Cláudia Pereira
Cláudia Pereira
19 Dez, 2024 - 20:00

Obrigações do Tesouro em 2025: nova oportunidade de investimento para famílias

Cláudia Pereira

Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) em 2025. Saiba como funcionam, os riscos e quanto o Estado português pretende emitir.

O Estado português prevê reintroduzir em 2025 as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), um instrumento de investimento direcionado às famílias e ausente desde 2018. A novidade foi anunciada pelo Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), integrando o programa de financiamento do Estado para o próximo ano. Este regresso surge num cenário de juros elevados e menor procura por outros produtos de poupança do Estado, como os Certificados de Aforro.

O que são as OTRV?

As Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) são títulos de dívida pública emitidos pelo Estado português com o objetivo de captar financiamento. Ao adquirir estas obrigações, os investidores emprestam dinheiro ao Estado, recebendo em contrapartida um retorno financeiro periódico.

Características principais:

  • Rendimento variável – a remuneração combina uma taxa fixa com a taxa Euribor a 6 meses, refletindo as condições de mercado.
  • Prazo e liquidez – estes títulos podem ser negociados no mercado secundário, permitindo a venda antes da maturidade, embora possam sofrer variações de valor.
  • Risco – apesar de o risco de insolvência do Estado português ser considerado reduzido, ele não é inexistente. Adicionalmente, há a possibilidade de perdas devido à volatilidade do mercado secundário e custos associados, como comissões bancárias.

Como funcionam as taxas de rendimento?

O rendimento das OTRV varia de acordo com as condições de mercado, combinando uma taxa base fixa com a Euribor a 6 meses. Na última emissão, em 2018, a taxa base era de 1%, mas a Euribor encontrava-se em valores negativos, o que limitava a atratividade deste produto. Atualmente, com a Euribor a aproximar-se dos 2,6%, as perspectivas de rendimento são mais promissoras. Contudo, é importante considerar:

  • Desvalorização no mercado secundário – se optar por vender os títulos antes da maturidade, pode receber menos do que o valor inicialmente investido.
  • Custos adicionais – comissões bancárias e impostos sobre eventuais mais-valias podem reduzir significativamente o retorno líquido.

Emissão de OTRV: quanto será e o que esperar?

O IGCP anunciou que pretende emitir 1,5 mil milhões de euros em OTRV em 2025. No entanto, os detalhes sobre as condições de subscrição, como a taxa fixa ou o montante mínimo de investimento, ainda não foram divulgados.

A última emissão ocorreu em 2018, com um montante de 1 mil milhões de euros. Na altura, a taxa de juro base era de 1% e as condições não eram atrativas para pequenos investidores devido às baixas taxas Euribor e às comissões bancárias. Com a Euribor em valores positivos, as condições atuais podem representar uma oportunidade mais interessante.

OTRV versus Certificados de Aforro: quais as diferenças?

Embora tanto as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) como os Certificados de Aforro sejam instrumentos de dívida pública, existem diferenças significativas entre os dois produtos.

CaracterísticaOTRVCertificados de Aforro
RendimentoVariável, combina a Euribor com uma taxa fixaFixo, determinado no momento da subscrição
LiquidezNegociáveis no mercado secundárioResgatáveis antecipadamente a qualquer momento
Montante mínimo de compraGeralmente mais elevadoMais acessível, ideal para pequenos investidores
RiscosExpostos à volatilidade do mercado secundárioRisco reduzido, com retorno previsível

As OTRV podem ser mais atrativas para quem procura potencial de rentabilidade superior, mas implicam maior risco e montantes de entrada mais elevados. Por outro lado, os Certificados de Aforro oferecem maior previsibilidade e flexibilidade, sendo uma opção mais segura para perfis conservadores.

Estratégia de financiamento do Estado para 2025

Em 2025, o Estado português planeia captar cerca de 34 mil milhões de euros para responder às suas necessidades financeiras, que incluem 18 mil milhões de euros em novas necessidades líquidas e 16 mil milhões em amortizações de dívida. A distribuição deste financiamento será feita através dos seguintes instrumentos:

  • Obrigações do Tesouro: 20,5 mil milhões de euros (60% do total).
  • Bilhetes do Tesouro: 4,6 mil milhões de euros.
  • Certificados de Aforro e do Tesouro: 2,5 mil milhões de euros.
  • OTRV: 1,5 mil milhões de euros.

O regresso das Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) abre uma nova oportunidade para os investidores portugueses diversificarem as suas poupanças num contexto de taxas de juro mais atrativas. Contudo, antes de investir, é essencial ponderar os riscos, custos e potenciais benefícios, comparando com outras alternativas disponíveis.

Para quem procura um investimento com maior potencial de retorno e está disposto a assumir algum risco, as OTRV podem ser uma escolha interessante em 2025. Fique atento às condições finais, que serão divulgadas pelo IGCP.

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