Assunção Duarte
Assunção Duarte
18 Mai, 2022 - 09:43

Orkut foi reativado e está de volta. Quem por lá andou?

Assunção Duarte

Será possível criar uma rede social que rejeita o discurso de ódio e a desinformação? O criador do velhinho Orkut acha que sim.

Orkut pode estar de regresso

Orkut foi uma rede social disponibilizada pela Google que surgiu em Janeiro de 2004. O nome vem do seu criador, engenheiro de software turco Orkut Büyükkokten, que o desenvolveu no âmbito dos projetos pessoais que a empresa americana incentivava os seus quadros a criar. O objetivo foi o de construir um serviço online capaz de ajudar utilizadores a reencontrar velhos amigos, a conhecer novos amigos e que os conseguisse manter ligados.

Numa altura em que o Yahoo Messenger ainda dominava, o Orkut fez parte do grupo dos pioneiros das redes sociais como o Frienster, o hi5 ou o MySpace. No auge da sua popularidade (2008), já tinha uma comunidade de mais de 300 milhões de pessoas, tendo o Brasil e a Índia sido os países onde mais utilizadores conquistou.

Ainda que com menos popularidade do que nestes países, em 2007, Portugal chegou a ser o sétimo país do mundo com maior número de utilizadores de Orkut. Mas tudo mudou com a popularidade crescente que o Facebook alcançou e, em 2014, a Google tomou a decisão de encerrar o Orkut. 

Orkut: uma rede social menos controlada 

Em Abril deste ano, oito anos depois do seu encerramento, o Orkut parece ter renascido das cinzas. Orkut Büyükkokten, o seu inventor, reativou o site oficial da rede deixando uma mensagem que promete um regresso capaz de restaurar os valores iniciais de uma internet menos controlada e capaz de aumentar o bem-estar dos utilizadores, características que se foram perdendo nas últimas duas décadas.  

Sobre as questões práticas do regresso do Orkut sabemos pouco. Nem quando vai aparecer nem como vai funcionar.  Já sobre as intenções que estão por detrás deste novo projeto, essas ficaram bem claras na mensagem que o programador deixou na primeira página do site oficial agora restaurada:

“As nossas ferramentas online existem para nos servir, não para nos dividir. Elas devem proteger os nossos dados, não vendê-los. Elas devem dar-nos esperança, não medo e ansiedade. A melhor rede social é aquela que enriquece a sua vida, mas não a manipula”, adiantou.

Poderá “salvar” a internet?

Para muitos não é coincidência a reabertura do site oficial do Orkut, com esta carta de intenções tão explicita, e as polémicas em torno da compra do Twitter pelo miliário Ellon Musk ou do Facebook com o seu Metaverso. Cada vez mais a face negra dos algoritmos das redes sociais e dos interesses económicos que os controlam chegam ao conhecimento do grande público. 

Mas Orkut Büyükkokten demonstra querer ir mais longe ao falar da sua vontade em contribuir para mudar a própria forma como os utilizadores pensam as redes sociais e se relacionam com elas. A sua mensagem também é direcionada para eles: “Trabalhamos muito para tornar o orkut.com uma comunidade onde o ódio e a desinformação não fossem tolerados. Trabalhamos muito para tornar o orkut.com uma comunidade onde você pudesse conhecer pessoas reais que compartilhavam seus interesses, não apenas pessoas que gostam e comentam as suas fotos.”

Agora é esperar para ver se o Orkut vai ser a primeira rede social que consegue escapar à tirania dos algoritmos de propósito comercial, capaz de incentivar utilizadores a não ter receio de agir de acordo com o seu verdadeiro eu ou em criar ligações genuínas, online e offline. Aguardamos com expectativa novidades até porque uma rede social que rejeita o discurso do ódio e a desinformação será mesmo muito bem vinda.

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