O nascimento dos filhos é um dos momentos mais marcantes para qualquer mãe e pai. Se a gravidez decorrer sem problemas e for feito todo o acompanhamento médico durante o período de gestação, o parto normal é, à partida, a opção escolhida para o nascimento da criança.
Ainda assim, o número de cesarianas em Portugal tem vindo a aumentar nos últimos anos: de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2014, nos hospitais públicos, 28% dos partos foram feitos por cesariana. Ou seja, um terço dos bebés portugueses nasce através desta intervenção cirúrgica, um número que preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS), que diz que apenas 10% a 15% dos partos deverá ser por cesariana.
Ainda de acordo com dados da OMS, Portugal é o terceiro país europeu com a taxa de cesarianas mais elevada (o pódio é completado com a Hungria e a Itália).
O que é o parto normal?
De acordo com a OMS, “o parto normal é o parto de início espontâneo, de baixo risco no início, mantendo-se assim até ao nascimento. A criança nasce espontaneamente, em apresentação cefálica de vértice, entre as 37 e as 42 semanas completas de gravidez”.
O parto normal pode ser:
- Assistido: o nascimento é espontâneo, assistido por um profissional de saúde, mas não envolve qualquer intervenção. Ainda assim, existem algumas situações médicas que necessitam de ser intervencionadas ao longo do parto normal e que podem ser incluídas nesta categoria, é o caso da monitorização fetal, do controlo da dor através de medicamentos e a episiotomia (corte entre vagina e o ânus para facilitar o nascimento);
- Não assistido: são os nascimentos espontâneos que ocorrem sem a presença de um profissional de saúde que possa acompanhar todo o processo.
Pode ser administrada a epidural no parto normal?
Em alguns casos que justifiquem, os médicos especialistas pode utilizar uma anestesia epidural durante um parto normal.
Ainda assim, a epidural nunca é administrada antes dos 4 cm de dilatação. Esta anestesia é aplicada na lombar através de um cateter. Esta é uma técnica não-dolorosa: a mulher sente apenas uma ligeira picada. A sensação de dor desaparece passados 10 a 15 minutos da primeira aplicação.
O parto normal passo-a-passo
O parto normal está dividido em três fases:
1. Fase latente ou de dilatação
Pode demorar entre as 12 horas e as 48 horas para as mães de “primeira viagem” ou 5 horas a 14 horas para quem já teve filhos anteriormente. Esta fase está divida em três sub-fases:
- Latente: diz respeito ao início das contrações. Começam as leves, com intervalos de 10 a 15 minutos e com duração de 10 a 20 segundos;
- Ativa: quando são atingidos os 4 cm de dilatação já pode ser administrada a epidural para controlar a dor. É nesta altura que a mulher é transferida para a sala de partos. A frequência das contrações aumenta para intervalos de cinco minutos;
- Transição: já são atingidos os 8 cm de dilatação (podem chegar aos 10 cm de dilatação) e já se sente a vontade fazer força;
2. Fase de expulsão
Falamos do nascimento do bebé. Este período varia consoante o ritmo de dilatação.
3. Fase da expulsão da placenta
Nesta última fase, o médico massaja e pressiona o baixo ventre para expulsar a placenta. É um processo que poderá demorar entre 15 a 30 minutos. Nos casos em que é feita uma episiotomia, o corte é suturado.
Vou ter gémeos: posso ter um parto normal?
A verdade é que a grande maioria dos partos gemeleares é feito através de cesariana. Ainda assim, há casos em que o parto normal é uma opção segura.
As mulheres que já tenham feito uma cesariana antes de engravidarem de gémeos não podem recorrer ao parto normal. Mas existem outras contraindicações ao parto normal quando falamos de gémeos: se os fetos partilham o mesmo saco amniótico, se o primeiro feto não está de cabeça virada para baixo (posição natural para o parto sem complicações) ou se existem mais de dois fetos.
Vantagens do parto normal
Existem diversas vantagens, a começar logo pelo período de internamento: dois dias nos partos normais, pelo menos três dias nas cesarianas.
A cesariana é uma cirurgia e, por isso, o risco de infeção é maior do que no parto normal. Neste tipo de partos, o útero volta ao tamanho habitual mais rapidamente e é favorecida a produção de leite materno.
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