Atualmente, a expressão neurose já não é muito utilizada na terminologia psiquiátrica, não sendo uma classificação diagnóstica por si. Mas nem sempre foi assim, já foi uma terminologia bastante utilizada, sobretudo no campo da psicanálise, mas não só.
Ao longo do tempo, o conceito de neurose sofreu várias alterações e foi estudado por diferentes correntes da psicologia e da psiquiatria.
Neurose: o que é?
A neurose não é uma doença por si só e quando alguém fala em neurose pode estar a referir-se a alguém que apresenta sintomatologia característica de várias perturbações psiquiátricas, nomeadamente fobias, perturbações de ansiedade e pânico e perturbação obsessivo-compulsiva.
Embora o termo neurótico tenha caído em desuso, foi usado por psiquiatras durante a maior parte do século XX para descrever uma ampla categoria de condições que estavam associadas a mau funcionamento, ansiedade e depressão, e que eram claramente diferentes das características da psicose.
Os doentes com neurose, apesar de poderem estar severamente perturbados e debilitados pelos seus sintomas, raramente se envolvem em comportamentos altamente desviantes e socialmente inaceitáveis, nem perdem o contacto com a realidade. Já os doentes com psicose, como é o caso da esquizofrenia, podem apresentar perda de contacto com a realidade.
A neurose abrange uma quantidade de situações mais ou menos distintas. No entanto, todos os neuróticos têm um problema comum: não conseguem adaptar-se a si e ao mundo.
Pessoas com neurose vivem em grande conflito interno, ao mesmo tempo que têm dificuldades também na sua vida afetiva com os outros. São habitualmente pessoas inseguras, com uma pobre imagem sobre si mesmos, com sentimentos de inferioridade e tendem a culpar-se com frequência.
Personalidade neurótica
O neuroticismo é uma das variáveis do funcionamento da personalidade mais estudadas na literatura psicológica. Mais do que um estado emotivo passageiro, é um traço ou tendência estável da personalidade.
Uma personalidade marcada pelo neuroticismo apresenta os seguintes traços associados: afetividade negativa, nervosismo, ansiedade, tristeza e tensão.
Uma personalidade neurótica apresenta um funcionamento perturbado, mais ou menos estável, que pode aligeirar ou agravar conforme as diversas circunstâncias e momentos da vida da pessoa. Os neuróticos tendem a ser pessoas preocupadas, facilmente perturbadas, frequentemente deprimidas ou irritáveis, e que demonstram alta reatividade emocional ao stress.
Os hábitos neuróticos são padrões automáticos ou ritualizados de comportamento em que as pessoas se envolvem para aliviar a ansiedade e proporcionar uma sensação de segurança.
O problema é que, a longo prazo, estes padrões não são funcionais e trazem consequências. Exemplos desses padrões são o consumo excessivo de álcool ou os rituais obsessivo-compulsivos, que aliviam a tensão a curto prazo mas trazem consequências negativas a longo prazo.
Todos temos traços neuróticos?
De facto, é inevitável que ao longo do nosso desenvolvimento desenvolvamos algumas reações neuróticas de forma a lidar com as nossas inseguranças. Quantas pessoas roem as unhas quando estão mais ansiosas? Imensas. Portanto, todos temos os nossos padrões de comportamento característicos que adotamos quando nos sentimos mais inseguros. Esses padrões podem ser mais ou menos neuróticos.
Apesar do neuroticismo ser um traço de personalidade que todos possuímos, em algumas pessoas está associado à existência de patologia mental e a uma tendência para vivenciar estados emocionais negativos, para se sentir sob stress, e para encarar o mundo e a si mesmo como negativo.
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