Em 1994, quando ainda ninguém se questionava sobre o que são cookies, a empresa americana MCI Communications quis lançar a primeira loja online. Para o conseguir precisava de uma funcionalidade que hoje se tornou banal: um carrinho de compras virtual para os utilizadores guardarem os produtos escolhidos enquanto navegavam no catálogo da loja. A solução que os programadores encontraram passava por saber se os visitantes tinham entrado no site anteriormente e por gravar essa informação de reconhecimento no computador do próprio utilizador.
O termo cookie (biscoito) passou a ser utilizado pelos programadores para descrever estas “migalhas” de informação gravadas, como se o utilizador andasse na Internet a comer uma bolacha e deixasse cair migalhas em todos os sítios que visitasse.
Há uma década, ninguém achava necessário avisar que este tipo de informação era gravada nos dispositivos de todos os utilizadores da web até que, em 2011, a União Europeia (UE) publicou uma diretiva que fez sair os cookies do anonimato. Este documento obrigava os proprietários dos sites a avisar os seus visitantes sempre que gravassem alguma informação no computador do utilizador, pelo menos nos acessos feitos a partir de uma país da UE. Mas porquê esta súbita preocupação com os cookies?
O que são cookies, para que servem e como os gerir
O que são cookies?
Os cookies são pequenos arquivos ou conjuntos de dados que os sites na web gravam no computador dos utilizadores através do browser (navegador) usado no acesso online.
Os cookies não são considerados vírus nem mesmo softwares, uma vez que são incapazes de se auto-executar, mas conseguem controlar e registar toda a navegação que um utilizador faz na Internet.
Como funcionam os cookies?
Da primeira vez que visitamos um site online, este vai enviar um cookie/ficheiro para o nosso computador. Esse cookie vai-lhe permitir guardar e memorizar alguns dos nossos comportamentos enquanto navegamos na web.
Sempre que o utilizador regressar àquele site, o seu browser vai enviar o cookie para o servidor desse site, identificando o utilizador e controlando de novo os dados resultantes da sua visita: quanto tempo ficou online, onde clicou, que links abriu, etc.
Para que servem os cookies?
Agora que sabe o que são cookies, importa saber para que servem. É graças aos cookies que podemos utilizar várias vezes um site que nos exige identificação, sem termos de escrever todas as vezes a password. Ela fica em memória. Eis algumas das suas funcionalidades:
- Fazer longin automático;
- Personalizar o site para utilizadores específicos, melhorando a sua navegabilidade dentro dele;
- Manter o controlo do carrinho de compra em lojas online;
- Registar o histórico de navegação.
Sabia que há vários tipo de cookies? Descubra quais são
Cookies técnicos
São os chamados cookies essenciais e que estão associados ao funcionamento técnico do próprio site. Neste grupo incluem-se os cookies que permitem aceder a áreas seguras do site e aos seus respetivos serviços, como no homebanking ou nas lojas de compra online.
Cookies funcionais
Também chamados de personalização, guardam as preferências do utilizador durante a sua utilização para que não seja necessário configurar de novo sempre que regresse. Por exemplo, escolher o idioma do site ou a quantidade de produtos que o utilizador deseja ver por página.
Cookies de análise
Servem para fazer análises estatísticas dos dados do acesso e surgiram inicialmente para ajudar a melhorar a prestação do próprio site. Não costumam interferir na navegação, mas permitem aos proprietários dos sites a recolha e o tratamento de dados sobre o comportamento de quem os visita.
São estes dados que ajudam as empresas anunciantes a direcionar as suas campanhas publicitárias e a colocar os seus anúncios nos sites onde sabem que o seu público-alvo vai mais vezes ou passa mais tempo. Foram estes cookies que ajudaram empresas como o Facebook e a Google a ganhar fortunas através do negócio da publicidade direcionada.
Os cookies podem ser permanentes, os que ficam guardados no browser dos computadores, smartphones ou tablets que acedem ao site, ou temporários, em que o tempo de vida é limitado à sessão de utilização do website. Os primeiros deverão ter associada uma data de expiração, enquanto os segundos são apagados quando se faz o log out da sessão.
Alguns dos cookies são programados para serem analisados por terceiros, isto é, por sites que não são o site que o utilizador está a visitar. Estão, normalmente, associados ao clique num link ou anúncio que direciona para outro site, autorizando o controle de tráfego por esse outro domínio.
Devemos bloquear ou permitir os cookies?
Já sabe o que são cookies e já deve ter percebido que estes têm vantagens e desvantagens. Se, por um lado, os cookies facilitam a navegação online, automatizando alguns procedimentos, essa automatização pode apresentar riscos para a privacidade dos utilizadores.
O risco mais óbvio tem a ver com os utilizadores que partilham dispositivos na vida profissional ou na vida pessoal. Os cookies que autorizam logins automáticos tornam fácil o acesso às áreas privadas do utilizador que entrou no site anteriormente, quer seja uma conta de e-mail, de uma loja ou sites com informação financeira ou outros dados pessoais privados.
Os cookies são também considerados um invasão da privacidade dos utilizadores da web, o que levou à criação da diretiva europeia de 2011, cujo objectivo era consciencializar empresas e utilizadores para uma realidade de “perseguição” escondida e pouco transparente na web.
As questões de segurança também ganharam importância. Um pirata na Internet tentará sempre intercetar o momento de transferência de cookies entre servidor e utilizador para entrar em ambos os dispositivos, colocando em risco informação sensível e sigilosa, o que torna toda a política de gestão de cookies um tema pertinente e atual.
6 medidas de segurança a ter com os cookies
1. Evitar ligações Wi-Fi desconhecidas;
2. Utilizar sempre e manter atualizados os antivírus;
3. Atualizar sempre os browsers;
4. Evitar sites pouco fidedignos;
5. Limpar os cookies do browser com regularidade (a cada duas semanas);
6. Em computadores de acesso público utilizar navegação anónima no browser;
Como aceder a uma navegação mais anónima
A maioria dos principais browsers já disponibiliza algumas capacidades de navegação anónima. Deixamos-lhe aqui os comandos para aceder a janelas de navegação que já barram alguns cookies, como guardar o histórico ou passwords.
Chrome (Windows)
Ctrl + Shift + N / (Mac) Command + Shift + N
Safari (Mac)
Shift + Command + N
Firefox (Windows)
Ctrl + Shift + P / (Mac) Command + Shift + P
Mas lembre-se: mesmo estas janelas de navegação privadas não barram tudo ou garantem anonimato total. Se quiser alguma solução mais radical, já existem aplicações e softwares de utilização livre – como o Tails -, que prometem uma maior proteção, maior privacidade e anonimato.
Como alguns cookies são técnicos, se forem desativados em permanência, podem afetar o funcionamento correto do site, inibindo algumas das suas funcionalidades. Agora que sabe o que são cookies e conhece os seus prós e contras, é uma questão de gerir os sites onde quer ou não quer aceitar cookies.
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