A oniomania refere-se a uma incapacidade de comprar de forma moderada. Esta perturbação foi descrita, pela primeira vez, em 1924, pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin. Comprar sem motivo, acumular objetos e créditos podem ser sinais deste distúrbio.
Quando se deixa de conseguir controlar os impulsos consumistas e tal se torna uma dependência, estamos seguramente perante um caso de oniomania.
No caso dos jovens, por exemplo, esta doença pode manifestar-se pela simples incapacidade de poupar e pela necessidade de gastar todo o dinheiro que tenham.
A oniomania pode surgir, ainda, como um mecanismo de substituição de outro comportamento aditivo.
Oniomania, um distúrbio que precisa de tratamento
A oniomania é uma perturbação psiquiátrica crónica, que se carateriza por um comportamento repetitivo, dificilmente interrompido, e que tem consequências prejudiciais para a saúde e vida do indivíduo.
Neste caso, esta patologia é, também, vulgarmente conhecida por Compras Compulsivas.
Como qualquer outro distúrbio psiquiátrico, também este carece de ajuda especializada e de um plano terapêutico, desenhado por um psiquiatra habilitado.
Contudo, os sinais de alerta por vezes só se começam a manifestar numa fase mais tardia e avançada da doença, quando esta perturbação já “tomou conta” da vida e rotina do paciente.
Sintomas mais frequentes de oniomania
- Comportamento repetitivo.
- Pensamentos constantes e incontroláveis relacionados com consumismo e com o ato de comprar.
- Incapacidade de resistir ao impulso de fazer compras.
- Euforia e ansiedade relativamente ao ato de comprar.
- Discussões frequentes a propósito das compras.
- Mentir acerca dos valores gastos nesta atividade.
- Comprar descontroladamente para compensar estados de ansiedade, depressão, irritação ou solidão.
- Sensação de de desconforto e ansiedade, quando não tem acesso a dinheiro ou a outros meios de pagamento para fazer compras.
- Pensamentos compulsivos sobre dinheiro e consumo.
- Armários com roupa ainda com etiquetas ou sem terem sido estreadas.
- Existência de dívidas ou roubos.
- Ataques de pânico, alucinações ou outras adições.
Pacientes
Calcula-se que haja 6% da população afetada por este distúrbio, sendo que desta percentagem, 92% são mulheres. Os bens mais consumidos por quem sofre desta patologia são roupa, sapatos, jóias e maquilhagem.
Só nos Estados Unidos da América, calcula-se que 5,5% da população sofra de oniomania ao longo da vida. Em Portugal, ainda não há muitos casos reportados, mas acredita-se que esta é uma realidade crescente e ainda um pouco “escondida”.
É também frequente a oniomania manifestar-se a par de outras doenças psiquiátricas, tais como depressão, doença bipolar, ansiedade, dependências, anorexia e bulimia ou outras Perturbações do Controlo dos Impulsos e Perturbações da Personalidade.
Tratamento da oniomania
O acompanhamento psiquiátrico é, desde logo, o primeiro passo a tomar. Depois, poderá ser necessária a intervenção farmacológica com antidepressivos e antagonistas dos opiáceos, assim como a intervenção psicoterapêutica (Terapia Cognitivo-Comportamental) com exposição progressiva ao estímulo e prevenção de respostas.
Além disso, podem ser aconselhadas técnicas como a hipnoterapia cognitiva e a prática de atividade física.
Conclusão
Ao analisar este assunto, é importante ser capaz de diferenciar entre a satisfação de fazer compras e o vício. De acordo com especialistas, ir às compras moderadamente e ficar feliz com isso é normal e saudável.
Comprar algo de que se gosta, por exemplo, é capaz de fazer o nosso corpo libertar endorfinas, as quais promovem uma sensação de bem-estar, equivalente ao prazer de comer ou, mesmo, de ter relações sexuais.
“Ir às compras”, pode mesmo trazer benefícios no que respeita à conexão social, criatividade e relaxamento.
Há, também, medidas que se podem tomar no sentido de evitar atitudes ou comportamentos compulsivos nas compras, tais como fazer listas, analisar o futuro do que compra, evitar lojas com música alta e não prestar atenção aos itens que estão perto das caixas de pagamento, pois potenciam a compra por impulso.