Share the post "Orçamento invertido: o que é e como pode revolucionar o seu bolso"
Se todos os meses olha para o saldo que lhe restou e conclui que, com um pouquinho mais de esforço, talvez tivesse conseguido poupar mais, então o método do orçamento invertido, pode ser a alternativa que procura.
A estratégia do orçamento invertido é uma nova forma de encarar a poupança e a gestão do orçamento mensal. Em vez de nos centrarmos naquilo que precisamos de gastar, isto é, nas despesas, o foco é direcionado para o que precisamos de poupar, tendo em vista um objetivo (ou vários) que devemos perseguir de forma irredutível.
Revolucionária para alguns, difícil para outros, esta abordagem propõe uma mudança de perspectiva no modo como costumamos fazer contas à vida, colocando a poupança no lugar de destaque.
Como funciona o orçamento invertido?
Tal como o nome indica, o orçamento invertido funciona ao contrário das estratégias mais comuns de gestão financeira, isto é, inverte os valores primordiais.
O mais comum, quando fazemos um orçamento, é tirarmos do nosso salário o que precisamos para pagar as contas da casa e as restantes despesas fixas, dividindo o que sobra pelas nossas poupanças e pelos nossos desejos. No caso do orçamento invertido a abordagem é a oposta: primeiro tiramos do salário o montante que queremos poupar, e depois gerimos as despesas com o restante.
Para uma maior eficiência, o orçamento invertido dita que o valor de poupança seja automaticamente posto de parte. O objetivo é que deixe de estar acessível no dia a dia e a salvo de atos irrefletidos.
O orçamento invertido funciona, de resto, por objetivos: decidimos, de início, qual é o objetivo de poupança a atingir e passamos a viver de acordo com ele.
Porque é que o orçamento invertido resulta?
A grande mais-valia do orçamento invertido é que funciona até com as pessoas que costumam ter dificuldade em guardar dinheiro. A explicação é bem simples: ninguém pode gastar o que não tem, certo? E ao tirar do seu salário a fatia da poupança logo no primeiro dia, está naturalmente a limitar o montante disponível para gastos.
O orçamento invertido ajuda por isso à disciplina financeira. Não só porque vai ter de habituar-se a viver com o que tem na carteira, mas também porque terá de fazer escolhas e aprender a dar prioridade aos encargos que são realmente importantes.
Pode custar no início, mas vai notar que, com o tempo, as suas despesas vão diminuindo gradualmente e as suas necessidades vão-se adaptando às suas reais possibilidades financeiras.
Como implementar o orçamento invertido em 3 passos
Um orçamento invertido pode funcionar para atingir praticamente qualquer objetivo que queira. Pode ajudá-lo a poupar para a reforma, para um carro novo ou para as férias. Pode servir para criar um fundo de emergência ou para preparar a universidade dos filhos. Qualquer que seja o propósito, pode ser atingido com a ajuda do orçamento invertido. Para isso bastam três simples passos:
Definir os objetivos e quanto eles “custam”
Primeiro, saiba para que objetivos pretende poupar e quanto dinheiro vai precisar de juntar para atingi-los. A soma dos montantes de todos os objetivos é a sua grande meta.
Defina também um espaço de tempo para lá chegar. Todos os objetivos devem ter um prazo, não só para manter viva a motivação, como para garantir que não caem no esquecimento. Se o seu prazo são 24 meses, divida o valor da meta por 24 para saber quanto terá de poupar por mês.
Agendar a poupança automática
Por uma questão de disciplina, as transferências automáticas são um bom aliado do orçamento invertido, mas pode assumir a responsabilidade de separar a poupança todos os meses, se vir que é capaz.
Se inicialmente tiver dificuldade com esta estratégia orçamental, seja tolerante e paciente consigo próprio: comece por agendar transferências de valores mais baixos e vá subindo gradualmente, para se ir habituando a viver com menos dinheiro disponível.
Escalar a poupança
Uma vez atingidos os primeiros objetivos traçados, está em condições de definir novas metas. Faça do orçamento invertido uma estratégia permanente estabelecendo objetivos a curto, médio e longo-prazo.
Como saber quanto poupar?
Pode acontecer que não tenha objetivos muito claros na sua cabeça como, por exemplo, “poupar para ter um fundo de emergência” ou “poupar para um dia amortizar o crédito habitação”. Se é esse o seu caso e não tem uma referência de valor para poupar todos os meses, então pode recorrer à regra 50-30-20.
Segundo este método, 20% dos rendimentos devem ser sempre reservados para poupanças, 50% para as necessidades do dia a dia e 30% para as compras por desejo e lazer (roupa, acessórios, viagens, entretenimento).
Vantagens do orçamento invertido
O orçamento invertido é mais fácil de implementar e manter do que outros métodos, uma vez que não o obriga a catalogar e registar cada despesa. A única decisão que terá de tomar é quanto dinheiro vai pôr de lado. Com o restante terá primeiro de pagar as despesas fixas para depois, e só depois, poder gastar o que sobrar (se sobrar).
Além disso, ter menos dinheiro disponível para gastar vai deixá-lo sem grandes alternativas a não ser reduzir os gastos por impulso. Se tiver de escolher entre pagar a conta da luz ou comprar um par de sapatos, vai ser fácil ir pela via mais consciente.
Apesar das enormes vantagens, é importante manter presente que os objetivos de poupança traçados devem ser razoáveis, ou seja, não pode definir uma poupança demasiado ambiciosa e ficar sem dinheiro para o resto do mês.
A poupança nunca deve atropelar as suas necessidades básicas, por isso o ideal é começar com um objetivo mais modesto e ir escalando com o passar do tempo.