A Alpine renasceu das cinzas. Mas o passo não foi dado sem antes ter encontrado um contexto favorável: a revelação do concept Alpine A110-50, por ocasião do 50.º aniversário da Berlinette, em 2012. O impacto entre os aficcionados foi tal que acabou por se revelar num momento importante e comprovar que a «chama ainda estava acesa».
Estava mesmo bem acesa, e como resultado, a 5 de novembro de 2012, o presidente da Renault, Carlos Ghosn, anunciou oficialmente o renascer da Alpine e o início da conceção de uma “Berlinette do século XXI para 2016”. E sob a chancela de Bernard Ollivier, a Société des Automobiles Alpine criou a “Berlinette do século XXI”, o novo Alpine A110.
Enquanto não chegava o novo modelo, a Alpine foi honrando o passado na competição com vitórias em diversas corridas: em 2013 e 2014, no Campeonato Europeu de Resistência e, em 2015, no Campeonato do Mundo de Resistência WEC.
Nesse mesmo ano, apresentou ainda dois shows-cars: o Alpine Vision Gran Turismo – presente no jogo de vídeo com o mesmo nome; e o Alpine Célébration, especialmente concebido para festejar o 60.º aniversário da marca fundada por Jean Rédélé.
Durante estes anos de «hibernação», os entusiastas da Alpine mantiveram a marca viva em todo o mundo, formando clubes de proprietários e exibindo os seus modelos em eventos para desportivos clássicos. Agora, começa a ser escrito o segundo capítulo da história Alpine com a chegada do novo Alpine A110.
Alpine A110: 10 coisas que deve saber sobre o “berlinette” com pedigree de corrida
Fonte: Alpine/ Divulgação
1. Alpine A110 Première Edition esgotou em cinco dias
O novo coupé desportivo Alpine A110 Première Edition chegou ao mercado em janeiro de 2018, em edição limitada a 1955 exemplares, numa referência ao ano em que a Alpine foi fundada. Esgotou apenas cinco dias depois de abertas as encomendas.
Fiel ao ADN da marca, o Alpine A110 Première Edition privilegia a agilidade absoluta e o prazer de condução, sem sacrificar o conforto. Trata-se de um coupé de dois lugares, com motor central traseiro, carroçaria em alumínio, para minimizar o peso, e uma sofisticada suspensão de duplos triângulos. É movido por um motor turbo de 1.8 litros a gasolina, com quatro cilindros, que desenvolve 252 cv de potência e, como todos os Alpine, tem tração traseira.
“É um enorme privilégio relançar uma marca que desperta tamanha paixão, mas é também uma grande responsabilidade. Esta paixão pela Alpine, dentro do Grupo Renault e entre os entusiastas dos automóveis desportivos, é enorme e há muito que tínhamos a ambição de fazer regressar a marca. Agora é o momento certo”, anunciou, em 2017, Michael van der Sande, Diretor-Geral da Alpine. O A110 é produzido na fábrica da Alpine, em Dieppe, no norte de França, construída pelo fundador da marca, Jean Rédélé, em 1969.
2. A partir de uma folha em branco
“Pediram-me para criar um novo Alpine, partindo de uma folha em branco. Tinha de ser fiel ao ADN da marca – ágil, elegante e proporcionador de prazer de condução. Criámos a nossa própria plataforma e definimos um peso máximo de 1.100 kg, o que era difícil de atingir. Por isso, decidimos utilizar alumínio no chassis e na carroçaria e o resultado final foi apenas 1080 kg (1103 kg para o Première Edition), o que faz do A110 um dos automóveis mais leves na classe”, conta por sua vez Bernard Ollivier, Diretor-Geral Adjunto da marca.
Foram ainda tomadas medidas adicionais de redução de peso, como componentes da suspensão em alumínio, bancos desportivos superleves Sabelt (cada um com 13,1 kg de peso) e travões Brembo, que integram o travão de estacionamento na pinça traseira principal, o que constitui uma estreia mundial. Só isto permite poupar 2,5 kg.
