O Nordeste Transmontano é uma região de identidade, cultura e forma de estar muito própria, ou não fosse por lá que existisse a segunda língua oficial de Portugal: o mirandês, que parece estar em desuso, mas que por lá parece cada vez mais vivo. É a região onde coexistem a Terra Fria e a Terra Quentem num frágil equilíbrio, o mesmo acontecendo com a dureza granítica das paisagens e as cores esfuziantes de uma vasto espaço repleto de atrações e locais de visita obrigatória.
A região é rica em achados arqueológicos, o que lhe conferem importância histórica e demonstram um cenário diferente do que encontramos atualmente. O Nordeste Transmontano é uma área com cada vez menos população, dado que as gerações mais recentes rumam a outros centros urbanos, procurando outras formas de subsistência. Os que lá ficam são os mais velhos, apegados a um estilo de vida que lhes é familiar e do qual não querem abdicar.
Mesmo assim, é uma população muito hospitaleira que, na sua simplicidade, sabe bem receber e orgulha-se disso mesmo. No entanto, esta situação parece, aos poucos, começar a inverter-se, fruto de novos projetos criadores de empregadores e fixadores de população, mas também pela ascensão do Ensino Superior, conferindo a algumas cidades da região uma matriz mais cosmopolita.
Mas neste roteiro queremos, principalmente, levá-lo pelas tradições, pelos monumentos e pelas inúmeras belezas naturais da região. Venha descobrir connosco o Nordeste Transmontano.
Nordeste Transmontano: o património arquitetónico
A casa rural transmontana é muito típica e tradicional: construída em granito, xisto ou ambos consoante a rocha existente na região onde se insere, com escadarias em pedra no exterior, que conduz à varanda. A cozinha é o espaço onde se passa mais tempo e onde há sempre algo para comer. No rés-do-chão da casa, existe, habitualmente, a arrecadação e abrigo para o gado.
É um cenário bastante familiar e que marca toda a paisagem da região. Pelo meio dos concelhos, existem ainda vários monumentos nacionais, como construções de carácter religioso, diversos museus, castelos, solares e casas brasonadas, pontes medievais, miradouros de onde se observam paisagens de uma beleza indescritível e até pinturas rupestres.
Nordeste Transmontano: local de feiras, festas e romarias
São estes acontecimentos que estimulam a vida social e até económica da região. Nas feiras é possível escoar os produtos e mostrar o que de melhor se produz, sendo, assim, uma boa forma de promover a atividade local. Como tal, anualmente há inúmeras feiras tradicionais anuais, muitas delas ligadas ao burro, nomeadamente:
- Feira do Naso: Miranda do Douro – 6 de setembro;
- Feira do Azinhoso: Mogadouro – segundo domingo de setembro;
- Feira dos Gorazes: Mogadouro – 15 de outubro;
- Feira dos Gorazes: Miranda do Douro – 30 de outubro.
Além das feiras, no Nordeste Transmontano são comuns os rituais ligados ao solstício de Inverno. E um bom exemplo disso mesmo são as Festas do Solstício de Inverno no concelho de Miranda do Douro, onde personagens mascaradas interpretem rituais históricos, mantendo a tradição viva.
Nordeste Transmontano: a gastronomia
A gastronomia da região aproveita ao máximo os produtos de modo a criar receitas saborosas e bem fartas, entre as quais se pode incluir:
- Alheira de Mirandela;
- Feijoada à transmontana;
- Posta à Mirandesa;
- Cabrito de Montesinho;
- Coelho ou perdiz à caçador;
- Caldo verde;
- Papas de sarrabulho:
- Perna de porco à Clara Penha;
- Presunto;
- Salpicão.
Nordeste Transmontano: zona de percursos históricos
A região é muito procurada pelo ecoturismo e possui três importantes rotas turísticas.
Rota do Azeite
Foi criada 1996 com o objetivo de defender, expandir e consolidar o prestígio do azeite nos domínios histórico, cultural, gastronómico e nutricional.
Abrange pequenas parcelas de solos pouco ácidos ou neutros no limite dos concelhos de Bragança, de Vimioso e de Mogadouro.
Rota da Amendoeira
Vila Nova de Foz Coa, Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Alfândega da Fé, Mogadouro, Vimioso e Miranda do Douro são os troços que, entre março e abril, criam um bonito espetáculo visual e que nos fazem querer valorizar ainda mais o património natural.
Rota do Vinho do Porto
A Rota do Vinho do Porto foi inaugurada em setembro de 1996 e por lá pode encontrar desde o pequeno viticultor ao grande produtor de vinhos da Região Demarcada do Douro – Vinho do Porto, DOC Douro, Moscatel e Espumante. Assim, poderá visitar vinhas e adegas, provar e comprar vinho e participar em diversos trabalhos vitícolas.
Nordeste Transmontano: os concelhos a visitar
Alfândega da Fé
O concelho de Alfândega da Fé estende-se pelo sopé da Serra de Bornes, no interior da província de Trás-os-Montes.
