Share the post "Pílula e antibiótico: incompatíveis ou mito? 6 perguntas e respostas"
Parece já admitida como senso comum a ideia de que se tomarmos a pílula e antibiótico, ao mesmo tempo, cortamos o efeito de proteção contra uma gravidez indesejada. No entanto, será que isto é mesmo assim? O que dizem os médicos sobre este tema?
No passado, esta ideia pré concebida não assentava em estudos científicos com base no teste. Estava vincada, mas só na teoria e associada a relatos pontuais sobre eventuais falhas do contracetivo. Acreditava-se que a toma de antibióticos alterava a flora intestinal da mulher, o que tornava mais difícil a absorção das hormonas ingeridas através da pílula.
No entanto, por mais que fosse observado algum sentido na especulação, era preciso prová-lo.
Estudos mais recentes, com testes científicos realmente efetuados, vêm defender que a combinação pílula e antibiótico, na sua maioria de tipologias, não coloca em causa a eficácia do contracetivo. Ou seja, os seus componentes e a sua toma combinada não são incompatíveis e um não interfere no correto efeito do outro – mas há excessão.
Vamos saber mais.
Pílula e antibiótico: tudo o que quer saber
6 questões com respostas
Que tipos de antibiótico cortam o efeito da pílula?
A rifampicina e a rifabutina são os únicos tipos de antibiótico que se comprovam alterar a eficácia da pílula, pelo que deve utilizar métodos alternativos de proteção caso esteja a tomar estes componentes.
Além deste tipo de antibiótico, e apesar de não haver tantos estudos que o comprovem, aconselha-se a ter precauções adicionais com a amoxicilina, penicilina e tetraciclinas.
Como repor o efeito da pílula?
Se no seu caso tomou um dos tipos de antibióticos referidos acima como podendo alterar a eficácia da pílula, saiba como voltar a repor o efeito da pílula.
Em primeiro lugar, durante a toma do antibiótico, deve sempre utilizar um método contracetivo alternativo (preservativo ou outro).
Em segundo lugar, de acordo com a semana de toma da pílula em que se encontra, os procedimentos são diferentes.
- Se iniciou ou terminou o antibiótico na primeira ou segunda semana da pílula, deve continuar a utilizar também preservativo ou outro método alternativo durante o tempo de tratamento e nos 7 dias seguintes após o mesmo.
- Se iniciou ou terminou o antibiótico na terceira semana da toma da pílula, deve manter a toma da mesma, fazer a habitual pausa, mas entretanto utilizar um método contracetivo adicional até chegar ao 7º comprimido da seguinte carteira de pílulas.
Pílula e antibiótico: quais os tipos que não interferem?
Aqui não são colocados todos os tipos de antibiótico existentes, pois são inúmeros, mas colocámos pelo menos aqueles que são mais vulgarmente prescritos.
Segue, então, a lista de antibióticos que não interferem com a toma da pílula:
- Azitromicina;
- Cefalexina;
- Cefazolina;
- Cefotaxima;
- Claritromicina;
- Clindamicina;
- Ciprofloxacino;
- Doxiciclina;
- Fosfomicina;
- Levofloxacino;
- Metronidazol;
- Minociclina;
- Moxifloxacino;
- Nitrofurantoína;
- Norfloxacino;
- Ofloxacino;
- Trimetoprim-sulfametoxazol.
Pílula do dia seguinte e antibiótico: relação perigosa?
Tal como os antibióticos não interferem com a toma da pílula, também a pílula do dia seguinte é segura quando combinada com a toma do antibiótico.
Pílula e antibiótico: o que esperar após a toma?
Mulheres que tenham utilizado antibióticos podem ter algum atraso menstrual, o que não indica qualquer influência da medicação na toma do contracetivo.
Da mesma forma, pode ser observado um sangramento vaginal de escape ao longo do ciclo em que houve uso de antibióticos. Mais uma vez, este não é um indício de que houve qualquer falha no efeito desejado da pílula.
Estudo realizados com mulheres que apresentaram estas reações demonstraram que não houve maior risco de gravidez de forma não intencional.
Outros medicamentos anti-infecciosos interferem com a pílula?
Outros medicamentos antimicrobianos, como os com ação anti-viral ou antifúngica, também foram estudados pela medicina, no sentido de analisar a sua combinação com a pílula anticoncecional.
Drogas como fluconazol, nistatina, aciclovir, valaciclovir, miconazol, cetoconazol e tantas outras do tipo foram amplamente testadas. O resultado é que não foi encontrada nenhuma evidência que apontasse no sentido da diminuição do efeito da pílula.
As únicas exceções são os anti-retrovirais prescritos no tratamento da SIDA, como Ritonavir, Nevirapine, Nelfinavir, entre outros. Estes medicamentos foram relacionados com a redução da eficácia da pílula.
No entanto, é de salientar que, mulheres portadora do vírus da imunodeficiência humana (VIH) não devem manter relações sexuais sem uso de preservativos – facto que reduz a preocupação dos médicos com a toma das suas medicações em combinação com a pílula.
Pílula e antibiótico: o que reter sobre o uso combinado
Em resumo, nos dias de hoje, nenhum dos órgãos principais de ginecologia e obstetrícia, nem a Organização Mundial de Saúde (OMS), aconselham a utilização de outro tipo de proteção contracetiva que complemente a toma da pílula quando as mulheres necessitam de realizar tratamentos com antibióticos.
A única recomendação no sentido contrário ocorre quando há a toma de rifambutina ou rifampicina, como já referimos. Nestas situações, é necessário complementar com a utilização de uma contracepção alternativa.
No primeiro dia do ciclo seguinte, já sem a toma de antibióticos, estas mulheres podem retornar ao uso do anticoncepcional hormonal – ou seja, a pílula.