Quão cedo é “demasiado cedo”?
Antes de mais, será conveniente determinar a que horas se pode considerar demasiado cedo para o despertar das crianças.
Se o sol já espreita pela janela e a criança desperta naturalmente e cheia de boa disposição às seis da manhã, não há nada a apontar (principalmente porque se deitou às oito da noite de ontem e dormiu solenemente). No entanto, pode ser crítico para os pais, que se deitaram à uma da manhã. Para a criança, esta hora de acordar é perfeita e respeita o seu ritmo circadiano, já para os pais a conversa muda de tom.
Quanto mais pequena for a idade da criança, maior será a tendência para acordar cedo, na maior parte das vezes, por necessidade de se alimentar.
Regra geral, as seis da manhã definem o limite mínimo do despertar aceitável. É muito comum bebés de poucos meses acordarem a essa hora para iniciar as atividades do dia. Se o seu bebé acorda a esta hora, mama e readormece imediatamente, não pode considerar como o despertar para o dia, apenas quando se mantém acordado após a alimentação, pronto para explorar o mundo. Considere-se bafejado pela sorte se o seu filho acorda depois das sete e meia da manhã.
Se achar que, efetivamente, o horário de despertar do seu filho não será o mais adequado, tente responder a estas perguntas para perceber se há espaço para melhorar as suas rotinas:
1. O seu filho está a passar por algum pico de desenvolvimento?
Há determinadas alturas em que as crianças desenvolvem novas aptidões (como o rolar sobre o próprio corpo, agarrar objectos, gatinhar, falar, o desfralde, etc.) e que, por isso, são extremamente exigentes ao nível físico e emocional.
Estas fases não duram mais do que duas semanas e podem trazer, de um dia para o outro, alguns distúrbios transitórios no sono, como o despertar mais cedo do que o habitual. Em poucos dias os horários retomam a normalidade, daí que basta munir-se de paciência e deitar-se mais cedo para conseguir acompanhar o ritmo do seu filho.
2. O seu filho está em plena transição de sestas?
São mais sensíveis as primeiras transições de sestas: em que passam de 4 para 3 sestas diárias; e de 3 para 2 sestas por dia. O bebé demora alguns dias a adaptar-se à nova rotina e o despertar mais cedo é mesmo uma consequência normal destas transições. No entanto, com o passar do tempo e à medida que se vincula a nova rotina, lentamente a criança retoma a hora de acordar costumeira.
3. O seu filho dorme bem à noite?
Certifique-se de que o seu filho tem bons hábitos de sono, o que inclui dormir boas sestas e longos períodos durante a noite (de acordo com a idade). Quanto mais cansada estiver a criança, maior a probabilidade de acordar durante a noite e de acordar “com as galinhas”, pela manhã, comportamento conhecido por “paradoxo da exaustão”. “Quanto mais se dorme, mais vontade se tem de dormir”!
4. Quanta luz entra pelo quarto?
O relógio biológico tem ligação direta com a luminosidade. Se a janela do quarto da criança deixa entrar o sol radioso pela manhã, a tendência natural será que ela desperte assim que o sol nasça. A pele das pálpebras é suficientemente fina para que os recetores oftálmicos recebam a luz natural e transmitam ao cérebro que é hora de acordar para mais um dia em cheio. Controlar a luminosidade do quarto pode fazer toda a diferença.
O que fazer quando o seu filho acorda efetivamente demasiado cedo?
Leve-o para a sua cama para uns minutos de ronha, tranquilos e com muito mimo. Ofereça-lhe uma atividade calma para começar o dia, como ler um livro ou brincar com plasticina, por exemplo, em vez de ligar a TV. Aproveite e invista num bom pequeno-almoço em família, que o dia ganha logo outra cor!
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