Na fábrica e no Museu da Ferrari, é visível que a atenção ao detalhe não está só presente na conceção dos automóveis desportivos. Aliás a fábrica (que existe desde 1940), em Maranello, região de Modena, está designada como “Best Place to Work in Europa” (“Melhor local para trabalhar na Europa”).
A marca italiana foi fundada em 1929, em Maranello, por Enzo Ferrari e, inicialmente foi conhecida como Scuderia Ferrari. A fabricante de automóveis patrocinava também pilotos de corrida. A produção independente teve início em 1946, com a apresentação do Ferrari 125S, que montava motor V12. A estreia deste modelo foi marcada pela vitória no Grande Prémio de Roma, em 1947. Entretanto, o primeiro automóvel, de rua, o Ferrari 166 Inter foi lançado em 1948.
A primeira vitória na Fórmula 1 surgiu em 1951 e o primeiro campeonato mundial da categoria foi conquistado pelo piloto Juan Manuel Fangio, em 1951. Este foi o início do sucesso da Ferrari que se prolonga até aos dias de hoje.
Para lá dos portões de entrada: a “cidade” Ferrari
O empreendedorismo de Enzo Ferrari levou à edificação de uma fábrica e também de um Museu sobre a história da marca do Cavallino Rampante. E aqui ficam algumas das curiosidades ou fun facts destes espaços, que cresceram ao longo dos anos.
Um dos aspetos curiosos é que, para lá dos portões da fábrica, encontramos uma verdadeira “cidade”. Em todo o recinto, apenas estão autorizados a circular viaturas Ferrari ou das marcas do Grupo Fiat. Os automóveis de outras marcas ficam do lado de fora do espaço Ferrari.
A fábrica ocupa um espaço de 250 mil metros quadrados, sem contar com a implantação do icónico circuito de Fiorano e as suas instalações anexas.
Outra curiosidade é que as ruas existentes têm todas nomes de campeões do mundo de Fórmula 1, como por exemplo, Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio, Mike Hawthorn, Phil Hill, John Surtees, Nikki Lauda, Jody Scheckter, Kimi Raikkonen ou Michael Schumacher, que dá nome a uma praça, e que foi sete vezes campeão do mundo, cinco pela Scuderia Ferrari: 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004.
Fábrica da Ferrari: muitos espaços verdes
O espaço edificado é composto por 45 edifícios, heliporto e um túnel de vento junto do qual está o espaço de desenvolvimento de automóveis de rua. A construção do edifício integra um rio artificial, criado, por questões de feng shui, porque se acredita que tal facto estimula a criatividade dos engenheiros.
Outro aspeto que visa estimular a criatividade e unidade dos colaboradores é o facto de estarem espalhados pelo espaço modelos completos Ferrari. Deste modo, mantem-se os níveis de criatividade e reforça-se a ideia de que o trabalho não é individual, mas sim de um grupo.
A linha de montagem da fábrica apresenta um aspeto singular na decoração. Além de existir muita luz natural, diversas plantas de grande porte estão colocadas em pontos específicos, de forma a que a oxigenação do espaço seja o mais eficaz possível. Criou-se deste modo um microclima que se mantém todo o ano.
Três mil funcionários
No espaço da fábrica e museu trabalham mais de 3 mil funcionários. Muitos dos funcionários, da unidade fabril, colaboram com a marca há cerca de 30/40 anos, constituindo um manancial de conhecimento humano fora do comum.
O conhecimento destes colaboradores é passado “pessoa a pessoa” a novos funcionários, de forma a garantir que o conhecimento não se perde. Para ajudar neste processo existe uma escola de mecânica.
Outros fun fact que talvez não conheça é que existem cerca de 850 bicicletas à disposição dos colaboradores para as deslocações na “cidade” Ferrari. Está também disponível um restaurante com espaço de jardim para momentos de relaxe. Existem ainda serviços médicos, de ginásio, cinema, bancários e até uma “vila” Ferrari.
Um motor, um mecânico
Todo o processo de fabrico de um Ferrari começa na área de fundição onde são construídos os blocos dos motores.
Neste local são fundidos lingotes de alumínio a 800º. Saiba, por exemplo, que para a construção de um bloco V12 são necessários 75 quilogramas deste material.
A construção de um motor é um ato muito singular, isto porque um motor é fabricado por um só mecânico, constituindo esta premissa a certeza da qualidade dos blocos motrizes da Ferrari.
Só depois de analisados, e de passarem nos exigentes testes de qualidade, os motores seguem para a linha de montagem e recebem as caixas de velocidade.
A linha de montagem da Ferrari está implantada num edifício de dois pisos. No piso inferior são montados os motores V8. Os motores V12, considerados mais exclusivos, são montados no piso superior.
As carroçarias Ferrari são construídas nas instalações Scaglietti, em Modena, e transportadas em camiões para o espaço fabril de Maranello onde são pintadas por robots.
Museu: todo o universo Ferrari
O Museu Ferrari está aberto a todos os fãs da marca, mas também a todos quantos tenham curiosidade por conhecer a história e a evolução da marca ao longo dos seus anos de vida (originalmente 16 de novembro de 1929, 93 anos; oficialmente desde 1947, 75 anos).
No entanto, há espaços reservados que só acessíveis a alguns VIP.
No espaço do museu podem ser observados os muitos modelos de Fórmula 1 que tiveram a sua época áurea e que agora fazem a “estória” da marca. Junto a estes estão também modelos alvo de intervenção tunning.
Existe ainda um espaço aberto todo o ano (zona de garagem) dedicado aos Ferrari de particulares que evoluem periodicamente na pista de Fiorano.
Área para pilotagem
No Museu nem tudo é estático. Curiosamente existe uma área dedicada à pilotagem. Trata-se do Driving Simulation Center, uma das zonas mais concorridas que possibilita uma verdadeira experiência de condução Ferrari.
Outro desafio que existe no espaço é o “Pit-Stop Challenge” e é possível ver in loco a sala de trabalho de Enzo Ferrari.
Sabia que devido à visão do Commendatore atualmente é possível proceder ao minucioso restauro de clássicos Ferrari? A exigência de arquivar todas as informações, esquemas de peças e desenhos de máquinas produzidas mostra-se hoje um apoio eficaz na recuperação das “antigas glórias” da marca.
Marcas “amigas”
Um aspeto que não passa despercebido na linha de tempo da Ferrari dedicada à competição é o facto desta não renegar a origem e integrar um modelo Alfa Romeo 8C 2300 Spider, onde nas laterais, junto ao para-brisas, é visível o emblema da Ferrari.
Este, curiosamente, não é o único modelo Alfa Romeo presente. Encontra-se ainda o Alfa Romeo Gran Premio Tipo B P3 Aerodinamica e outros modelos que fazem parte da história de competição da marca como o Ferrari-Lancia D50 ou o Fiat Balilla 508S Coppa d’Oro.
O Museu Ferrari não mostra só automóveis e a história das gloriosas máquinas de competição. Curiosamente encontra-se junto daqueles a réplica de uma moto Rudge 500cc, que ostenta no guarda lamas da roda da frente o emblema da Ferrari. Uma área de merchandising está também disponível.
Refira-se, como curiosidade, que na mesma área geográfica da fábrica e Museu da Ferrari encontram-se também, a escassos 5 quilómetros, as unidades fabris de outras marcas italianas como: Ducati, Maserati e Lamborghini.