Ekonomista
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04 Fev, 2025 - 10:37

Petição exige atendimento humano e ações contra o phishing

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Em causa está o papel das operadoras de telecomunicações e os direitos dos consumidores. Tem a palavra a Assembleia da República.

Homem a aceder à darkweb

Uma petição entregue na Assembleia da República alerta para a degradação da qualidade do atendimento ao cliente por parte das operadoras de telecomunicações e para a falta de responsabilidade destas empresas na proliferação de práticas fraudulentas, como o phishing.

O documento solicita medidas legislativas urgentes para garantir um serviço de apoio mais eficiente e seguro para os consumidores.

Os subscritores da petição denunciam a excessiva automatização do atendimento ao cliente pelas operadoras, dificultando a resolução de problemas e desencorajando os consumidores de exercerem os seus direitos.

Esta prática, segundo os peticionários, não só desumaniza o serviço, como também prejudica o acesso a informações claras e acessíveis.

Dessa forma, é requerida a obrigatoriedade de um atendimento humano direto em todas as empresas que prestam apoio ao cliente, permitindo que os consumidores possam falar com um operador, sem serem forçados a navegar por fluxos automatizados.

A medida pretende garantir conformidade com a Lei de Defesa do Consumidor, que obriga à prestação de informação clara e acessível.

Além disso, os signatários exigem a implementação de um tempo máximo de espera de sete minutos para atendimento humano nas chamadas de apoio ao cliente. Esta proposta encontra respaldo no Decreto-Lei n.º 134/2009, que regula as comunicações eletrónicas e impõe regras de eficácia e acessibilidade.

Facilidade no acesso às reclamações

Outro ponto crucial levantado é a dificuldade em apresentar reclamações junto das operadoras. Muitos consumidores enfrentam entraves ao tentarem registar queixas, sendo obrigados a deslocar-se fisicamente a lojas ou a recorrer a sistemas complexos e pouco intuitivos.

Os peticionários pedem a implementação de canais acessíveis para a submissão de reclamações por via telefónica ou digital, sem a obrigatoriedade de recorrer a lojas físicas.

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Medidas contra o phishing

O documento também denuncia a falta de ação das operadoras de telecomunicações na luta contra as práticas fraudulentas, que se aproveitam dos números e serviços disponibilizados por estas empresas para enganar consumidores.

É solicitada a criação de um serviço dedicado à denúncia de phishing, onde os utilizadores possam reportar números suspeitos.

Caso se comprove o uso fraudulento de um número, as operadoras devem cancelar imediatamente os serviços associados e comunicar a ocorrência às autoridades judiciais.

Além disso, defende-se a obrigatoriedade de identificação fidedigna dos titulares de números de telefone, evitando o uso anónimo destes para fins ilícitos.

Esta medida enquadra-se no Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) e no Código Penal, que prevê a responsabilização por omissão ou facilitação de práticas fraudulentas.

A petição vai ainda mais longe ao exigir a identificação obrigatória dos titulares de domínios de internet, garantindo transparência e impedindo que criminosos se escondam atrás de sites fraudulentos.

Fiscalização e penalização

Para assegurar que estas medidas sejam cumpridas, é proposta a criação de departamentos especializados dentro das entidades reguladoras, responsáveis por fiscalizar e penalizar as empresas que não respeitem as normas.

A petição sublinha que a atual falta de regulamentação e fiscalização eficaz tem permitido que as operadoras priorizem cortes de custos em detrimento da qualidade do serviço e da segurança dos consumidores.

Com esta ação, espera-se que a Assembleia da República promova um debate legislativo urgente, criando um quadro normativo que proteja efetivamente os consumidores, assegure um atendimento de qualidade e combata fraudes de forma eficaz. A proposta aguarda ainda apreciação parlamentar.

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