Luís Seco
Luís Seco
23 Fev, 2017 - 08:03

Mas afinal, o que ganhamos em viajar?

Luís Seco

Viajar está nos planos de muitas pessoas. Mais, está nos sonhos de quase todos, o que significa que consideramos importante buscar outras realidades que nos fascinam.

Mas afinal, o que ganhamos em viajar?

Mas, afinal, o que ganhamos em viajar? O que nos faz desejar tanto esse momento em que deixamos as nossas rotinas e segurança do que conhecemos para nos distanciarmos durante algum tempo? O que nos incita a partir?

VIAJAR…

Abre-nos os olhos

O mundo não é apenas o que rodeia a nossa casa ou meramente o nosso país. Há muitas maneiras diferentes de fazer as coisas no dia-a-dia. A nossa não é a certa e as outras erradas. São apenas diferentes. Viajar permite-nos descobrir formas distintas de interpretar o mundo e, desta forma, construirmos o nosso próprio mundo a partir das nossas vivências.

Ajuda-nos a descobrir quem somos

Quando nos desafiamos nas situações novas que nos surgem em viagem descobrimos pontos fortes da nossa personalidade que nem sequer sabíamos existirem. É assim, saindo da nossa zona de conforto, que nos vamos conhecendo e construindo a nossa personalidade, como se voltássemos à infância e (quase) tudo voltasse a ser novidade.

É bom voltar a crescer de novo. É importante ganhar confiança com todos os desafios superados. Desta forma, será sempre mais fácil fazer a transição para cada uma das novas fases da nossa vida.

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Faz-nos respeitar mais outros seres humanos

Os povos são diferentes. Seja a nível de cultura, religião, cor da pele, tradições… Essa é a riqueza do nosso mundo. Contudo, viajando apercebemo-nos de que o que temos em comum nos aproxima bastante mais do que as nossas diferenças e que estas mesmas diferenças acabam por nos juntar igualmente pela curiosidade que despertam. Não importa onde vamos, partilhamos os mesmos valores básicos que fazem de nós seres humanos.

Permite-nos criar relações

Seja com um lugar com o qual nos identificamos e para onde gostaríamos de nos mudar, seja com pessoas que conhecemos na estrada (especialmente se viajarmos sozinhos), as relações que criamos em viagem ficam e tornam-se parte de nós. Estes lugares e pessoas passam a fazer parte do nosso mapa de “regressos”. Porque todos queremos voltar a ser felizes onde já o fomos.

Ajuda-nos a aprender línguas

A melhor forma de aprendermos uma nova língua ou de aprofundar o estudo daquela(s) que aprendemos na escola é colocarmo-nos numa situação em que não podemos recorrer à nossa língua materna. Circularmos numa rua dum país estrangeiro e ouvirmos a musicalidade e o ritmo nas palavras das pessoas desperta igualmente o nosso interesse pela aprendizagem.

Quando queremos comunicar, torna-se imperativo fazê-lo na língua local em certas regiões, ganhando em troca um sorriso das gentes locais desencadeado pela má pronúncia mas também como forma de agradecimento pelo esforço.

Em último caso, o recurso a línguas mais faladas como Francês, Espanhol e Inglês perante pessoas que também não as têm como língua materna é importante para ganharmos confiança na nossa competência, ainda que não seja a melhor.

Faz-nos apreciar a dádiva que é a vida

Muitas vez sentimo-nos presos nas rotinas que tornam os dias iguais, fazendo os anos passar apressados como se de dias se tratassem. Viajar faz-nos sentir vivos. Porque tomamos mais decisões a cada experiência nova. Porque há algo inédito que ansiamos encontrar após a próxima porta ou esquina. Porque estamos tão embebidos no que estamos a vivenciar que aquilo que temos naquele momento nos é suficiente para sermos felizes.

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Aproxima-nos da natureza

Com a maior parte da humanidade a viver em (grandes) cidades, hoje em dia é fácil deixarmos de contactar com a natureza e todos os sentimentos que a sua grandiosidade nos provocam. Viajar para longe de grandes centros urbanos significa reencontramos a nossa génese. Não importa se estamos num paraíso tropical, no deserto, na floresta, nas montanhas,…

Mesmo se nos decidirmos por um destino urbano, vai sempre haver um parque em que as plantas e os animais vão ser diferentes daqueles que conhecemos. É impossível não pararmos e esquecermos o mar de gente e betão para apreciarmos a natureza nem que seja apenas por uns minutos.

Dá-nos a melhor forma de educação

Por mais que nos dediquemos à visualização de documentários, à leitura ou a um ensino mais ou menos formal com um professor, a melhor forma de aprendermos é, sem dúvida, a experiência. Contactarmos de perto com outras culturas possibilita-nos absorver melhor tudo o que vemos, ouvimos, saboreamos, cheiramos, tocamos. Aprendemos melhor quando interagimos diretamente. Isto acontece com adultos. Agora imagine se levar os miúdos!

Permite-nos descobrir oportunidades de emprego/negócio

Existem muitas capacidades e competências que podem ser comuns no nosso país mas mais raras em certas partes do mundo.

Mesmo de forma não propositada, é perfeitamente possível estabelecer contactos em viagem que um dia se verifiquem úteis para alargar o nosso raio de ação em negócios por conta própria ou encontrar um emprego mais bem remunerado ou cujo desafio seja atraente. Afinal, vivemos na era da globalização.

Deixa-nos memórias inesquecíveis

A verdade é que não conseguimos recordar um dia específico se nada de relevante tiver acontecido nessa data. No entanto, ao afastarmo-nos dos nossos hábitos diários, tornamos quaisquer acontecimentos em algo único, conseguimo-nos lembrar dos mais aparentemente insignificantes pormenores da viagem.

Recordarmos tanto da nossa vida dá-nos um sentido de realização pessoal precioso para a construção do nosso amor-próprio.

Faz-nos apreciar melhor a nossa casa

Partir é ótimo. Mas também é ótimo voltar a casa. Depois de alguns dias (semanas, meses ou anos) fora do lar, passamos a apreciar mais ainda o lugar que escolhemos para viver. A nossa casa reflete a nossa personalidade e foi com grande reflexão e esforço que a tornámos acolhedora para nós próprios.

Se viajámos por lugares onde bens que consideramos essenciais (como a eletricidade ou água potável, por exemplo) são escassos, o valor que damos ao nosso país aumenta.

Por outro lado, mesmo que tenhamos visitado um país mais rico ou mais organizado do que o nosso, voltar à nossa povoação dá-nos uma sensação de paz e é de novo excitante reencontrar caras que nos reconhecem e que reconhecemos. Quase sem darmos conta, passamos a reparar em pormenores que antes nos passavam ao lado.

Se for o caso, finalmente passamos a compreender os turistas que têm, onde vivemos, o mesmo entusiasmo e vontade de descoberta que sentimos quando estivemos no estrangeiro. E que bom é o reencontro com o que nos é familiar.

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