O guarda parque da Lagoa de Castilos, um parque natural perto da fronteira com o Brasil. Das cerca de dez mensagens que enviei para os diferentes parques no Uruguai, foi o único que me respondeu.
Depois de ter falhado o ponto de encontro, ter ficado sem bateria no telemóvel e não conhecer ninguém, fui até à rodoviária e aí pedi para ligar ao Juan, o guarda parque. Tudo ficou resolvido e na rua do lado fui presenteado com algumas frutas, que saboreei dentada por dentada.
Olá, Uruguai!
Cheguei enfim ao local combinado, depois de duas boleias e um rio com algumas cabanas de pescadores, onde apenas se vê, sente e ouve a tranquilidade do lugar. Estavam quase 40°C e o sol queimava-me a pele. Encontrei um lugar à sombra e rapidamente já estava a conhecer as pessoas que viviam lá todo o ano.
Depois de ter aguardado algumas horas, chegou o Juan vestido à guarda do parque, desde o chapéu às botas, num tom predominantemente verde. As próximas 48h ficarão para sempre na minha memória!
Desde a sua casa, amiga da natureza (onde se aproveita a água da chuva, a energia do sol, e a casa de banho é orgânica); a lagoa, onde mergulhámos e andámos de canoa; o caminho no meio da floresta onde nos cruzávamos com várias iguanas; os Ombues, uma árvore oca no tronco; as aves vermelhas e as aves verdes que voavam sem sentir a pressão do homem e que podiam ser admiradas no miradouro de madeira; até às refeições e as longas conversas acerca da sua vida, que estava contada nos livros que escreveu sobre as suas viagens; sem esquecer os magníficos quadros, que ele próprio pintava e esculpia.
Depois da viagem de barco que separava a casa do Juan do pequeno povoado, onde as aves dançavam ao nosso lado como se viessem despedir-se de mim, cada um foi num sentido da estrada e coincidência ou não consegui boleia, na parte de trás de uma pick-up, justamente no momento em que chegou o autocarro do Juan. Ficou o seu sorriso!
O destino agora era La Paloma, mas tinham-me dito que deveria conhecer La Pedrera, onde passei o dia, uma pequena Vila que me fazia recordar o litoral alentejano e que de certo modo me lembrava a beleza da costa portuguesa. Estava a sete quilómetros de La Paloma, onde iria ajudar a construir um pequeno armazém em madeira.
E quando já era quase de noite voltei para a estrada seguro de que conseguiria uma mini boleia até ao destino, pois a cultura no Uruguai de pedir e dar boleia é algo muito natural e acabo sempre por esperar pouco tempo. Aí passei os dias numa casa de campo sensivelmente a mil metros da praia, onde de manhã ou à tarde ajudava na construção, em troca de poder montar a minha tenda no jardim e ter duas refeições.
Os dias foram passados com chuva tropical, dias muito quentes e noites bastante frescas, com uma família de Uruguaios, onde à noite, junto às brasas do churrasco, me contavam um pouco da sua vida e da história do seu país, tão desconhecida dos portugueses.
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