Quem vê caras, não vê corações. O mesmo acontece na indústria automóvel, nomeadamente no caso motores. Quem imaginaria na década de 90 (ou antes), por exemplo, que a Mercedes-Benz viria a utilizar motores de origem Renault, a gasolina e gasóleo, nos seus modelos? A partilha de motores é mesmo uma realidade.
Mas a marca da estrela não é caso único. Muito pelo contrário. Atualmente, a redução de custos obriga a enorme “engenharia” em termos de motores, com muitos construtores a recorrer a fornecedores (leia-se, outras marcas) para fazer mover os seus modelos.
A Mercedes-Benz é só um dos exemplos desta partilha de motores. Outro (e também sonante) é a Porsche, que atualmente utiliza nos seus modelos familiares motores desenvolvidos pela Audi, ou a Aston Martin, que atualmente recorre aos motores V8 da Mercedes-Benz.
E depois existem (ou existiram recentemente) casos curiosos como o da Suzuki ou Mitsubishi, que chegaram a recorrer, em simultâneo, a motores de vários fabricantes como Volkswagen, Fiat, Renault ou Grupo PSA.
A Suzuki, por exemplo, chegou a ter motor 1.5 dCi no Jimny, enquanto no Samurai utilizava um 1.9 de origem PSA e no Swift um motor 1.3 Multijet da Fiat. A Mitsubishi utilizou no Grandis e no Lancer motores 2.0 TDi da Volkswagen e no ASX o motor 1.6 HDi da Peugeot.
(De) Quem é quem? A partilha de motores na indústria automóvel
Alfa Romeo
Atualmente todos os motores são oriundos do Grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles), sendo que o motor V6 de das versões Quadrifoglio são de origem Ferrari. Contudo, o 159 recorria a motores a gasolina de origem General Motors, nomeadamente o 2.2 de quatro cilindros e o 3.2 V6, ainda que substancialmente modificados.
Aston Martin
Ainda que os motores V12 sejam de fabrico próprio, também aqui há casos de partilha de motores. Os V8 de 4 litros do Vantage e do DBX são de origem Mercedes-AMG, mais eficiente que os anterior V8 da “casa”.
Audi
Todos os motores são do Grupo Volkswagen, embora os de maior dimensão sejam desenvolvidos pela própria Audi e depois fornecidos à Volkswagen, Porsche, Bentley e Lamborghini (V10 do Hurácan, por exemplo – o mesmo utilizado no Audi R8).
Bentley
Os motores V8 são da Audi, enquando o W12 foi desenvolvido pelo Grupo Volkswagen, mas é a Bentley que dá continuidade ao desenvolvimento do motor.
Só o V8 de 6,75 do Mulsanne é da Bentley, mas já foi descontinuado.
BMW
Atualmente, todos os motores da BMW são desenvolvidos pela própria marca alemã.
Caterham
O pequeno construtor britânico, que ainda hoje constrói replicas do Lotus Seven, ainda que ligeiramente modernizadas, utiliza motores de origem Ford.
Citroen
Todas as motorizações são do Grupo PSA, ou seja, são os mesmos utilizados na Peugeot.
Dacia
Este talvez seja um dos casos de partilha de motores mais conhecido. Todos os motores, seja o 1.5 dCi como os TCe a gasolina, são de origem Renault.
Fiat
Todos os motores atualmente em comercialização são de origem “própria”, ou seja, FCA. Mesmo o 124 Spider, cuja base é o Mazda MX-5, utiliza motores Fiat (ou Abarth). A exceção era a pick-up Fullback, atualmente retirada de catálogo, que não era mais que a Mitsubishi L200 com logotipo Fiat.
Ford
Atualmente todos os motores são Ford. Antes o 1.6 HDi era de origem PSA, enquanto os motores maiores, caso do 2.7 V6 HDi, foram desenvolvidos em conjunto entre os dois grupos.
Honda
Atualmente todos os motores são “próprios”. Contudo, já houve partilha de motores. O Civic, por exemplo, já foi equipado com o motor 1.7 CDTi de origem Opel ou ainda o 1.8 TD do Grupo PSA ou 2.0 Diesel da Rover (Accord e Civic).
Hyundai
Todos os motores são próprios.
Jaguar
Atualmente todos os motores, a gasolina e gasóleo, são de produção própria. Mas recentemente o XF (e o X-Type, por exemplo) contaram com motores Diesel de origem Ford.
Jeep
Atualmente os motores são na sua grande maioria de origem Fiat, até mesmo os motores mais pequenos a gasolina – a Jeep pertence ao Grupo FCA. Antes, os motores a gasóleo (2.5d, por exemplo) eram feitos pela italiana VM Motori (atualmente propriedade da FCA).
Kia
Os motores da Kia são os mesmos da Hyundai, uma vez que a Kia pertence à Hyundai.
Lamborghini
O motor V12 do Aventador é exclusivamente da Lamborghini, mas o V10 do Hurácan, assim como o do Gallardo, foi desenvolvido pela Audi e é partilhado com o R8. Também o V8 do Urus é partilhado com o Audi Q8 ou Porsche Cayenne, por exemplo.
