Conheça o perfil do turista sénior na Europa, descubra o que procuram e quem são estes idosos de tablet na mão – e que carregam um punhado de curiosidade pelo mundo, enquanto desbravam apps de viagens.
Pode ser que ainda não tenha dado conta, mas quem soma mais idade quer viajar cada vez mais. Os idosos de hoje – e de amanhã – já não são os avós que desfrutam apenas da vida familiar e fazem ponto cruz para passar o tempo. Querem trocar a poltrona da sala pelas poltronas dos aviões, substituir a comida conhecida pelos novos sabores, e não hesitam na altura de ir aos grandes centros do mundo, às praias paradisíacas ou às encantadoras vilas e cidades pitorescas do velho continente.
Turismo Sénior na Europa: um mercado em expansão
Os números do turismo mostram que os “viajantes” aumentaram em quantidade, especialmente depois da II Guerra Mundial. Do mesmo modo, muitas sociedades desenvolvidas, do ponto de vista social e cultural, passaram a apresentar algo em comum: o envelhecimento da população.
No entanto, embora mais velhas, essas pessoas gozam de mais saúde e estabilidade financeira – quando comparadas às gerações anteriores com as mesmas idades. Isso tem contribuído para o crescimento do turismo sénior, que se tornou numa área de crescente interesse para todos os agentes envolvidos no mercado de viagens e hospitalidade.
Não é à toa que as agências de viagens e os hotéis têm criado estratégias para atrair este público. Eles têm sede de conhecimento, estiveram ativos por toda uma vida e têm autonomia financeira para desfrutar do mundo com mais liberdade e menos preocupações. Já não têm um horário para cumprir ou a necessidade de mostrar trabalho excessivo para garantir o emprego, por exemplo. Não têm filhos dependentes e, acima de tudo, têm acesso à tecnologia – e é a partir dela que descobrem que há muito o que conhecer.
Quem é o turista sénior na Europa?
São ativos, têm entre os 55 e os 75 anos, boas condições de saúde e baixos encargos financeiros com empréstimos e dependentes. Viajam, em grande parte das vezes, em grupos e procuram formas de interagir e experienciar a viagem como um todo: querem conhecer os locais, comer bem, hospedar-se com conforto e ter atividades de lazer programadas.
O turista sénior mais jovem define-se como explorador, que procura por novos desafios, são apreciadores do turismo ecológico, gostam de visitar lugares exóticos e valorizam a saúde física – não abrindo mão de uma estadia que inclua atividades ao ar livre ou um ginásio no hotel. Na maior parte dos casos, são gastadores e gostam de planear as viagens ao pormenor, optando pelo melhor serviço, em detrimento dos valores cobrados. Gostam de muita informação e detalhes e são presença constante nos museus e galerias de arte da Europa.
No caso do público sénior idoso, são maioritariamente “seguidores”, ou seja, gostam de seguir um itinerário e depositam toda a confiança numa organização, como hotéis e agências de viagens. Gastam menos e estão atentos às despesas, dando preferência aos destinos domésticos e reservando viagens internacionais uma vez por ano.
Brasileiros na Europa: Portugal é a grande porta de entrada
O público sénior no Brasil, que se estima ser composto por mais de 15 milhões de idosos acima dos 65 anos, movimenta um mercado milionário na Europa. Dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas apontam que este número de pessoas idosas no país pode chegar a 20 milhões até 2020 e a 60 milhões em 2060. Isso pode dar uma pequena ideia de como este público pode movimentar muito dinheiro no turismo europeu – e Portugal atua como porta de entrada e primeiro destino para muitos destes viajantes.
Os Açores na rota do turismo sénior britânico
Entre os dias 9 e 11 de outubro de 2017, há um destino português que vai dar que falar entre os britânicos – e não estamos a falar de “coisa para inglês ver”. Ponta Delgada vai ser palco e anfitriã da “The Travel Convention”, convenção anual de turismo que reúne mais de 500 profissionais do setor e atrai os maiores nomes da atividade turística do Reino Unido. Provavelmente não ouviu falar, mas estamos a falar do congresso da Association of British Travel Agents (ABTA), um dos mais importantes movimentos do setor.
A candidata portuguesa disputou com outros dois destinos europeus e foi escolhida por ser “um lugar extremamente atrativo” e ainda pouco familiar do público britânico. As palavras são de Mark Tanzer, Chefe Executivo da ABTA. Segundo o responsável, “mesmo os que pensam que conhecem os Açores, vão saber que há novos desenvolvimentos emocionantes a acontecer e que vão beneficiar por serem dados a conhecer”.
Esta é uma importante oportunidade a nível nacional. Ponta Delgada tem a chance de acolher 550 “sénior travel executives”, bem como meios de comunicação britânicos, e assim aumentar o turismo internacional na ilha. Recorde-se que este é o principal mercado externo que Portugal tem no turismo.
Em 2016, aumentou em 23% o número de reservas de férias dos ingleses em Portugal e, para 2017, as expetativas são ainda maiores. Grande parte do público que dá corpo a estas estatísticas é sénior e para Mark Tanzer não há dúvidas: “eles afastaram-se do Mediterrâneo Oriental para encontrar destinos do Mediterrâneo Ocidental”.
Turismo sénior para os portugueses: dicas para viajar de forma diferente
Turismo voluntário: missões que trazem novas experiências
Se está à procura de uma forma diferente de ajudar os outros, temos uma dica importante. Que tal sair de fronteiras, conhecer novas culturas e línguas, e praticar voluntariado? Se gosta de aventuras e não abre mão de ser útil e aprender mais, vai gostar de conhecer o Mais Valia, o programa de voluntariado sénior que está a conquistar os portugueses.
Este é um intercâmbio que não foi criado para os mais jovens. A Fundação Calouste Gulbenkian desenvolveu um programa inteiramente dedicado aqueles que já passaram dos 55 anos. Os voluntários têm como destino os países conhecidos como PALOP – localizados em África e que têm o português como idioma oficial. Em média, cada missão dura dois meses.
Treinar inglês durante as férias: um intercâmbio cultural
O programa Education UK, da rede de escolas British Council, reúne várias opções de formações e cursos de especialização para o público sénior jovem que continua a querer investir nos conhecimentos, no aprimoramento cultural e académico, e também quer aproveitar para treinar o inglês na sua terra mãe.
O candidato sénior pode escolher por ter aulas em Inglaterra, na Escócia, na Irlanda do Norte ou no País de Gales. Esta é uma opção ideal para aqueles que querem unir os prazeres do turismo às vantagens do conhecimento, conhecer uma nova cultura e usufruir de umas férias um bocadinho mais longas.
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