3. Agilidade e conforto
Fonte: Alpine/ Divulgação
O Alpine A110 também deve a agilidade ao polivalente sistema de suspensão de duplos triângulos. A primeira vantagem é a cinemática de suspensão linear: quando o automóvel curva, a suspensão permite que as superfícies de contacto dos pneus assentem sempre de forma plana sobre a estrada, o que se traduz num elevado nível de aderência permanente. E quanto mais pronunciada for a curva, mais firmemente os pneus se apoiam sobre a estrada.
Este controlo permite o recurso a barras estabilizadoras leves e ocas, uma vez que não é necessário contrariar a natural tendência para o oscilar do automóvel, e também a utilização de molas bastante macias. Daqui resulta uma qualidade de viagem muito confortável e excelentes capacidades de absorção de irregularidades no piso, mantendo a agilidade e a reatividade sem necessidade de amortecedores adaptativos.
O novo A110 vem ainda equipado com pneus Michelin Pilot Sport 4 205/40 R18 à frente e 235/40 R18 atrás, montados em jantes forjadas Otto Fuchs de 18 polegadas, que contribuem também para a redução do peso.
4. Distribuição de peso 44:56
Depois, o facto de o depósito de combustível estar situado imediatamente atrás da linha do eixo dianteiro contribui para a distribuição de peso 44:56 do A110, perfeita para um coupé desportivo com motor central. E o conjunto de sistemas de ajuda ao condutor, incluindo ABS, controlo de tração e controlo de estabilidade, tornam o modelo num automóvel seguro, confortável e também perfeitamente adequado à condução no dia-a-dia.
A bagageira dianteira, de 100 litros, é suficiente para duas malas de cabine, enquanto o compartimento de arrumação traseiro, de 96 litros, permite, por exemplo, arrumar dois capacetes integrais e um saco de viagem.
5. Modos de condução Normal, Sport e Track
Fonte: Alpine/ Divulgação
A somar a estas características, o novo Alpine A110 disponibiliza também três modos de condução, Normal, Sport e Track. Quando se muda de modo, parâmetros como a resposta de aceleração, a assistência da direção, a rapidez das passagens de caixa, o som do escape e a ação do controlo de estabilidade são adaptados, para proporcionar uma experiência de condução personalizada ao condutor. O ecrã TFT digital de 10 polegadas, integrado no painel de instrumentos, também muda de acordo com o modo de condução.
6. Motor turbo de 252 cv
Quanto à propulsão, com saída de escape central (de série no Première Edition), o Alpine A110 chega ao mercado movido por um motor tubo de 1.8 litros, quatro cilindros e injeção direta, capaz de desenvolver uma potência máxima de 252 cv às 6.000 rpm e 320 Nm de binário logo a partir das 2.000 rpm. A potência chega ao eixo traseiro através de uma transmissão de dupla embraiagem Getrag e sete velocidades, de cárter húmido, com relações específicas.
A rápida caixa de velocidades combina função manual, com patilhas em alumínio ao lado do volante, com modo automático. E o diferencial eletrónico proporciona excelente tração mesmo em pisos escorregadios.
7. Dos 0 aos 100 km/h em 4,5 segundos
Depois, a boa relação potência/peso (4,3 kg/cv) e a função de controlo de arranque permitem que o A110 acelere até aos 100 km/h em 4,5 segundos e atinja a velocidade máxima eletronicamente limitada de 250 km/h. A construção leve assegura igualmente eficiência nos consumos anunciados de combustível (6,1 l/100 km, combinado) e de baixas emissões de CO2 (138 g/km).
