A pandemia tem tido um impacto negativo no orçamento de muitas famílias e são cada vez mais aquelas que começam a ter dificuldades em cumprir com as despesas fixas habituais. A conta da luz é uma das mais comuns.
Depois de terem sido suspensos durante o período de emergência, os cortes de energia por falta de pagamento voltam a ser retomados em breve.
Por isso, se já tem alguma fatura em atraso, ou prevê dificuldades no pagamento das próximas, contacte o seu fornecedor de energia e peça para pagar a luz e gás em prestações.
Medidas de apoio que vigoraram durante o estado de emergência
Os dias de confinamento fizeram subir os consumos de eletricidade e gás e, com eles, o valor da fatura no fim do mês. Adicionalmente, muitos foram os portugueses que se viram sem emprego ou em situação de lay-off, ficando, de um momento para o outro, sem parte dos seus rendimentos.
Atendendo à situação vivida no país, a Entidade Reguladora dos Serviços de Energia (ERSE) fixou um conjunto de regras excecionais para evitar a interrupção de fornecimento de energia, que vigoraram durante o período de emergência.
Prevendo possíveis dificuldades no cumprimento das contas por parte dos consumidores, as medidas previam o alargamento por 30 dias do prazo de pré-aviso de interrupção de fornecimento para os clientes domésticos (a somar aos 20 que já eram obrigatórios) e ainda a possibilidade de planos de pagamento em prestações.
Além disso, a Assembleia da República aprovou uma lei temporária que impedia as empresas fornecedoras de proceder ao corte de serviços essenciais durante o estado de emergência e nos 30 dias seguintes.
Terminado esse período de exceção, estas medidas perdem efeito e os cortes por falta de pagamento podem ser retomados a 2 de junho.
EDP só começa a cortar fornecimento a partir de 1 de julho
A EDP Comercial, que é o maior comercializador de eletricidade em mercado livre, já fez saber que vai começar a contactar os consumidores com faturas em atraso, mas só voltará a proceder aos cortes de fornecimento por falta de pagamento a partir do dia 1 de julho.
Na prática, o que acontecia durante o estado de emergência é que, mesmo que as famílias deixassem de pagar as faturas, a EDP não suspendia o fornecimento de luz nem de gás. A partir de julho, o caso muda de figura.
Esta notícia é particularmente preocupante para os clientes que, durante aqueles meses, deixaram de pagar a luz: agora têm todas as faturas acumuladas para pagar e, se não as regularizarem, arriscam ficar sem fornecimento.
Em declarações à Lusa, a CEO da EDP Comercial, Vera Pinto Pereira, garantiu, no entanto, que o período de pré-aviso de corte se manterá nos 50 dias.
Durante esse período, os clientes terão a possibilidade de pagar ou pedir a flexibilização do pagamento das faturas em atraso, nas mesmas condições que vigoraram durante o estado de emergência.
Como pedir para pagar as faturas em prestações
Não precisa de esperar pelo pré-aviso de corte do fornecimento para pedir uma ajuda à EDP. Pode, a qualquer momento, ligar para o 808 53 53 53 (dias úteis, das 8h às 20h) e submeter um pedido de flexibilidade de pagamento das faturas pendentes.
O seu processo será analisado individualmente e a EDP comunicará a autorização (ou não) do pagamento em prestações.
Condições de pagamento da conta da luz em prestações
A modalidade de pagamento flexível da EDP permite aos clientes saldarem as dívidas em seis a 12 prestações mensais, sem juros, tal como havia acontecido durante o estado de emergência.
A empresa não detalha os requisitos necessários para que um pedido de pagamento faseado seja aceite, mas, segundo Vera Pinto Pereira, “todos os acordos [de flexibilização de pagamento] que foram solicitados foram aceites e implementados”.
O que fazer se tiver contas em atraso
É natural que, quando as famílias perdem rendimentos e aumentam a despesa, haja mais contas em atraso além da fatura da luz. Se é o seu caso, está na hora de resolver a questão.
Além da modalidade de pagamento flexível da luz e do gás, procure descobrir se também outros serviços lhe permitem aliviar a despesa temporariamente – telecomunicações, condomínio e outros serviços permanentes.
Se paga crédito habitação, procure o seu banco: todos oferecem moratórias de crédito por conta da pandemia.
Lembre-se também de suspender todos os serviços não essenciais, mesmo que já não esteja a usufruir deles, como acontece por exemplo com os ginásios. É certo que maioria não está a cobrar mensalidades por agora, mas vai retomar o débito direto assim que abrir portas e esse pagamento pode aparecer de surpresa para os que já se esqueceram que o tinham.
O que não fazer se tiver contas em atraso
A primeira coisa que deve ter em consideração é que nunca deve permitir que o cumprimento se arraste. Tome uma atitude logo que perceber que vai ter dificuldade em pagar as contas – as empresas são sempre mais tolerantes com quem procura ajuda o mais cedo possível do que com quem deixa as contas acumularem.
Fuja também dos créditos. Pedir créditos para pagar dívidas é o pior que pode fazer, porque só está a aumentar essa dívida ainda mais. Até pode suspirar de alívio porque pagou a despesa hoje, mas amanhã vai ter uma conta ainda mais alta para saldar. Não é uma estratégia sustentável no longo prazo.
Finalmente, evite deixar que os fornecedores lhe cortem serviços. Acredite que, por muito que lhe fira o orgulho, é melhor pedir à EDP para pagar a fatura em prestações do que deixar que o serviço seja cortado e depois pagar para tê-lo reativado.
Lembre-se que, por muito mau que lhe pareça o cenário, não está sozinho. Sobretudo nesta fase, há muitos portugueses a viver situações financeiras complicadas e o Estado, bem como muitas empresas, está sensível a essas dificuldades. Mantenha-se atento às ajudas disponíveis e aproveite todas as que puderem minimizar o impacto da pandemia no seu orçamento familiar.