E se Lisboa não fosse a capital de Portugal? Esta pergunta surge em muitas discussões de pendor mais ou menos regionalista e tem uma resposta simples: oficialmente não é. Oficialmente, a capital do nosso país continua a ser Coimbra. Confuso? Passamos a explicar.
A afirmação de Coimbra como a cidade mais importante do país remonta aos primórdios da nacionalidade. Se Guimarães é a referência histórica, nos tempos do Condado Portucalense, desde muito cedo que Coimbra se afirma como fundamental no esforço de reconquista aos mouros.
O Conde D. Henrique e D. Teresa, pais de Afonso Henriques, instalam-se em Coimbra, havendo mesmo quem defenda a teoria de que o primeiro rei português nasceu ali (se bem que existem ainda as versões de que foi em Viseu ou a mais comum de que foi mesmo em Guimarães).
Com D. Afonso Henriques, Coimbra vai crescendo em importância, tornando-se, de facto e oficialmente, na capital do ainda muito jovem Reino de Portugal.
coimbra capital de facto até 1255
Esta condição de capital prolongou-se até 1255. Coimbra era uma cidade vibrante, mas nessa época começava a ser ultrapassada por Lisboa, resgatada das mãos dos mouros e que se tornava numa urbe cada vez mais próspera.
O seu estuário era uma magnífica porta de entrada para todo o tipo de mercadorias, ajudando isso sobremaneira ao desenvolvimento da região.
Como tal, a corte de então começou a passar cada vez mais tempo em Lisboa, tendo-se mudado de malas e bagagens durante o reinado de D. Afonso III. Mas a verdade é que nunca, até aos dias de hoje, foi oficializado em qualquer documento a transferência do título de capital de Coimbra para Lisboa. Oficialmente, Coimbra continua a ser a capital de Portugal.
Mais capitais
Portanto, Lisboa como que está ao nível de algumas capitais temporárias que Portugal já teve, como o Rio de Janeiro (durante as invasões francesas a família real portuguesa refugiou-se no Brasil, então ainda uma colónia) ou Angra do Heroísmo, nos Açores, durante as guerras liberais do século XIX. Só que no caso lisboeta ficou até a atualidade e ninguém nunca se lembrou de contestar isso.
E se de facto Lisboa é universalmente reconhecida como a capital de Portugal, quem detém esse título oficial é Coimbra. Por isso, vamos aqui deixar algumas atrações imperdíveis no caso de rumar à cidade dos estudantes e quiser saber um pouco mais sobre a sua história.
Mosteiro de Santa Cruz
Fundado em 1131, tornou-se a mais importante casa monástica em Portugal no tempo dos primeiros reis e é um dos símbolos de Coimbra. A sua escola foi uma das melhores instituições de ensino do Portugal medieval, sendo que na Idade Média o seu aluno mais famoso foi Fernando Martins de Bulhões, que passaria à história como Santo António de Lisboa (os adeptos das teorias de conspiração dirão que isto anda tudo ligado).
Foi alvo de uma extensa reforma em 1507, por ordem do rei D. Manuel I, e é ali que se encontram os túmulos do primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques e o seu filho, Sacho I. O magnífico arco triunfal, data já do século XIX.
Quinta das Lágrimas
Português que se preze conhece e sonha acordado com a história de Inês de Castro e do infante D. Pedro – aquelas histórias de amor que apenas se encontram nos livros. Pois bem, foi precisamente na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, que D. Inês foi assassinada a mando do pai de D. Pedro, o rei D. Afonso IV.
Além de ser um local lindíssimo, tem uma história a contar: a sua fonte possui um tipo de algas avermelhadas que, segundo corre o mito, será pelo sangue de Inês de Castro, ali injustamente assassinada.
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha
Este convento gótico é sem dúvida outra das atividades obrigatórias do que fazer em Coimbra. Fundado pela Rainha Santa Isabel no século XIV, e apesar de estar em ruínas, ainda hoje tem uma grande imponência. A visita ao mosteiro engloba as ruínas, o espólio arqueológico conventual e a exibição de filmes que retratam aquela época.
Universidade de Coimbra
Fundada em 1290 pelo rei D. Dinis, a Universidade de Coimbra fixou-se definitivamente em Coimbra em 1537. É a universidade mais antiga do país e uma das mais antigas de todo o mundo, pelo que o seu edifício vale muito a pena uma visita. Não perca o Paço das Escolas, a Porta Férrea, Biblioteca Joanina, a Capela de São Miguel, a Torre da Universidade e o edifício principal onde se localiza a Via Latina (longa varanda) e a Sala dos Capelos.
Sé Velha de Coimbra
Construída num estilo românico, a Sé Velha é do tempo de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal! Esta é uma das razões pelas quais é obrigatório visitar quando pensa no que fazer em Coimbra. Fazendo lembrar um pequeno castelo, a sua fachada principal tem uma pequena torre avançada na entrada e dois contrafortes que lhe dão um aspeto robusto. De estilo gótico, tem um pequeno e agradável jardim no centro.
Portugal dos Pequenitos
Está em Coimbra com pequeninos? Então não perca o Portugal dos Pequenitos, um parque temático que vai fazer a delícia de todos. Com várias áreas temáticas, proporciona uma viagem aos monumentos mais emblemáticos e à História de Portugal de uma forma divertida.
Mata do Choupal
O Choupal é um dos ex-libris da cidade de Coimbra, tantas vezes cantado por poetas e escritores que, tal como tantos outros, ali encontraram um frondoso retiro. A sua origem está intimamente ligada às ações desenvolvidas em finais do séc. XVIII, para atenuar os efeitos resultantes do assoreamento do Rio Mondego.
Quando em 1791 se deu início aos trabalhos de abertura do “novo” leito do rio, foram efetuadas plantações nas margens, com o objetivo de as fixar e proteger os campos agrícolas limítrofes. Um dos primeiros locais a ser plantado com diversas espécies florestais deu origem à Mata designada por Choupal, em virtude do choupo, uma espécie de rápido crescimento, ter prevalecido relativamente às outras espécies, dominando a paisagem por um longo período.