Share the post "O papel dos professores na pandemia: desafios do ensino à distância"
Sem dúvida que o novo coronavírus mudou a vida escolar, trazendo novos desafios ao papel dos professores na pandemia. As medidas de isolamento social fecharam escolas, trazendo o ensino à distância para milhares de alunos. Escolas, professores, alunos e encarregados de educação tiveram que adaptar-se a esta modalidade de ensino.
Portugal entrou agora na segunda fase de desconfinamento, abrindo creches e escolas com os alunos do 11.º e 12.º anos a voltar às aulas presenciais para as disciplinas com exames. No entanto, mantém-se o ensino à distância para os outros anos.
Apesar da diminuição das medidas restritivas, não podemos esquecer as dificuldades e as adaptações pelas quais os professores tiveram e têm que passar para continuar a exercer a sua atividade com sucesso junto dos seus alunos, ainda que à distância.
A pandemia da COVID-19 ditou o encerramento das escolas, situação esta que se revelou particularmente exigente para professores (e alunos, claro) que se viram a braços com uma nova realidade, tiveram que desenvolver e aperfeiçoar competências para o ensino à distância, desde ferramentas digitais a estratégias de ensino para chegar a todos os alunos.
No meio deste alvoroço profissional, os professores tiveram (e têm) também que gerir a sua resposta emocional e equilibrar o teletrabalho com a vida familiar.
Sobre estas questões em relação ao papel dos professores na pandemia, a Ordem dos Psicólogos emitiu uma série de recomendações dirigidas a professores e educadores de infância.
O papel dos professores na pandemia: comunicação, gestão pedagógica e autocuidado
A Ordem dos Psicólogos dividiu as recomendações por três tópicos, a saber:
- Relação e comunicação com alunos e educadores
- Gestão Pedagógica
- Autocuidado dos professores e educadores
Relação e comunicação com alunos e educadores
A comunicação com os alunos é um dos maiores desafios ao papel dos professores na pandemia. Esta relação de cooperação, respeito e crescimento é fundamental para o processo de aprendizagem, sendo agora, neste período mais exigente, de maior relevância.
É importante que a pandemia e o isolamento sejam enquadrados e explicados aos alunos, desmistificando ideias erradas e esclarecendo dúvidas sobre a pandemia da COVID-19 sempre que necessário porque
“as crianças e jovens precisam de tempo e repetição para integrarem a informação e se sentirem seguras”.
É recomendado que seja transmitido aos alunos que é normal ter reações emocionais, promovendo a identificação, expressão e exteriorização dos sentimentos negativos.
“Informe-os de que é natural sentir medo, estar triste ou ficar nervoso ou assustado. Lembre-lhes que as situações de stresse vão e vêm e que tudo tenderá a passar, embora ainda não saibamos quando.”
Estar atento às mudanças de comportamento, propor exercícios de relaxamento e criar uma canal de comunicação com os encarregados de educação são, entre outras, mais algumas das recomendações para este tópico.
Gestão Pedagógica
Estas recomendações servem de orientação e apoio para o desenvolvimento de competências para o ensino à distância.
É aconselhado o investimento na literacia digital e não ter receio de pedir ajuda a colegas mais familiarizados com programas informáticos e outras metodologias de apoio ao ensino à distância. A partilha de experiências e conhecimentos entre colegas que estão a lidar com o mesmo desafio é importante para que todos possam desenvolver mais e melhores respostas neste período de exceção.
O foco deve ser mantido nas estratégias para as aprendizagens essenciais, sendo dada prioridade à saúde psicológica dos alunos
São ainda dadas recomendações sobre a adaptação de estratégias pedagógicas às características dos alunos, monitorização das aprendizagens, medidas de inclusão e implementação de uma cultura de feedback.
Autocuidado dos professores e educadores
O momento é difícil e a Ordem dos Psicólogos aconselha aos professores que pensem na sua missão e recordem “os motivos pelos quais se tornou professor”, apelando às caraterísticas individuais enquanto educador, e “no que os alunos gostam em si e no que torna as suas aulas especiais”. A abordagem pedagógica deve ser planeada a partir destas reflexões.
Tal como deve ser relembrado aos alunos, os professores também devem tranquilizar-se por saber que é natural sentir ansiedade, medo, frustração, culpa, exaustão ou incapacidade. A situação é nova para todos e os desafios são imensos.
Concentrar-se na resolução dos problemas do presente e não pensar no que era e no que podia ser. Esta é uma forma de lidar com a ansiedade. Recorrer ao humor para manter a saúde psicológica, bem como reconhecer e valorizar os aspetos positivos, pode igualmente resultar.
É importante que os professores e educadores cuidem de si para poderem ensinar os seus. Exercícios de relaxamento, prática de atividade física, alimentação saudável, sono regularizado são algumas dicas importantes nesta vertente.
Outro conselho apontado é para que sejam estabelecidos limites entre escola e casa para conseguir o equilíbrio entre a vida familiar e a vida profissional.
Por fim, é deixada uma mensagem sobre a importância para o bem coletivo do papel dos professores na pandemia.