão elegantes como as atuais, mas apontavam para silhuetas menos retilíneas.
Não é ainda o caso do Mitsubishi Starion, com o qual a marca nipónica quis aproximar-se do segmento dos automóveis desportivos nos Estados Unidos da América. Quis, portanto, conquistar um espaço onde considerava ter uma palavra a dizer. E se o pensou, ainda melhor o fez.
O Starion chegou aos Estados Unidos da América em 1983, sendo comercializado (1983-1989) pelas marcas Dodge e Plymouth, resultado de um acordo entre a Mitsubishi e o Grupo Chrysler. Surgia assim o Diamond-Star Motors.
Esta era a evolução da presença no mercado norte-americano onde estava desde 1983, mas com a distribuição dos automóveis pela Chrysler. Os modelos charneira da Mitsubishi eram, na altura, o Cordia, Tredia e, claro, o Starion.
Coupé de linhas futuristas com tração traseira
Antes do Starion, a Mitsubishi tinha feito ensaios de modelos desportivos, com a colocação no mercado japonês de versões derivadas de coupés comuns, como o Colt Galant (1971), que oferecia o pacote GTO, carroçaria fastback e motores de 1.6 e 2.0 litros e o Galant Lambda (1976) que equipou com motor 2.0 litros com turbocompressor, na versão GTR.
Estes modelos foram os tubos de ensaio para o mais arrojado Starion, pioneiro entre os seus pares por ser dos primeiros a receber turbo e injeção direta de combustível.
Rivalizava com modelos como Toyota Supra Turbo, Nissan 280ZX Turbo, Mazda RX-7, Chevrolet Camaro Z28. Para além disso, também fazia frente a automóveis como Honda Prelude, Isuzu Piazza ou o Subaru XT.
A história do nome Starion
O nome Starion resulta da contração de “Star of Orion” (em português, estrela de Orion). Refere-se a uma estrela e ao mítico cavalo Arion, o cavalo de Hércules. Esta conjugação subentendia o cruzamento de potência com alto desempenho.
Com este nome, a marca não queria só chegar ao público japonês, mas também ao mercado norte-americano, onde o modelo também foi conhecido pelo nome Conquest.
A receita para o sucesso que alcançou passou muito pelo desenho da carroçaria:
- Linhas modernas (padrão retilíneo segue a norma da época, mas é muito agradável);
- Faróis escamoteáveis (na berra nos anos 70/80);
- Vidro traseiro com continuidade nas laterais;
- Pilar C muito estreito (norma na época em carros fastback);
- Pilar B (ou central) mais largo;
- Disponibilidade de carroçaria normal e outra com para-lamas alargado, carroçaria widebody ou fatty (apenas a carroçaria normal foi disponibilizada no mercado norte-americano entre 1983 e 1985);
- Cintos de segurança ancorados na porta de forma a ser mais fácil a sua colocação por condutor e passageiro e, desse modo, também não interferir com entrada ou saída dos passageiros do banco traseiro;
- Modelos de 1987 e posteriores, nos Estados Unidos da América, recebiam cintos de segurança elétricos.
Motores distintos para Japão e Estados Unidos da América
O Mitsubishi Starion, embora com curta carreira comercial atualmente é um clássico raro. Na altura do lançamento a marca optou por dois tipos de motores.
Um 2.0 litros com injeção eletrónica e turbo que debitava 170 cv (versões GSR-I, GSR-II, GSR-III e GSR-X), que comercializou a par de um segundo bloco aspirado, sem turbo, versão GX, de entrada na gama que esteve disponível apenas durante um ano.
Aquelas versões distinguiam-se pelo equipamento que recebiam em crescendo: direção assistida e controlo elétrico dos vidros; ar condicionado, painel de instrumentos digital, computador de bordo e sistema de som melhorado.
Para os Estados Unidos da América e outros mercados, a Mistsubishi teve de se adaptar. Assim, utilizou um bloco 2.6 litros, turbo, na procura de maior binário e sistema de controlo de emissões de gases nocivos. O motor disponibilizava modestos 145 cv e as versões disponíveis eram: LS, ES e LE. Este motor estava ainda presente em algumas unidades TSi e Technica das marcas Dodge e Plymouth.
Uma das caraterísticas era receber árvores de balanceamento para reduzir as vibrações de um bloco de quatro com esta cilindrada. As versões mais rápidas equipadas com motor 2.0 litros atingiam os 0-100 km/h em 9 segundos, e a velocidade máxima apontava os 210 km/h. Existiam duas opções de caixa: manual de 5 velocidades ou automática de quatro velocidades, com diferencial autoblocante. Para além disso, têm travões de disco nas quatro rodas.
Mitsubishi Starion comparado com os carros alemães
Em 1985, nos Estados Unidos da América, a revista “Car and Driver” fez um comparativo do modelo japonês, na sua versão ESi, com rivais como Audi Coupé, Chevrolet Camaro, Chrysler Laser, Ford Mustand Nissan 300 ZX e Toyota Supra.
O Starion surgiu em quarto lugar, com referência ao funcionamento do sistema turbo e à estabilidade. A revista elogiava ainda a condução e a atitude em curva. A potência também estava em bom plano.
Mais tarde, outra revista “What Car” comparou o modelo japonês ao Porsche 924 S, mas colocou, também, na lista modelos, considerados hoje icónicos, como o Mazda RX-7, Renault Alpine GTA ou o dinâmico TVR 350i.
Definia o Mitsubishi Starion como um automóvel mais suave na condução e não tão bruto na entrega da potência, com a aceleração em bom plano. Sublinhava ainda que em piso seco o comportamento era exemplar.
Já com piso molhado era preciso não arriscar. O condutor tinha de ter atenção à traseira que ganhava “vida” com muita facilidade. O veredicto era a favor do modelo alemão, mas o japonês ganhava em espaço e agradabilidade de condução.
Sucesso na competição
O Mitsubishi Starion, além da caminhada comercial, fez percurso no desporto com assinalável êxito. Uma versão 4WD nunca chegou a ser completamente desenvolvida devido ao cancelamento, pela FIA, do então designado Grupo B.
O Starion participou em dezenas de competições e alcançou assinalável palmarés entre os anos de 1984 e 1990, na Europa e entre os anos 1985 e 1988, no Japão. A versão Starion 4WD (1984-1986) ainda conseguiu algumas participações em provas competitivas, inscrito como “classe experimental” e até como “protótipo” tendo obtido nestas categorias o 1.º lugar respetivamente no Rally Paris-Dakar (1983) e nas 1984 Milles Piste Rally (Campeonato Francês de Rally). Ainda correu, entre outros, no Rally do Himalaia, em 1987, e venceu o Campeonato British Open de Rally de 1989, com Pentti Airikkala/Ronan McNamee.
O Mitsubishi Starion terminou a carreira comercial em 1990, numa altura em que a marca nipónica estava implantada em vários mercados e com reconhecida notoriedade no mundo desportivo. Foi substituído pelo Mitsubishi GTO e Eclipse.