8. Eficácia aerodinâmica
Fonte: Alpine/ Divulgação
E graças ao fundo plano e ao difusor traseiro, a aerodinâmica torna desnecessário o recurso a spoiler traseiro, preservando a elegante e intemporal silhueta do Alpine A110 original. As entradas de ar no para-choques dianteiro criam uma cortina à frente das rodas dianteiras, melhorando o fluxo de ar e reduzindo a resistência, o que, associado à reduzida área frontal, permite que o Alpine A110 gira um atrito mínimo, o que melhora a aceleração e a eficiência.
O A110 Première Edition esteve disponível apenas nas cores Alpine Blue (azul), Noir Profond (preto) e Blanc Solaire (branco nacarado), equipado com jantes em alumínio forjado de 18 polegadas, escape desportivo ativo, sistema áudio Focal, pormenores interiores em fibra de carbono, pedais em alumínio escovado, bancos desportivos Sabelt com acabamentos em pele e uma placa Première Edition numerada na consola central.
9. A110S: O mais rápido e potente Alpine
Já em junho último, a Alpine lançou de série o A110S, com pormenores de design que lhe destacam o caráter desportivo, mais potência e uma afinação de chassis específica. Debita 292 cavalos para um peso de 1.114 kg e tem um preço estimado de € 66.500 (para França, com impostos incluídos), sem opcionais. Já está disponível para encomenda, com as primeiras entregas previstas para ainda antes do final de 2019.
Na sua essência, o A110S recorre à mesma estrutura de alumínio dos outros A110, mas a configuração do chassis confere-lhe um caráter dinâmico distinto. As novas molas helicoidais são mais duras em 50% e os amortecedores foram ajustados, enquanto as barras estabilizadoras são 100% mais firmes. A distância ao solo foi reduzida em 4mm e o sistema eletrónico de estabilidade foi alvo de uma revisão, em particular no modo Track (que pode ser desligado), para ainda maior precisão e estabilidade. O A110S tem uma relação peso potência de 3,8 kg/cv, em oposição aos 4,3 kg/cv das restantes versões de série. A aceleração dos zero aos 100 km/h é cumprida em 4,4s.
10. Duas novas versões para estrada e uma para competição
Pouco mais arde, depois do entusiástico acolhimento do A110 Première Édition, a Alpine lançou três novas versões: duas de série, o A110 Pure e o A110 Légende; e o A110 GT4 para competição, também desenvolvido pela Signatech.
Mesmo partilhando as características técnicas do Première Édition, o A110 Pure e o A110 Légende têm personalidades bem distintas. A Pure é fiel à Berlinette que venceu o rali de Monte-Carlo em 1973. A Légende exibe o carácter de um GT e distingue-se pelo grande conforto, com bancos, em couro preto ou castanho, reguláveis em seis vias e um nível de equipamento mais elevado.
O A110 Pure e o A110 Légende estão equipados com ar condicionado, sistema de navegação por satélite e conetividade Alpine mySPIN – que permite «espelhar» o smartphone do condutor -, dispondo ainda de iluminação dianteira e traseira com LED.
Há também três novas cores de carroçaria: Branco Irisé, Azul Abysse e Cinzento Tonnerre, para além do Branco Glaciar, que é a cor de série de ambas as ofertas. Todas as versões de série do A110 têm garantia de três anos ou 100.000 km e assentam no mesmo chassis de alumínio e nas mesmas caraterísticas do Première Édition.
Já o novo GT4 é a expressão da agilidade e das qualidades desportivas do A110 original e é a segunda versão de competição do modelo, depois do referido A110 Cup. Com uma potência e um apoio aerodinâmico superiores aos do Cup, o GT4 concretizará o regresso da Alpine aos circuitos, por intermédio de equipas privadas, mas sempre com a assistência de fábrica da Signatech.
Será também possível fazer um upgrade do A110 Cup para GT4, graças a um kit específico de peças. O GT4 tem uma relação peso/potência de 3,2 kg/cv, limite máximo autorizado pelo regulamento FIA GT4.