Já muito se tem escrito sobre o placebo, o medicamento que parece ser real mas que, na verdade, não produz qualquer efeito quando é ingerido. Assim sendo, o placebo é uma cápsula ou comprimido de açúcar que não contém nenhum componente farmacológico ativo e que é administrado a grupos de pessoas que estejam a participar em ensaios clínicos.
Sinais de melhoria com placebo
Muito se tem debatido sobre a utilização do placebo em testes clínicos mas a verdade é que, recentemente, um estudo que envolveu cientistas portugueses demonstrou que mesmo quando os pacientes sabem que estão a ser medicados com um placebo mostram sinais de melhoria.
De acordo com Ted Kaptchuck, investigador e diretor do Programa para os Estudos Placebo e para os Encontros Terapêuticos no Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston, “este é um novo trabalho de investigação que demonstra que o efeito placebo não é necessariamente suscitado pela expectativa consciente dos doentes de que estão a tomar um medicamento real, como se acreditou durante muito tempo”.
O poder do cérebro
Este estudo contou com a participação de 97 pacientes com dores crónicas na região lombar e os resultados foram surpreendentes: ao fim de três semanas, o grupo de pacientes a tomar o placebo, registou uma redução da dar na ordem dos 30%. Já os pacientes que tomavam a medicação normal registaram uma redução da dor entre 9% e 16%.
No que diz respeito à diminuição da incapacidade física, o grupo que tomou o placebo registou uma diminuição de 29%, enquanto os pacientes que continuavam com a toma regular da medicação habitual não sentiram melhorias significativas da incapacidade física.
Em comunicado, Ted Kaptchuck disse que “tomar um comprimido no contexto da relação médico-paciente, mesmo quando o doente sabe que é um placebo, é um ritual que muda os sintomas e que provavelmente ativa regiões do cérebro que modula os sintomas”.
Falamos então do chamado “efeito placebo”, que é uma condição psico-fisiológica que tem conquistado cada vez mais apoio científico à conta de estudos recentes. Este efeito produz resultados psicológicos e físicos, já que o paciente que toma o placebo de forma consciente acaba por registar melhorias físicas, como se estivesse a tomar medicamentos ativos.
Investigadora portuguesa no estudo
Este estudo, publicado na revista científica “Pain”, contou com a colaboração da investigadora portuguesa Cláudia Carvalho, que disse que “com mais estudos como este, será possível demonstrar que é possível fazer uma utilização ética do placebo, dando ao doente o conhecimento de que o está a tomar, sem o enganar nem violar a ética profissional”.
Mas Ted Kaptchuk deixa o alerta: os placebos não tratam todas as patologias. “Nunca vai ser possível reduzir um tumor ou desbloquear uma artéria”.
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