Olivença é nossa? Ou Olivenza é espanhola? A discussão arrasta-se, os tratados sucedem-se, mas a verdade é que se a localidade fronteiriça sonha com Portugal, dorme no regaço espanhol.
E a história conta-se em duas penadas. Olivença, localizada na fronteira entre os dois países, desde os tempos do Tratado de Alcanizes ( assinado em 1297 por D. Dinis de Portugal e Maria de Molina, regente de Espanha em nome de D. Fernando IV) que é um espinho cravado nas relações diplomáticas entre ambos os países.
Em 1801, através do Tratado de Badajoz, denunciado em 1808 por Portugal, o território foi anexado a Espanha. Em 1817 a Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de 1815, comprometendo-se à retrocessão do território o mais prontamente possível. Porém, até aos dias de hoje, tal ainda não aconteceu.
Apesar disso, a questão tem permanecido adormecida, sem gerar tensões significativas entre os dois países nas últimas décadas. Hoje, Olivença é administrada por Espanha, e a maioria dos seus habitantes fala espanhol, embora ainda haja vestígios culturais e históricos que ligam a cidade a Portugal.
A discussão sobre a soberania de Olivença é, essencialmente, simbólica e jurídica, e não afeta a relação diplomática entre Portugal e Espanha, que continua a ser cooperativa e amistosa no contexto da União Europeia.
Olivença: mas quem a conhece mesmo?
Apesar da posição oficial do Estado Português ter sido sempre de que este é um território português, nada até à data foi feito de modo a esclarecer esta questão e a “fechá-la”, por assim dizer.
Mas isso pouco interessa para esta discussão. A verdade é que se calhar a maior parte dos portugueses nem sequer sabe assinalar no mapa onde fica a localidade. Por isso, vamos deixar aqui uma ajuda.
Onde fica?
Olivença situa-se no Alto Alentejo, na margem esquerda do Rio Guadiana, quase em frente da cidade de Elvas, cerca de 24 km a sul de Badajoz. A sua configuração é triangular, com dois vértices no Guadiana e o terceiro em Espanha, a sudeste.
Povoação e território
Olivença tem uma área de 750 km², pouco mais de 10.000 habitantes e sete povoações, de seu nome S. Francisco, S. Rafael, Vila Real, S. Domingos de Gusmão, S. Bento da Contenda, S. Jorge de Alor e Táliga.
A “guerra” sobre Olivença continua a despertar paixões e trocas de argumentos nos dois lados da fronteira. Mas para lá da questão histórica, há muito que vivenciar na cidade.
Principais atrações de Olivença
Igreja de Santa Maria Madalena
Esta iglesia ou igreja de Santa Maria Madalena, à portuguesa, foi mandada construir por D. Manuel I, no século XVI, por incentivo do Frei Henrique de Coimbra, Bispo de Ceuta, sepultado neste templo. A sua estrutura ter-se-á inspirado no Convento de Jesus e na Sé de Elvas.
Arquitetonicamente, ela representa tudo o que o estilo Manuelino significou. No interior, pode observar retábulos barrocos com azulejos e colunas com motivos náuticos, ligados aos Descobrimentos. O exterior é ornamentado com gárgulas e pináculos, entre outros elementos.
No início do século XVIII, assumiu funções como hospital e convento franciscano, sendo conhecida pela qualidade das suas águas, provenientes do poço de São Francisco.
Museu Etnográfico Gonzalez Santana
Este é um dos museus locais mais importantes, estando albergado em três importantes edifícios históricos – a Torre del Homenaje (mandada construir por D. João II), a Panadería del Rey (exemplo do neoclássico de gosto português) e a Câmara Agrária.
Aqui pode encontrar coleções doadas, como a de Gonzales Santana e a de arqueologia de Margarita Navarrete, onde é possível observar vários objetos etnográficos.
Na sala de arte sacra, pode contactar com objetos religiosos provenientes dos franciscanos que viveram no convento da Igreja de Santa Maria Madalena, assim como pinturas originárias da mesma Igreja.
A sala mais recente designa-se “Do meteorito” e apresenta informação sobre o meteorito que caiu em Olivença em 1924.
Casa da Misericórdia
O Hospital ou Casa da Misericórdia fica a poucos metros da Igreja de Santa Maria do Castelo. Trata-se de um edifício iniciado em 1501, por desejo da esposa do rei D. João II, D. Leonor de Viseu. Esta construção demorou várias décadas a estar concluída.
É de realçar a sua capela do século XVIII, de nave única, abóbada de berço e coro aos pés. O retábulo-mor é em estilo barroco, com arquitetura em abóbada e arqueado em paredes-mestras. Existem ainda outros dois retábulos de madeira de castanheiro e outro, também, poli-cromado, dispostos em ambos os lados da nave.
As paredes do edifício estão revestidos a azulejaria portuguesa do século XVIII, representando cenas do Antigo e Novo Testamento.
Igreja de Santa Maria do Castelo
Esta igreja fica situada no interior do Castelo de Olivença. A sua construção teve início no século XIII, tendo sido retomada no século XVI. No século XIV, a igreja pertenceu à Ordem de Avis. No início do século XVIII, a igreja era já considerada igreja matriz da vila.
No interior da igreja, na capela do Evangelho, existe um antigo retábulo de madeira, no qual se encontra desenhada uma Árvore de Jessé.
Ponte da Ajuda
Esta ponte, também conhecida como Ponte de Nossa Senhora da Ajuda ou Ponte de Olivença, estende-se sobre o rio Guadiana. Atualmente, esta construção encontra-se em ruínas mas, no passado, serviu para ligar Elvas a Olivença.
Foi mandada erguer por Manuel I de Portugal e, ao longo dos anos, fruto das guerras e dos confrontos, foi ficando destruída até, em 1709, na Guerra da Sucessão Espanhola, o exército castelhano ter feito a ponte explodir. Desde então, a ligação entre Elvas e Olivença passou a ser feita por terras espanholas.
A ponte contava 380 metros de comprimento por 5,50 metros de largura, tinha 19 arcos e um torreão no centro, para defesa. Os penedos em que o torreão assentava são, ainda hoje, visíveis.
Embora a ponte permaneça em ruínas até hoje, em 1967, ela foi declarada Monumento de Interesse Nacional pelo Estado Português. Todavia, em 2000, foi inaugurada uma nova ponte, a curta distância da antiga, construída e financiada pelo governo português.