Se tem 30 ou 40 anos talvez pense que ainda é cedo. Se pensa isso, não podia estar mais enganado. O segredo para uma reforma mais estável e um bocadinho menos preocupada é começar o mais cedo possível. Foi o que eu descobri agora aos 40 anos e, embora ache que já vou tarde para recuperar o tempo perdido, já estou a fazer a minha parte para o prejuízo não ser tão grande.
Portanto, se está nos seus 40 anos leia bem esta crónica. Se tem 50 ou 60 ainda pode fazer alguma coisa, mas sobretudo passe esta mensagem aos seus filhos e eventualmente netos, se já os tiver. Se está nos 20 ou 30 ou mesmo abaixo disso, então teve mais “sorte” do que eu e não desperdice este alerta.
Comece o mais cedo possível
Quanto mais cedo começar, menor será o esforço. Se quiser ter 100.000 euros no banco aos 65 anos e começar a poupar aos 45 anos, vai ter de pôr de lado 416 euros por mês. Se começar aos 20, bastam 208 euros por mês. Já sei. Está a dizer que nenhuma das opções é realista tendo em conta os rendimentos “normais” em cada uma dessas alturas da vida. Concordo. Dei estes valores para o provocar. Mas está a esquecer-se dos juros compostos e das maravilhas que os PPR e Fundos de Investimento ou ETF’s podem fazer (pesquise no google como funcionam estas ferramentas).
Se um jovem, você, o seu filho ou o seu neto, começar a fazer um Fundo PPR aos 20 anos “apenas” com 35 euros por mês, chegará à reforma com 130 mil euros. Obviamente, nunca lhes poderá tocar entretanto. Esse é o grande desafio que nem todos conseguem aguentar. É nesta decisão que se percebe quem quer preparar mesmo a reforma ou não.
Se já tem 40 anos e só agora começa a pensar em fazer um PPR ou outro tipo de investimentos, perceba que se começar hoje um PPR que lhe renda em média 7% ao ano (existe no momento em que escrevo esta crónica) terá de pôr de lado 120 euros por mês – veja como mesmo assim está longe dos 400 e tal euros iniciais – para chegar à idade da reforma com 106 mil euros. Caso seja um casal em que ambos estão empregados, estamos a falar de 50 euros por mês cada um. Convenhamos que não é uma tarefa impossível para um grande número de famílias. Concorda?
O segredo está em pôr o tempo e uma parte do seu dinheiro a trabalharem para si. Sem ter de fazer mais nada para além de viver a sua vida normalmente sem esses 50 ou 100 euros.
O outro “segredo” é a regularidade. A disciplina é fundamental. Se decidir só pôr de lado nessa preparação da sua reforma o que lhe sobrar todos os meses, esqueça! Nada disto que descrevi fará sentido. Não vai conseguir. Certo como a experiência de milhões de pessoas que tentaram essa estratégia do “Seja o que Deus quiser…”. Garanto-lhe que não funciona. A melhor estratégia é a da transferência automática. Nem precisa pensar mais no assunto.
Depois, há formas de tentar acelerar esse objetivo. Nem todos têm estofo para investir em produtos de maior risco. Alguns entram em pânico só de pensar que não têm capital garantido em algum tipo de produto. Tudo bem. É perfeitamente respeitável. Nunca deve fazer nada que lhe tire o sono à noite.
No meu caso, como percebi que já vou atrasado neste meu percurso de vida financeiro estou a arriscar um pouco mais em ações (em plataformas digitais com custos muito baixos como a Degiro) e Fundos de investimento de risco mais elevado. É uma estratégia arriscada, mas vou tentar recuperar algum do tempo perdido.
Tenho lido muito, feito muitas perguntas e falado com pessoas especialistas na área (podem ser gestores de conta nos bancos, ou em corretoras) e tenho colocado uma parte das minhas poupanças em investimentos que me possam render 10, 15 ou 20% em alguns anos daqui para a frente. Já estou a chegar aos 50 anos. Não o estou a aconselhar a fazer o mesmo que eu. Somos todos diferentes e os nossos rendimentos também.
O que lhe posso dizer é que, ao longo dos últimos 10 anos, com o que aprendi sobre finanças pessoais consegui pôr as minhas contas em ordem. Isso permitiu-me poupar mais dinheiro (porque o gastei sem critério durante décadas), fazer um Fundo de Emergência que me permite ter cerca de 1 ano das minhas despesas familiares garantidas e agora estou a começar a diversificar as restantes poupanças que consigo e algum rendimento extra que surge ao longo do caminho.
Não sei se vou conseguir atingir o meu objetivo, mas pelo menos vou tentar. O desafio que lhe lanço é simplesmente que pense na forma como está a gerir o seu dinheiro e as suas poupanças e o que poderá fazer ainda pelos seus filhos ou netos.
No meu caso, vou brevemente fazer já um PPR para cada um dos meus filhos, um tem 15 e o outro tem 8. É cedo? Nem pensar.
Uma conta simples. Se eu fizer (como vou fazer) um PPR (que renda 7% ao ano em média) ao meu filho agora com 8 anos com 25 euros por mês, por causa dos juros compostos, vai ter na idade da reforma 259 mil euros. O segredo está ou não em começar cedo? Obviamente espero que ele o use antes disso. Mas use o valor que usar antes, só o terá se eu o começar hoje.