Luísa Santos
Luísa Santos
30 Set, 2020 - 15:13

Palácio de Mafra: memorial de um convento inigualável

Luísa Santos

O Palácio de Mafra foi reconhecido pela UNESCO como Património Mundial. Descubra os segredos, a biblioteca e tudo o que tem de saber sobre o edifício.

Vista do Palácio de Mafra

Façamos justiça: este é mais do que um edifício histórico. O Palácio de Mafra foi classificado como Património Mundial da UNESCO, recolhendo o reconhecimento internacional para um monumento ímpar.

Saído da demencial vontade de um rei, o Palácio de Mafra é povoado por mitos e lendas que, em muitos casos, entraram diretamente para o imaginário nacional. Mas, acima de tudo, é uma obra prima absoluta e que merece uma visita cuidada.

Palácio de Mafra: os séculos de uma vida histórica

palácio de mafra

Fruto de uma promessa, o Palácio de Mafra começou a ser construído em 1717 pela mão do Rei D. João V e mantém-se até hoje uma das obras mais históricas em Portugal. Em resultado dessa história, e de tudo aquilo que encerra, foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como Património Mundial.

É verdade que a candidatura foi feita há 10 anos e que, segundo o Presidente da Câmara de Mafra, “peca por tardia”, mas o reconhecimento já é uma realidade e uma justificação suficiente para conhecer melhor um dos monumentos portugueses mais importantes da história.

Uma história atual

É costume ouvir-se que Mafra é o esplendor do Barroco, e tudo graças ao seu imponente Palácio. Falamos de um monumento que, em si, encerra séculos de arquitetura, escultura, pintura, música, livros, têxteis e um sem fim de icónicos momentos da nossa história.

O Palácio de Mafra é também um Convento, uma Basílica e uma Tapada, o que torna este monumento único e incomparável de tão completo ser. Por iniciativa do rei D. João V, o Palácio foi construído em resultado de uma promessa que esse tinha feito caso tivesse descendência da sua mulher, a rainha D. Maria Ana de Áustria.

A 17 de novembro de 1717 começaram os trabalhos de um edifício que, no seu todo, ocupa quase 4 hectares de área, tem 1200 divisões e quase 30 pátios e saguões. A sua história é tal que inspirou obras literárias, como é o caso do “Memorial do Convento”, de José Saramago.

O arquiteto da obra, Johann Friedrich Ludwig, alterou os planos iniciais (que passavam por “dar casa” a 13 frades Franciscanos) e não olhou a despesas – tudo graças ao ouro que, na altura, chegara do Brasil. Rapidamente foram envolvidos milhares de trabalhadores e, de 13, foram 300 os frades albergados no Palácio.

palácio de mafra

Uma biblioteca com mais de 36000 volumes

É um dos ex-líbris do país e das bibliotecas portuguesas mais importantes. A sua imponência é notória e avassaladora para quem visita, para não falar do conteúdo valioso que guarda nas suas prateleiras. Era também conhecida como Casa da Livraria e situa-se no 4º piso (ala nascente) do Palácio de Mafra.

A importância da sua coleção é tanta que, em 1754, uma Bula concedida pelo Papa Bento XIV, “para além de proibir sob pena de excomunhão, o desvio ou empréstimo de obras impressas ou manuscritas sem licença do Rei de Portugal, concede-lhe autorização para incluir no seu acervo os livros proibidos pelo Index”.

Na verdade, a consulta de livros e manuscritos presentes na Biblioteca do Palácio de Mafra é gratuita para investigadores, historiadores e estudantes (nacionais ou estrangeiros), mas há uma série de regras a cumprir para que o estado de conservação dos volumes não fique comprometido.

Como e quando visitar

A visita ao Palácio de Mafra deve ser antecipadamente planeada, face à quantidade de espaços que se podem conhecer – e a verdade é que os horários também variam consoante as partes do monumento que se pretende visitar. O Palácio está encerrado às terças, mas a abertura ao público acontece nos restantes dias das 9h30 às 17h30 (sendo que a última entrada é às 16h45) – contudo, o Núcleo de Arte Sacra e Enfermaria encerra das 13h00 às 14h00.

A Biblioteca, por sua vez, pode ser visitada 2ªs, 4ªs, 5ªs e 6ªs feiras, das 9h30 às 13h30 e das 14h00 às 16h00. No entanto, aqueles que queiram visitar a mesma para consultar os seus textos, têm de o fazer via marcação prévia.

Preço

Quanto ao preço dos bilhetes, o custo varia de caso para caso:

  • Visita ao Palácio, Biblioteca, Arte Sacra e Núcleo Conventual: 6€ por pessoa;
  • Visita aos terraços: 5€ por pessoa.

A entrada é gratuita para quem visitar o monumento aos domingos e feriados até às 14h00, e também para crianças até aos 12 anos. Os visitantes que comprovem que o fazem em contexto académico, pagam apenas 1€ para terem acesso ao edifício e também existem casos que podem usufruir de 50% de desconto:

  • Visitantes com 65 anos ou mais;
  • Jovens com cartão de estudante atualizado (quando não enquadrado em visita de estudo);
  • Detentores de Cartão Jovem;
  • Bilhete de família (1 adulto e 2 ou mais crianças, menores de 18 anos);
  • Famílias numerosas.

As visitas guiadas têm um custo acrescido e devem ser sempre marcadas previamente. Qualquer um dos bilhetes pode ser adquirido diretamente no Palácio.

O que visitar em Mafra

palácio de mafra

Depois de se certificar que visita o Palácio de Mafra, bem como a sua Biblioteca e Tapada, não se fique por aí, até porque essa vila tem muito mais para oferecer. Deixamos-lhe, por isso, algumas sugestões daquilo que pode ver para completar o seu roteiro.

Aldeia José Franco

Também conhecida como Aldeia-Museu José Franco, Aldeia Típica José Franco, Aldeia Típica do Sobreiro ou Aldeia Saloia. Muitos nomes, mas uma só localidade que se encontra entre a Ericeira e Mafra, cheia de histórias para contar.

Forte de Milreu

Situado na Ericeira, concelho de Mafra, este é o último dos fortes erguidos aquando da Restauração da Independência portuguesa.

Para quem quiser conhecer mais da história desta icónica atriz portuguesa, este é um museu a não perder.

Veja também