O Palácio da Pena é, muito provavelmente, a mais reluzente das jóias de Sintra. É uma construção exuberante, a marca que D. Fernando II, rei-consorte da rainha D. Maria II, deixou ao país que adotou como seu.
Historicamente conhece-se ocupação deste lugar desde meados do século XII, já que ali estaria uma capela dedicada a Nossa Senhora da Pena. D. Manuel I tinha planos mais grandiosos e fez construir no local o Real Mosteiro de Nossa Senhora da Pena, que viria a ser entregue à Ordem de São Jerónimo.
Mais tarde, o brutal terramoto que atingiu Lisboa em 1755 arrasou o mosteiro quase por completo, que foi definhando ao abandono completo, nas primeiras décadas do século XIX.
É em 1836 que, mesmo sem o saber, o lugar da Pena começa ganhar uma vida nova. Nesse ano, D. Fernando, príncipe da Casa de Saxe-Coburgo e Gotha casa com a rainha D. Maria II e ruma a Portugal.
Homem de cultura invulgar, dominava sete línguas, sendo ainda um virtuoso na área musical e no desenho. Foi também um grande mecenas das artes, recebendo o epíteto de Rei-Artista. O que é que isto tem a ver com o Palácio da Pena? Já lá vamos.
Palácio da Pena: paixão por Sintra
Pouco tempo depois de chegar a Portugal, D. Fernando apaixonou-se por Sintra (quem nunca?) e comprou, do seu próprio bolso, as ruínas do mosteiros de São Jerónimo e toda a mata envolvente.
A ideia inicial era apenas reformar o espaço para residência de verão da família real, mas o o projeto foi crescendo (sob a direção do barão Wilhelm Ludwig von Eschwege), acabando por adquirir a extravagância arquitectónica que hoje conhecemos.
Na mata foram traçados caminhos sinuosos, rumo a espaços de referência ou fantásticos miradouros, como a Cruz Alta, o Templo das Colunas, a Gruta do Monge ou o Vale dos Lagos. D. Fernando introduziu ainda várias plantas de diferentes origens, dando origem a um conjunto arbóreo praticamente sem paralelo em Portugal.
As famosas camélias asiáticas são um dos melhores exemplos. Após a morte de D. Maria II, o rei-consorte voltaria a casar, desta vez com Elise Hensler, cantora lírica e Condessa d’Elda. Esta união seria assinalada pela construção do Chalet da Condessa d’Elda, em pleno Parque da Pena.
Com o correr dos anos, o Palácio da Pena tornou-se uma das moradias favoritas da realiza nacional. O último rei, D. Manuel II, passava lá grandes temporadas e foi ali que a sua mãe, a rainha. D. Amélia, foi surpreendida com a proclamação da República, a 5 de outubro de 1910. Neste mesmo ano, o palácio foi classificado como Monumento Nacional.
Palácio da Pena: o que ver
Todo o palácio, e a zona envolvente, merecem uma visita demorada e cuidada. Há muitos quartos, gabinetes, cozinhas e recantos que surpreendem sempre o visitante. Longe de ser uma enumeração exaustiva, aqui ficam algumas sugestões de espaços a não perder.
Claustro Manuelino
O acesso dos visitantes aos interiores do Palácio da Pena faz-se pelo percurso reservado à Família Real até 1910, e que corresponde também à entrada dos monges para o mosteiro no período anterior a 1834.
D. Fernando II remodelou esta entrada, criando uma escada dupla com lances paralelos, que conduzem ao pequeno claustro manuelino. Este claustro, construído por volta de 1511, mostra bem a pequena dimensão da comunidade de monges que aqui habitou.
Quarto de D. Fernando
É o principal quarto de dormir do Palácio da Pena. Inicialmente, D. Fernando II tinha previsto aposentos para si e para D. Maria II no Torreão no Palácio Novo. Mas a rainha morreu antes de aquela ala estar concluída. O rei viúvo acabou por permanecer no antigo convento, ocupando este quarto com vista para o Castelo dos Mouros.
Mais tarde, D. Fernando, sempre pouco convencional, quebrou um antigo hábito da alta sociedade e partilhou o quarto de dormir com a sua companheira, futura condessa d’Edla, com quem só casaria em 1869.
Terraço da Rainha
Deste terraço tem-se uma vasta vista, desde o oceano, ao fundo, até Lisboa, a nascente. Mesmo em frente, a sul, ergue-se a Cruz Alta no ponto mais elevado da Serra de Sintra, a 528 metros acima do mar.
Para a esquerda pode ver a estátua do Cavaleiro, colocada cenograficamente sobre um penhasco do Parque da Pena. Representa um guerreiro medieval, que parece guardar o Palácio.