Land Rover
Acontece o mesmo que a Jaguar, até porque as duas marcas integram o Grupo Tata. Mas ainda recentemente, o Range Rover utilizou motores Ford, mas antes BMW e se recuarmos aos anos 80 e 90 de origem italiana, nomeadamente os motores 2.5 da VM Motori.
Também os modelos Freelander contaram com motores BMW e Ford, enquanto o Defender chegou a utilizar os mesmos motores 2.2 a gasóleo da Ford Transit.
Lexus
Utiliza os seus próprios motores, combinado com motores da marca “mãe”, a Toyota.
Lotus
Atualmente, a marca britânica recorre a motores de origem Toyota, embora significativamente alterados, mas antes chegou a utilizar motores Ford, Rover e Isuzu (Elan dos anos 90).
Maserati
Os motores V8 são oriundos da Ferrari, enquanto os V6 derivam de unidades da Chrysler (V6 Pentastar) ao passo que os Diesel são da VM Motori, propriedade da FCA.
Mazda
Atualmente todos os motores de origem Mazda, mas já chegou a utilizar motores Ford (1.6 HDi, por exemplo).
Mercedes-Benz
Todas as motorizações 160d e 180d são de origem Renault, o conhecido 1.5 dCi, mas também o C200d utiliza o motor 1.6 dCi de 160cv da Renault.
Já o 1.3 turbo a gasolina das versões a gasolina de acesso à gama Classe A e derivados foi desenvolvido em conjunto com a Renault-Nissan. É, portanto, partilhado com vários modelos da Renault e Nissan, como o Clio, Mégane, Qashqai ou até os Dacia Sandero, por exemplo.
Os demais blocos são, naturalmente, origem Mercedes.
Mitsubishi
Todas as motorizações a gasolina de origem “própria”, mas os motores a gasóleo conheceram várias origens. Foi o caso do ASX e Outlander, cujos motores a gasóleo eram de origem PSA, enquanto o monovolume Grandis e Lancer recorriam ao motor 2.0 TDI de 140 cv da Volkswagen. Antes, o Carisma recorria a motorizações de origem Renault.
Mini
Atualmente, todos os motores são de origem BMW. Mas basta recuarmos cinco anos para encontrar motorizações 1.6 HDI do Grupo PSA. Se quisermos recuar ainda mais no tempo, até à primeira geração moderna do MINI, encontrávamos motores Diesel da Toyota (1.4 D4-D de 75cv), por exemplo.
Nissan
Atualmente os motores são de origem Renault-Nissan. Contudo, alguns motores a gasolina, como no 370Z e GT-R, são exclusivos da Nissan.
Opel
Atualmente, a maioria das motorizações são de origem PSA, ou seja, as mesmas utilizadas na Peugeot e Citroen. Antes, a Opel chegou a recorrer a motores Fiat (1.3 CDTi, por exemplo), Isuzu (1.5d e 1.7d), mas também BMW (Opel Omega).
Pagani
Todos os motores são de origem Mercedes-AMG.
Peugeot
Todas as motorizações são do Grupo PSA, ou seja, são partilhados com a Citroen.
Porsche
No 718 e 911, os motores são Porsche, mas nos modelos “familiares” (Macan, Cayenne e Panamera), os motores são partilhados com outras marcas do Grupo Volkswagen.
Renault
Todos os motores são próprios da Renault.
Rolls-Royce
Todos os motores são de origem BMW.
Seat
Todos os motores são de origem Volkswagen.
Skoda
Tal como na Seat, todos os motores são de origem Volkswagen.
Smart
Atualmente os Smart recorrem a motores de origem Renault. Nas primeiras gerações dos modelos ForTwo e ForFour, as motorizações eram de origem Mitsubishi (o primeiro Forfour era irmão gémeo do Mitubishi Colt).
Suzuki
Alguns motores Boosterjet são Fiat, enquanto nos motores a gasóleo (já não disponíveis), a Suzuki recorreu a vários fornecedores, como a Renault, PSA e Fiat para modelos como o Vitara, Samurai, Jimny e SX4, por exemplo.
Toyota
A maioria dos motores são próprios. As exceções, na atualidade, são o Supra, que utiliza motores BMW, construtor que já chegou a fornecer motores 2.0 de 143 cv (18d) para o Avensis e Verso, e o GT86, que utiliza um motor boxer desenvolvido a meias com a Subaru.
Antes, chegou a recorrer a motores do Grupo PSA, nomeadamente no Corolla StarVan (1.9d).
Volkswagen
Todos os motores são, obviamente… Volkswagen.
Volvo
Atualmente a marca sueca utiliza os seus próprios motores, mas até há bem pouco tempo a partilha de motores era uma realidade. Os motores D2 (os 1.6d) ou os D3 (2.0d) dos V40, S60 e V60 eram de origem PSA (1.6 e 2.0 HDi).
Antes chegou a utilizar motores a gasóleo da Renault (primeiros S40 e V40, por exemplo), e até Audi (2.5 TDi do 850 TDi e S80, por exemplo).