Todos conhecemos o Paracetamol, um dos medicamentos mais consumidos no mundo para aliviar a dor. Para que consigamos ter uma noção mais aproximada da realidade, há inclusivamente estimativas que indicam para vendas de 49 mil toneladas do medicamento por ano só nos Estados Unidos.
Ou seja, isto significa que estamos a falar em 298 comprimidos por cidadão a cada 12 meses. Por outro lado, e aqui bem mais perto, no Reino Unido a média corresponde a 70 unidades por pessoa durante exatamente o mesmo período.
Estes são números assustadores e que exigem bastante preocupação quer parte dos investigadores, como dos médicos e profissionais de saúde e ainda pela sociedade em geral que deve, de algum modo, repensar a forma como consome o Paracetamol. Sobretudo quando se trata da maior causa de falência do fígado.
Paracetamol: um dos medicamentos mais consumidos em todo o mundo
Quantas foram as vezes que decidiu autonomamente tomar um Paracetamol porque lhe doía a cabeça? Ou quantas foram as vezes que algum colega de trabalho lhe pediu um destes comprimidos para aliviar a dor?
Na verdade, se refletirmos bem sobre o assunto, rapidamente percebemos a facilidade com que o Paracetamol é consumido na sociedade em geral. E o facto de ser um medicamento não sujeito a receita médica, faz com que qualquer pessoa o possa comprar quando quiser.
É um dos medicamentos mais consumidos no mundo inteiro. No entanto, o Paracetamol não tem a sua eficácia totalmente comprovada e não existem dados concretos de como funciona o seu mecanismo de ação no organismo.
Para além disso, quando administrado para alguns tipos de dores como por exemplo a lombar, os efeitos não têm nenhum efeito terapêutico. Por isso mesmo, é importante percebermos que estamos perante um medicamento que deve ser tomado de forma controlada e indicada pelo médico sempre que possível.
Overdose e falência do fígado: um problema mundial
O Paracetamol é consumido de forma indiscriminada, sobretudo pelos americanos. Mas o resto dos países não ficam de fora nesta equação: o medicamento é conhecido e consumido pelo mundo inteiro de forma livre.
Para os especialistas há algo bastante claro a reter relativamente ao consumo desmesurado: o risco de overdose, uma vez que o medicamento é a principal causa de falência do fígado em países como os Estados Unidos da América e Reino Unido.
A Food and Drug Administration (FDA), estima que o Paracetamol esteja presente na fórmula de mais de 600 produtos farmacêuticos diferentes – algo que acaba por dificultar ainda mais o seu rastreamento e malefícios para a saúde.
Existem, inclusivamente, estudos americanos que comprovam que as overdoses de Paracetamol entre 1998 e 2003, foram as principal causa de falência hepática.
E o mais chocante no meio desta situação é o facto de em 48% dos casos, a overdose ter sido acidental, uma vez que as vítimas não sabiam que tinham ultrapassado o limite diário de apenas 4 gramas por dia para adultos.
Mas como se dá exatamente a falência do fígado?
Pode parecer estranho associarmos o Paracetamol a overdoses e a falência do fígado. No entanto, esta é a realidade em muitos países e é importante compreendermos como é que o fígado deixa de funcionar por completo.
O fígado é o órgão responsável por ajudar na digestão com a produção da bile, armazenar e produzir diversas substâncias cruciais para o organismo e ainda de filtrar substâncias tóxicas e microrganismos prejudiciais. Quando ingerimos o comprimido, este órgão vital consegue então metabolizá-lo até uma determinada quantidade.
O que significa que, cerca de 5% do medicamento transforma-se em quinoneimina – uma substância tóxica para o nosso corpo. E quando essa substância se produz a mais no corpo, o órgão deixa de funcionar e acaba por gerar um quadro de falência hepática aguda.
Um consumo moderado e consciente pode evitar graves situações
Ou seja, o risco de morte pelo consumo excessivo de Paracetamol está efetivamente relacionado com a sua toma em exagero e descontrolada. Por outro lado, quando consumido em pequenas quantidades, o fígado consegue neutralizar esse perigo.
Assim, o ideal será sempre fazer a toma deste medicamento de forma consciente e informada. Ainda que possamos pensar que a automedicação pode ser comum na sociedade, sobretudo quando falamos de medicamentos de venda livre, é necessário compreendermos mais acerca do que sentimos e dos próprios comprimidos que tomamos.
Muitas vezes, podemos até pensar que o Paracetamol é o mais indicado para nos aliviar a dor na região lombar. E sem querer tomamos um medicamento para nada – já que não é indicado para esse tipo de dores.
Sabemos que nem sempre é possível e que muitas vezes acabamos por facilitar. No entanto, é crucial que se informe com o seu médico sobre a dosagem e indicações do Paracetamol e outros analgésicos que possa ter em casa.