Todos os dias, aqui publicamos os dados do boletim epidemiológico emitido pela Direção-Geral da Saúde, relativos aos novos casos de infeção, prevalência da COVID-19 nas diferentes regiões do país e número de óbitos.
Os dados retratam os factos, ainda que sejam apenas uma representação da crise sanitária que o país atravessa.
Sublinhamos representação, porque o reporte diário de dados pode ter um efeito perverso: familiarizarmo-nos (em demasia) com a dimensão abstrata dos números e esquecermo-nos do que esses mesmos números efetivamente representam.
Isto é, esta sexta-feira, reportamos 234 óbitos no país, mas o que queríamos dizer é que se perderam 234 vidas humanas.
Cada uma destas perdas, que só temos a lamentar, teve, por sua vez, um impacto profundo na vida de 234 famílias. Desde o início da pandemia e até à data da redação deste texto, perderam-se 9.920 vidas humanas… avós, pais, filhos, irmãos, amigos, vizinhos de alguém.
Perante este cenário desolador, e tendo em conta não só as previsões dos especialistas em saúde pública para as próximas semanas, mas também os testemunhos do desespero que se vive nos hospitais portugueses, sobressaltemo-nos cívica, ética e moralmente para combater a propagação do vírus.
Fiquemos em casa, cumpramos as regras do confinamento e as recomendações da Direção-Geral da Saúde. Unamos esforços para lutar contra a falta de empatia e de solidariedade cultivada pelos números.