Para visitar: Ermida de Nossa Senhora dos Anúncios, Santuário Mariano de Cerejais, Castro da Marruça em Parada, Capela de São Bernardino, Igreja Matriz de Sambade e Torre do Relógio.
Bragança
A sede de distrito é um concelho que se encontra pelas montanhas do nordeste transmontano e cuja economia se baseia na agropecuária e no aproveitamento da barragem do Alto-Sabor, com o fornecimento de água e produção de energia elétrica.
Para visitar: Castelo de Bragança, Igreja de Santa Clara, Igreja dos Padres Jesuítas, a Igreja de Santa Maria e Museu de Arte e Arqueologia de Abade do Baçal.
Carrazeda de Ansiães
Situada no extremo sul de Trás-os-Montes, Carrazeda de Ansiães é rodeada pelos rios Douro e Tua, possui encostas em socalcos de xisto e faz parte da Zona Demarcada do Douro.
Para visitar: Castelo de Ansiães, Igreja de S. Salvador, Fonte das Sereias, Capela de Belver, Antas de Vilarinho da Castanheira, Casa de Selores e Pinturas Rupestres do Cachão da Rapa.
Freixo de Espada à Cinta
D. Sancho elevou Freixo de Espada à Cinta a vila, o que foi permitindo o seu desenvolvimento, nomeadamente no campo da indústria de seda no século XVIII.
Para visitar: Castelo, Torre do Galo e Heptagonal, Igreja Matriz, Pelourinho, Igreja da Misericórdia, Castelo de Alva e Convento de S. Filipe de Neri.
Macedo de Cavaleiros
Este concelho está situado num vale fértil entre as Serras de Bornes e Pinhovelo e é desse terreno que depende a sua economia, que tem na base a agricultura e serviços.
Para visitar: Parque Natureza do Azibo, Praia Fluvial e Paisagem Protegida, Miradouro da Fraga do Pulo (Picote), Fontanário, Igreja de Podence, Convento de Balsamão, Igreja Matriz e Santuário de Santo Ambrósio.
Miranda do Douro
O comércio e a hotelaria são as catividades de que possibilitam o desenvolvimento da região.
Para visitar: Castelo, Sé Catedral, ponte Romana sobre o rio Tua, Palácio dos Távoras, Igreja de São Tomé, Igreja Matriz de Avancos, Miradouro de Paradela, barragens de Picote, Bemposta e de Miranda do Douro, Teares de Sandim, aábrica de Tanoaria em Palaçoulo e a Fábrica de Enchidos Regionais.
Mirandela
Mirandela é uma bonita cidade situada nas margens do rio Tua e foi aqui que nasceu o conceito de cidade jardim, pelo que o culto da flor é algo bastante importante.
Para visitar: Porta de Santo António, Palácio dos Távoras, Palácio dos Condes de Vinhais, Igreja Paroquial, Capela de São Domingos, Quinta da Pendurada, Igreja Matriz de Avantos e Santuário de Nossa Senhora do Amparo.
Mogadouro
É uma vila herdeira de uma história antiga, onde ainda é possível admirar muitos vestígios da presença dos povos que, pelo menos desde há 6 mil anos, o têm povoado.
Para visitar: Castelo de Mogadouro, Castelo de Penas Roias, Castro Vicente, Igreja Matriz de Mogadouro, Igreja do Convento de S. Francisco, Capela de Nossa Senhora Velha, Solar dos Pimentéis e Monóptero.
Torre de Moncorvo
Esta pequena freguesia com cerca de três mil habitantes possui um passado rico em história, onde as pedras falam do passado glorioso dos seus habitantes.
Para visitar: Mata Nacional do Reboredo, Museu de Ferro da região de Moncorvo, Vale Lacustre da Vilaraça, Miradouro de S. Gregório em Adeganha, Igreja Matriz, Igreja da Misericórdia e a Igreja Românica de Adeganha.
Vila Flor
A economia de Vila Flor é baseada na agricultura e na produção de azeite e por lá também se encontram vários vestígios arqueológicos.
Para visitar: Arco de D. Dinis, Igreja Matriz ou de São Bartolomeu, Santuário de Nossa Senhora da Assunção, Ponte Romana, Igreja Românica da Trindade, Castro Neolítico, diversos Solares e Cruzeiros de Santa Comba de Vilariça.
Vimioso
O concelho de Vimioso está situado entre os rios Angueira e Maças, sendo a agricultura, a pecuária e a mineração de mármore, alabastro e volfrâmio as suas principais catividades económicas.
Para visitar: castelo de Algoso, Igreja Matriz de Vimioso, Casa do Conde de Vimioso, Santuário de Nossa Senhora da Visitação, Igreja Matriz de Algozo, Capela de São Roque, ponte de São Joanico, ponte sobre o rio Sabor e Torre de Atalaia.
Vinhais
Esta delicada vila teve as suas raízes antes da fundação da monarquia portuguesa e sobrevive à base de uma agricultura de subsistência, bem como o turismo, graças ao aproveitamento do Parque Natural de Montesinho.
Para visitar: Igreja de São Facundo, Castelo de Vinhais, Convento de São Francisco e Igreja de Moimenta.