Embora pouco conhecida, na gíria popular a expressão “colar o pistão” é sinónimo de que alguém está demasiado concentrado em algo ao ponto de não conseguir deixar de pensar nisso. Também há quem a use para descrever o ato de andar muito depressa ou rápido demais.
Estas expressões têm a sua razão de existir e a sua explicação ajuda a perceber o trabalho e importância do pistão.
O pistão é uma peça em formato cilíndrico absolutamente essencial para o funcionamento do motor, localizada junto de cada um dos cilindros. Mexe-se de baixo para cima, transformando a energia que recebe do processo de combustão em energia mecânica e transferindo-a para a cambota, o que consequentemente fará as rodas andar.
Assim que o combustível explode no interior da câmara de combustível, ocorre a expansão dos gases. Nesse momento o pistão é impulsionado para cima e para baixo, num processo chamado o curso, que funciona a um ritmo interligado com a pressão que coloca no acelerador. É esse movimento de sobe e desce que gera uma força cinética, a qual, através biela, chega à compota e faz o carro movimentar-se.
Na gíria popular, é por ser uma componente que está em constante trabalho que se faz a analogia com o excesso de foco de uma pessoa e o facto de, quando está a trabalhar muito rápido, o efeito visual dar a entender que ele não se move de todo (quando na realidade sobe e desce tão depressa que nem se consegue ver) origina também a comparação com o conduzir a alta velocidade.
Além disso, os pistões possuem anéis que o complementam, sendo responsáveis por vedar os gases e o combustível e outros líquidos e por manter o cilindro lubrificado, mas sem óleo em excesso. De facto, o pistão não costuma ser uma componente que provoque muitos problemas. No entanto, a maior parte dos que existem estão relacionados com os anéis.
Cuidados a não descurar com o pistão
Tendo em que o seu papel é impedir que os gases e o combustível de se infiltrarem nos cilindros, mantendo ao mesmo tempo estes lubrificados, os anéis do pistão são os que mais sofrem o desgaste natural com o tempo. A grande consequência da deterioração dos anéis é o óleo começar a ficar queimado e, portanto, a lubrificação não ser efetuada corretamente.
Para impedir que isso aconteça, recomenda-se que faça revisões com regularidade. No entanto, caso desconfie que está com algum problema nos anéis do pistão recomenda-se que:
- Verifique se a biela do pistão está partida;
- tente perceber se há alguma mancha preta ou se a temperatura é elevada juntos pistão;
- Biela do pistão quebrada, devido ao desgaste do rolamento;
- procura por resíduos de cinza provocados pelo derreter do alumínio;
- veja se o pistão está amassado devido ao contacto indevido com o líquido de refrigeração.
Caso se verifique uma destas situações, aconselha-se obviamente que se dirija a um especialista (uma oficina ou mesmo à marca de origem) para trocar parte ou toda a componente.
Os anéis de pistão têm um custo que começa nas dezenas de euros, mas se optar por material de boa qualidade e quiser renovar toda a componente esse valor subirá acima de 100 euros à vontade.
Relação entre o pistão e a cilindrada
De forma simplificada, a cilindrada de um carro é a volumetria do motor e mede-se em litros ou cm3. Cada litro corresponde a 1.000 cm3. A cilindrada está relacionada com a capacidade do motor.
Hoje em dia, com a capacidade do downsizing (processo de diminuição da volumetria do motor) há carros com 1 litro ou 1.000 cm3 de cilindrada com mais capacidade do que outros, normalmente construídos no antes da era do downsizing, com 1.4 ou 1.6 litros, mas mesmo assim é inegável que quanto maior for a volumetria mais potente será.
Para se medir a volumetria é necessário quantificar a distância do curso, o movimento que cada pistão faz nos cilindros enquanto sobe e desce.
Ao multiplicar a área do pistão pelo curso, obtém-se os litros ou cm3 do motor. Por exemplo, um motor em que cada um dos quatro cilindros tenha 500 ml, significa que no total tem 2 litros ou 2.000 cm3. Ou seja, será essa a sua volumetria.