Share the post "Os motores de três cilindros estão na moda. Mas será que são fiáveis?"
Ao contrário do que se possa pensar, história dos motores de três cilindros já é longa. O primeiro motor com esta configuração chegou à Europa em 1987 através do Daihatsu Charade GTti. Por isso, as incertezas, dúvidas e “medos” relativos a estes motores não são só de agora.
Certamente, em conversa, alguém já lhe terá dito para evitar comprar carros com motores de três cilindros. Seja porque o motor é mais fraco, seja porque a condução não é tão “requintada”, a sonoridade não é tão agradável, ou porque, como tem “um cilindro a menos”, a fiabilidade será afetada.
De facto, este seria um conselho bastante válido e talvez até correto, mas apenas quando nos referimos a carros mais antigos. Na já longínqua década de 90, é um facto que estes motores não eram tão fiáveis e robustos como os de quatro cilindros contemporâneos.
Mas mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e os construtores têm apostado muito no desenvolvimento, segurança e fiabilidade dos novos blocos de três cilindros.
Atualmente, estes blocos facilmente estes conseguem ultrapassar os 100 cavalos de potência, por isso podemos afirmar com toda a certeza que os motores de três cilindros são uma aposta segura, sobretudo se quiser poupar nos consumos.
No entanto, e apesar de no capítulo da fiabilidade a curto prazo serem praticamente iguais a motores de 4 ou mais cilindros, não existem apenas vantagens, e estes motores têm também algumas contrapartidas.
Motores de três cilindros: No início, uma “Tempestade”
Os primeiros motores de três cilindros foram desenhados e projetados pelas fabricantes japonesas, e apareceram por volta dos anos 50.
No panorama europeu, só na década de 90 é que estes motores começaram a ser produzidos numa escala maior. Destacamos os motores utilizados para dar vida ao Opel Corsa B (1.0 Ecotec da Opel) e ao Volkswagen Polo (1.2 MPI da Volkswagen).
Mas, e quanto à experiência de condução? Bem, a experiência de condução nestes carros era bem desagradável. Os motores vibravam em demasia e o conforto acabava por não ser o maior.
Relativamente aos consumos, esses eram quase idênticos. Isto porque o motor de três cilindros teria que se “esforçar” mais, e consequentemente, gastar mais combustível, para obter um desempenho idêntico ao dos motores de quatro cilindros.
Após a forte investida nos motores de 3 cilindros a gasolina, surgiram os diesel. E como terá sido resultado? A resposta é simples: igualmente “desapontante”.
Para além destas desvantagens, no passado o maior problema era o da fiabilidade. Este problema era transversal à vertente a gasolina como a gasóleo.
Ao juntarmos todos este factores negativos, temos um “cocktail” perfeito para criar “medo e aversão” a este tipo de motor.
E hoje são fiáveis?
A resposta é simples, curta e já foi referida bem logo no início. Atualmente, e sem qualquer dúvida, os motores de três cilindros são fiáveis.
Como vimos anteriormente, a crença do motor de três cilindros ser fraco e pouco fiável criou-se no passado. E com algum fundamento.
No entanto, o tempo passou, a tecnologia evoluiu e as fabricantes modificaram a construção e qualidade dos motores.
No presente, estes motores são tão fiáveis como qualquer outro. A melhoria deve-se aos avanços da tecnologia, dos materiais utilizados e dos acabamentos.
Hoje em dia, na indústria automóvel, a fiabilidade dos motores é quase sempre garantida, as restantes dores de cabeça devem-se a qualidade dos periféricos (sistemas elétricos, sensores, turbos e outros componentes).
Quais são as vantagens dos motores de três cilindros?
- Custo de produção inferior;
- Custo de aquisição inferior;
- Consumo de combustível inferior;
- Emissões mais reduzidas;
- Criação de soluções híbridas.
Geralmente, os custos de produção dos motores de 3 cilindros são inferiores. Sobretudo, nos casos onde existe uma partilha de componentes entre os motores de diferentes arquiteturas.
Quando os custos de produção são inferiores, teoricamente, o preço de venda de um automóvel com este tipo de motor também será inferior.
Um dos principais argumentos utilizados pelas marcas para vender estes motores é a redução do consumo. Segundo os fabricantes, os motores de 3 cilindros reduzem o atrito mecânico. Logo, se a energia desperdiçada é menor, menor será também o consumo do automóvel e maior será a sua eficiência.
A remoção de um cilindro “extra” também torna os motores mais compactos e leves, que também contribuem para um menor consumo de combustível. Para além disso, os engenheiros têm mais espaço para pensar em soluções híbridas.
As vantagens anunciadas fazem com que os motores de três cilindros tenham consumos e emissões mais baixos do que os “blocos” de quatro cilindros com potência equivalente.
Estas emissões mais baixas, por sua vez, fazem com que a carga fiscal sobre o automóvel também seja inferior.
Pelas diversas vantagens apresentadas, atualmente, os motores de três cilindros são elementos “obrigatórios” na produção dos automóveis que procuram a eficiência.
Principais desvantagens dos motores de três cilindros
- Maior vibração;
- Maiores níveis de ruído.
Tal como tudo o que existe, os motores de 3 cilindros também têm as suas desvantagens. E que podem ser facilmente identificadas e explicadas.
Os maiores níveis de vibração e de ruído estão relacionados com a arquitetura inerente aos motores de três cilindros. Estamos a falar do desequilíbrio, que tem de existir obrigatoriamente, porque o funcionamento do motor é divido por três cilindros.
Como referido, esta é uma questão adjacente ao design desta “tecnologia”. Como estes motores são construídos com um número de cilindros ímpar, há uma assimetria na distribuição de massas e forças, tornando mais difícil o seu equilíbrio interno.
Exemplifiquemos esta questão com uma divisão de laranjas entre pessoas
Imaginemos para este caso concreto que as laranjas são as massas e forças do motor, e as pessoas são os cilindros do motor do carro.
Se tiver de dividir 4 laranjas por 4 pessoas, cada pessoa terá direito a 1 laranja. No entanto, se tiver de dividir 4 laranjas por 3 pessoas, terá 1,333333(3) laranjas para cada pessoa, ou seja, um número não exato, e como sabemos, não é possível ter um número exato e redondo de laranjas para cada pessoa, e para as podermos dividir na realidade, alguma pessoa ficará com uma parte inferior.
Claro que este processo não é assim tão simples, e envolve muitas outras variáveis. No entanto, podemos ter uma ideia de que é mais fácil de distribuir todas as envolventes de um motor pelos 4 cilindros, ao invés de apenas 3 cilindros.
Para combater estes desequilíbrios e neutralizar as vibrações, as marcas adicionam componentes, tais como: contrapesos na cambota ou até mesmo volantes de motor maiores para neutralizar as vibrações.
Porém, a baixas rotações, é quase impossível disfarçar o desequilíbrio, que faz parte da sua natureza, e que por ventura, poderá afetar a sua fiabilidade a longo (e reforçamos o termo longo) prazo.
Para terminar, existe uma vantagem que se pode tornar em desvantagem, dependendo da sua condução: o consumo de combustível.
Quando está a conduzir de forma tranquila e relaxada, os consumos de combustíveis dos motores de 3 cilindros são inferiores aos de 4 cilindros com a mesma potência.
Em contrapartida, quando procura uma condução mais desportiva e dinâmica, estes consumos, devido à maior exigência do motor, acabam mesmo superiores.