Os pagers foram dos primeiros gadgets de comunicação móvel portátil que atraíram utilizadores um pouco por todo o mundo no final do século passado, especialmente os que queriam estar contactáveis a qualquer hora do dia e em qualquer local.
Com a chegada dos telemóveis e posteriormente dos smartphones, os pagers perderam a sua popularidade e acabaram por ser descontinuados globalmente, inclusive em Portugal.
A sua morte foi declarada no início deste século, mas a verdade é que nalguns países, especialmente nos EUA e no Reino Unido, eles ainda continuam a ser muito utilizados nomeadamente na área da saúde como meio de contacto entre profissionais de saúde e onde se revelaram cruciais na resposta à recente pandemia de Covid 19.
Mas não é só na área da saúde que os pagers continuam a dar cartas. Para o mundo empresarial, especialmente em situações onde equipas numerosas têm de estar a postos para responder a situações de emergência, esta ainda pode ser uma das tecnologias de comunicação mais confiáveis e baratas com que as estas equipas podem contar.
Pagers: o que são e como funcionam
Os pagers são recetores de sinais de rádio que funcionam com uma bateria (pilha do tipo AAA) e cujo pequeno tamanho permite que sejam facilmente transportado num bolso. Este aparelho emite um bipe ou vibra sempre que alguém quer comunicar com o seu proprietário.
Como os primeiros pagers não possuíam ecrã, o dono do pager teria de ser capaz de interpretar o significado desse bipe ou vibração. Por exemplo poderia querer dizer “ligue para o escritório com urgência” ou “vem para casa já”.
Os pagers de segunda geração já incluíam um pequeno ecrã que passou a exibir números, símbolos e por fim letras. Havia modelos unidirecionais, que apenas serviam de recetor, e modelos bidirecionais, a partir dos quais também se poderia enviar mensagens.
As mensagens tinham de ser bem curtas, do género telegráfico, e foram os primeiros antecessores dos atuais sms.
A cada pager era atribuído um código pessoal, que o proprietário partilhava com quem achasse necessário, como se fosse um número de telefone. Sempre que alguém lhe quisesse enviar uma mensagem, essa pessoa teria de digitar esse código (ou dizê-lo oralmente via telefone) antes de digitar ou dizer a mensagem que queria enviar.
Depois, uma central telefónica ou um escritório de transmissão enviava imediatamente essa mensagem como uma transmissão de rádio para o destinatário, acusando o dia e a hora do envio.
Comunicação de curta ou longa distância
A capacidade de comunicação entre pager e central de transmissão poderia ser limitada a uma área específica (como um hospital ou uma cidade), recorrendo a um transmissor de baixa potência.
Mas também podia ser mais abrangente, como por exemplo ao território nacional, tendo assim de recorrer a uma rede de antenas de longa distância. Esta forma de comunicar via sinal de rádio, poderá hoje parecer quase obsoleta face às facilidades de comunicação dos atuais dispositivos moveis. Mas olhando com mais atenção para esta tecnologia, chegamos à conclusão que ela não é assim tão antiquada ou do passado.
Hoje o pager pode ser um considerado uma ferramenta complementar de comunicação que acrescenta funcionalidades interessantes ao arsenal de opções de comunicação móvel a que temos atualmente acesso.
O pager não é nem nunca poderá ser um substituto para o telemóvel, mas é uma forma de comunicação de backup complementar muito eficaz, especialmente nas circunstâncias onde os telemóveis não conseguem garantir o melhor desempenho dessa comunicação.
Pagers: fiabilidade, privacidade e segurança a baixo custo
Fugir ao congestionamento das redes
Os pagers não utilizam as mesmas redes móveis que os telemóveis, o que quer dizer que se houver algum tipo de emergência que desative as redes dos smartphones, os pagers podem continuar a funcionar.
Em locais onde a cobertura pode falhar ou por terem grandes aglomerados de pessoas (concertos, passagens de ano, desastres, etc.), os sinais de rádio também podem ser mais fiáveis.
A duração da sua bateria é outro ponto a seu favor. Uma pilha pode durar para um mês o que suplanta claramente as baterias dos telemóveis em situação de emergência.
Privacidade assegurada
O facto dos pagers não serem tão facilmente rastreados (sem GPS ou Bluetooth), torna-os uma opção para quem quer continuar em rede sem estar propriamente em rede.
Assim, pode desligar o seu telemóvel nas férias ou à noite, mas manter o pager ligado para as emergências. Sabe assim que apenas receberá mesmo as mensagens importantes.
É também uma forma de evitar as chamadas “robot calls” (chamadas automáticas) de operadoras ou outras, já que o código de cada aparelho não é divulgado nem partilhados pelas vulgares bases de dados.
No meio de tantas notificações como as que hoje nos chegam aos telemóveis, ter um pager para as chamadas emergências pode ser um simplificador de vida.
Facilita o envio de mensagens urgentes
O pager é um facilitador para quem recebe, mas também para quem envia as mensagens urgentes.
Se for um gestor de uma equipa numerosa a braços com uma emergência, pode ser bem mais fácil contactar a equipa toda em poucos segundos com uma mensagem enviada para todos os pagers, do que ter de enviar mensagens ou emails individuais.
Já para não falar que dentro de uma empresa, especialmente se tiver muitos empregados, os telemóveis podem significar uma parcela significativa do orçamento das comunicações e os pagers não.
Segurança sobre a privacidade dos dados
Os telemóveis estão cada vez mais a ser associados à espionagem eletrónica e ao facto de serem um “agente infiltrado” que trazemos no nosso bolso.
O caso recente do Tiktok que foi proibido nos telemóveis de empregados governamentais nos EUA e em alguns países da União Europeia é um bom exemplo disso.
Para os edifícios ou instalações de alta segurança, que precisam proteger a propriedade intelectual do seu negócio ou das suas conversas, é cada vez mais frequente optar-se por deixar o telemóvel no lado de fora da porta, penalizando a eficácia da comunicação interna. Nestes locais o pager continua a ser rei e senhor para a comunicação móvel.