Jardim das Camélias
O Jardim das Camélias é outra notável coleção botânica da Pena. Estas espécies, oriundas da China e do Japão, foram aqui introduzidas por D. Fernando II na década de 1840. Desde então, tornaram-se o ex-libris do inverno sintrense, época do ano em que florescem, animando os jardins com cores e formas variadas.
Esta coleção de camélias é a mais importante do Parque da Pena, distinguido pela International Camellia Society em 2014 como Jardim de Camélias de Excelência.
Jardim e Chalet da Condessa d’Edla
Este edifício ao estilo alpino e perfeitamente integrado na natureza foi construído por D. Fernando II e pela sua segunda esposa, Elise Hensler, a Condessa d’Edla, entre 1864 e 1869. O jardim reúne coleções de camélias, rododendros, azáleas e fetos, entre outras.
Sintra: 4 percursos pedestres
Os percursos pedestres em Sintra são uma excelente forma de apreciar e usufruir da natureza e beleza deste município. Os seus trilhos levam os caminhantes pela floresta, conduzindo-os a magníficos monumentos e, claro, a viver uma verdadeira viagem no tempo.
Se costuma caminhar ou, simplesmente, quer ficar a conhecer melhor os muitos encantos deste destino, então experimente fazer os percursos pedestres em Sintra e surpreenda-se e muito com todos os segredos e maravilhas que esta localidade guarda.
Monumentos históricos, uma fauna e uma flora seculares e muitas histórias e mistérios fazem de Sintra um cenário saído de um conto de fadas que continua a atrair e a maravilhar muitos visitantes. Portanto, fazer estes percursos pedestres em Sintra é, certamente, uma sugestão a considerar, certo?
Percurso de Santa Maria
Este percurso pedestre passa por dois dos mais importantes monumentos de Sintra: o Castelo dos Mouros e o Parque e Palácio da Pena. As paisagens são magníficas e a natureza envolvente deslumbrante. Os caminhos são pavimentados e de piso regular, pelo que o trilho é adequado a todas as idades, não precisando de especial preparação física.
- Extensão: 1770 m
- Duração: 1h
- Dificuldade: Fácil
Percurso da Lapa
Este percurso vai dar à entrada principal do Parque da Pena, através de um percurso de floresta com um gradiente suave, com algumas inclinações abruptas de curta extensão e alguns troços com piso de terra batida. É apropriado a todas as idades, embora exija um nível mediano de preparação física. Este é um bom trilho de regresso para quem fez o percurso anterior.
- Extensão: 1450 m
- Duração: 45 min.
- Dificuldade: Moderada
Percurso de Seteais
Este percurso começa no Palácio de Seteais e vai até ao Parque e Palácio da Pena e até ao Castelo dos Mouros, desbravando um caminho por entre a floresta. Percorra parte do Percurso Pedestre PR4, passando por uma das mais belas estradas da serra, retomando depois o trilho com magníficas vistas sobre a encosta da serra. É, sobretudo, indicada para adultos com um bom nível de preparação física, dado o piso irregular com gradiente elevado.
- Extensão: 2410 m
- Duração : 1h30
- Dificuldade: Exigente
Percurso da Vila Sassetti
Este é um percurso alternativo que liga o Centro Histórico de Sintra ao Castelo dos Mouros e ao Palácio e Parque da Pena. O trilho tem início nos jardins da Vila Sassetti, por um caminho sinuoso, mas de piso regular, que passa pela Casa do Caseiro e pelo edifício principal.
Já no exterior da propriedade, o trilho inclui uma passagem pelo Penedo da Amizade e pela Floresta de Loureiro, terminando na Tapada dos Bichos. Nesta etapa, é possível seguir para o Castelo dos Mouros ou para o Palácio e Parque da Pena. É necessário ter um bom nível de preparação física.
- Extensão: 1850 m
- Duração: 45 min.
- Dificuldade: Moderada
CONSELHOS IMPORTANTES
- Permaneça nos trilhos.
- É proibida a circulação de todos os tipos de veículos, incluindo bicicletas.
- Todos os elementos da paisagem estão protegidos por lei. A recolha de plantas, rochas e animais é proibida.
- Em estradas com circulação automóvel, caminhe sempre pela esquerda, de frente para as viaturas.
- As crianças devem ser sempre supervisionadas por adultos.
- É proibido foguear
- Não deite lixo no chão.
- Não fume.
- A água das fontes não é potável.
- Não transporte demasiados bens, mas não deixe de levar água e algo fresco e leve para comer como fruta ou bolachas, por exemplo.
- Use roupa e calçado adequado para uma caminhada, não se esquecendo do chapéu e do protetor solar, sobretudo em dias quentes e de sol.
- Estacione apenas nos locais designados.
NOTA: Em caso de emergência, contacte a linha de emergência 112 ou +351 917 484 831.