Negociar regalias: o que saber

Muito se fala no processo de negociação salarial e quais os pontos a ter em consideração. Mas e quanto às regalias oferecida? Essas podem fazer toda a diferença no final do mês ou facilitar-lhe – e muito – a vida. É nessas regalias que nos focamos hoje. Se não sabe, vai ficar a saber como negociar regalias.

No campo da negociação do mundo laboral, esta deve ir além do valor do salário. Devem, também, ser considerados na negociação potenciais benefícios que podem traduzir-se em poupança no fim do mês ou em contributos para o bem estar profissional ou/e pessoal.

Reconhecimento profissional, formação profissional e – fruto da experiência vivida em contexto de pandemia COVID-19 – a possibilidade de usufruir de um modelo híbrido que permita alternar entre o trabalho presencial e o teletrabalho, são alguns exemplos de regalias valorizadas pelos profissionais de hoje e que podem ser negociáveis.

NEGOCIAR REGALIAS: QUAIS AS MAIS FREQUENTES E COMO NEGOCIAR

Quais são as regalias mais frequentes?

Nos dias que correm, falar de regalias pode até parecer que não faz grande sentido, mas, surpreenda-se, elas existem. De facto, há por aí muitas empresas que apostam nos benefícios adicionais para cativar e motivar os seus colaboradores. Mais, estas regalias ou benefícios podem ser determinantes para um profissional decidir se aceita ou não uma proposta de emprego e são também uma boa forma para as empresas reterem os seus talentos.

Mas vamos por partes. Por regalias entendem-se todos os equipamentos, subsídios, apoios ou atividades fornecidos pela empresa, além do salário. Entre as mais comuns no mercado de trabalho, podem enumerar-se:

• Subsídio de transportes;
• Subsídio de alimentação;
• Prémios de produtividade;
• Telemóvel, carro e/ou computador da empresa;
• Transporte gratuito (há empresas que cedem serviços de táxi ou autocarro para as deslocações dos seus funcionários);
• Seguro de saúde (que pode ou não ser extensível aos familiares diretos – esposas/maridos e/ou filhos);
• Formação paga (e não falamos de formações internas, mas sim de Pós-Graduações, Mestrados, Doutoramentos ou cursos pontuais, de forma a permitirem que os seus colaboradores adquiram novas competências ou aprofundem as que já detêm);
• Lanches durante o dia (águas, cafés, chás, bolos, fruta, etc.);
• Ginásio gratuito;
• Escola ou creche para os filhos;
• Bilhetes para atividades culturais (como teatro, cinema ou exposições, por exemplo);
• Descontos na aquisição de produtos comercializados pela empresa;
• Alojamento (quando o emprego requer uma mudança para outras áreas geográficas);
• Possibilidade de redução de horário, horário flexível ou trabalho à distância;
• Férias pagas ou dias extra de férias;
• Seguros de vida e/ou planos de reforma.

Como negociar regalias?

A negociação salarial é importante, mas o foco não pode ficar só no valor do ordenado. Negociar as regalias é também essencial, desengane-se se pensa que não é.

Basta pensar nas vezes que já ouviu falar de casos de profissionais que dão de caras com o emprego dos sonhos, mas cujo salário não corresponde às expetativas ou é demasiado baixo para permitir suportar as despesas mais básicas, por exemplo. Às tantas, também já viveu esta situação!

A verdade é que nem sempre é fácil encontrar o emprego que tanto se ambiciona e – ainda para mais – com um bom salário. Mas antes de recusar porque o salário é muito baixo, pense bem e tente perceber se a oferta contempla ou não benefícios adicionais, como os que referimos anteriormente.

Horário flexível, trabalho à distância, seguros de saúde, benefícios sociais em relação à educação dos filhos, espaços de lazer dentro das empresas, ajudas com pagamento de formação, podem não parecer, mas, bem feitas as contas, estes benefícios podem compensar o (baixo) valor salarial ou até “elevar-lhe” o ordenado.

Quer então saber como negociar regalias? Simples!

Não basta conhecer o mercado de trabalho e os salários praticados na sua área profissional, é importante que conheça também a empresa e a sua organização.

Para poder negociar eventuais regalias tem, antes de mais, de saber se a empresa tem como prática comum oferecê-las. Informe-se junto de antigos ou atuais colaboradores que conheça ou pesquise online essa informação.

Ora vejamos, é normal que as empresas vão “enriquecendo” o leque de regalias ao longo dos anos de permanência de um colaborador. Portanto, se está agora a iniciar-se não espere ter as mesmas regalias do que um colaborador que já trabalha na empresa há mais de 10 anos, por exemplo.

Faça a sua pesquisa, seja realista e tente negociar as regalias com base nas suas competências e no seu estatuto na empresa.

Se porventura o salário é muito baixo, mas está mesmo muito interessado na proposta não deixe de tentar negociar algumas regalias:

Alojamento, caso o emprego implique uma mudança para uma cidade distante, ou transporte, por exemplo.

Dias extras de folga para gastar, caso tenha filhos, na primeira semana do ano escolar ou até para viajar “fora de época” se este for um dos seus hobbies.

O primeiro passo é saber quantos dias de férias tem direito e o que pode ser feito para ter mais dias adicionais. Não será complicado cederem nos dias de folgas, se a ideia é mantê-lo ou contratar sem aumentar o salário.

Horário flexível e adaptado às suas necessidades. Por exemplo, trabalhar mais horas por dia para diminuir a semana de trabalho ou até adotar um horário de trabalho menos tradicional que poderá ser útil para o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

Ao negociar este benefício e para ser bem sucedido, justifique o pedido com um motivo profissional. Por exemplo, pode dizer que é mais produtivo nesse período do dia.

Trabalhar a partir de casa é uma das regalias cada vez mais popular, graças à inovação tecnológica e ao empurrão dado pela obrigatoriedade de confinamento, consequência da pandemia.

Já muitos afirmam que o modelo híbrido de trabalho veio para ficar, não ir ao escritório todos os dias pode significar, além da óbvia poupança em tempo e dinheiro no transporte, mais produtividade e eficácia. Ou seja, em princípio, ninguém vai achar estranho ou regatear este pedido, desde que faça o seu trabalho.

Os recrutadores vão se sentir mais tentados a negociar eventuais regalias consigo se perceberem que está realmente interessado no emprego e se, durante a negociação, se mostrar confiante nas suas capacidades e mostrar que pode ser a resposta para os desafios da empresa.

REGALIAS: BENÉFICAS PARA TODAS AS PARTES

No fundo é isto que as regalias são, um bónus. Para os profissionais podem ser essenciais e para as empresas significam bons resultados, empenho e motivação por parte dos seus colaboradores. Afinal, qualquer profissional que se sinta valorizado pela empresa, tende a retribuir na mesma moeda. Não tenha receio de negociar regalias.