Catarina Reis
Catarina Reis
23 Jan, 2019 - 10:59

Plano de carreira: como fazer o seu?

Catarina Reis

O seu eu do futuro vai agradecer: comece hoje a fazer o seu plano de carreira e perceba o quão importante pode ser para o seu desenvolvimento profissional.

Plano de carreira: como fazer o seu?

Como fazer um plano de carreira? O planeamento da nossa vida profissional é algo que ainda não nos ensinam na Escola ou no Ensino Superior, mas é crucial para que a carreira ande a par e passo com os objetivos que queremos atingir.

Mostramos-lhe um exemplo (mesmo) prático de um plano de carreira

Um plano de carreira não é mais do que é um conjunto de objetivos traçados para o futuro da carreira profissional de alguém, consistindo num plano de ação concreto, que contém todos os passos para, um a um, se caminhar em direção a esses objetivos.

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Para que serve um plano de carreira?

O plano de carreira pode servir para diversos propósitos. Pode servir como uma ferramenta de gestão pessoal, uma espécie de guia base de carreira do trabalhador, como também pode ser usado como ferramenta de comunicação – há quem use o plano de carreira como estratégia para encontrar emprego, dando-o a conhecer a empregadores, por exemplo.

O conteúdo principal do plano de carreira, os objetivos profissionais, esses podem ser de curto, médio e longo prazo. É mesmo recomendável que o seu plano de carreira contenha os 3 tipos de objetivos e que estes possam estar interligados na prossecução de uma meta mais ambiciosa.

Quando fazer um plano de carreira?

Desengane-se quem pensar que um plano de carreira só faz sentido no início da carreira profissional – na verdade pode e deve ser desenvolvido em qualquer momento da sua vida. Pode mesmo ser iniciado antes de entrar no mercado de trabalho.

Um plano de carreira é muito útil para determinar as suas competências e interesses, de modo a conseguir identificar que tipo de carreira ou profissão melhor se enquadra no seu perfil pessoal e profissional, e o que falta adquirir ou desenvolver para concretizar as suas maiores aspirações.

Ao desenvolver um plano de carreira, automaticamente concentra o seu foco naquilo que o faz sentir-se realizado profissionalmente, e visualizar de forma clara todos os degraus que precisa de escalar para lá chegar.

Porque fazer?

Estudos recentes indicam que a maior parte das pessoas muda em média 6 ou 7 vezes de emprego ao longo da vida. Neste cenário, é compreensível que por vezes percamos um pouco o fio à meada, e precisemos de orientação. Fazer um plano de carreira pode ajudar-nos a ultrapassar momentos de indecisão ou desmotivação, ao permitir vislumbrar o retrato global do que é a nossa vida profissional num momento e do que poderá vir a ser no futuro.

É mesmo possível planear todas as decisões profissionais?

Não acreditamos que seja possível planear a carreira a 100%, e ainda bem. Há oportunidades que aparecem de forma imprevisível e constrangimentos que forçam determinadas decisões. Mas é importante ter um “Norte”. Se o tiver, saberá distinguir entre as oportunidades que verdadeiramente servem o seu propósito e aquelas que são apenas desvios dos seus objetivos.

Recursos online para iniciar o seu plano de carreira

Elaborar um plano de carreira começa com o autoconhecimento e a decisão sobre o que é mais importante para si profissionalmente e como pessoa. A realização profissional advém de poder fazer um trabalho que se adapta aos seus interesses pessoais, às suas competências e aos seus talentos inatos.

É possível encontrar algumas ferramentas gratuitas para aconselhamento e auto-exploração da carreira profissional. Experimente o O’Net Interest Profiler. O resultado que obtiver permitir-lhe-á ter em sua posse um inventário pessoal dos seus interesses, talentos, competências e valores. Anotar essa informação será o primeiro grande passo para começar a construir o seu plano de carreira.

Outra ferramenta muito útil é este Teste de Interesses Profissionais.

Que informações compilar num plano de carreira?

Siga estes 8 passos e comece já a incluir no seu plano de carreira.

  1. Uma autoavaliação – neste capítulo, recomendamos que analise exaustivamente os seus valores, interesses, talentos, estilo de vida e traços de personalidade.
  2. Uma análise do mercado de trabalho – identifique tantas áreas profissionais atrativas para si quantas seja possível identificar; não se censure nem pense, nesta fase, na exequibilidade do projeto. Guie-se por aquilo que mais o apaixona!
  3. Atenda agora à possibilidade real de trabalhar nas áreas que elencou – quais aquelas em que realmente tem condições de investir?
  4. As escolhas que fez obrigam-no a trabalhar por conta de outrem ou pode/quer ser empreendedor? Considera ter o perfil certo para empreender?
  5. A identificação de uma rede de pessoas de confiança – identifique pessoas-chave a quem possa pedir informações sobre o seu setor de atividade. Mantenha a sua rede de contactos ativa!
  6. Uma timeline, ou seja, uma linha temporal sobre a qual irá anotar os acontecimentos relevantes do seu passado, do seu presente, e do seu futuro. Defina o espectro temporal que pretende que o seu plano de carreira abranja, e desenhe uma linha horizontal, começando num determinado ano e acabando num ano futuro, que corresponda ao limite temporal que definiu. Não se esqueça de incluir todos os elementos respeitantes à sua Educação.
  7. Metas e objetivos! Não deixe nenhum de fora, inclua quer os planos a curto prazo, quer os de médio e longo prazos. Identifique as dificuldades que poderá encontrar no caminho de cada um e como poderá superá-las.
  8. Um plano de ação – pois é, as melhores intenções podem não passar disso mesmo se não forem seguidas de ações. Agora que já tem uma ideia clara sobre o que quer para o seu futuro profissional, chegou a altura de passar ao plano de ação, que consiste na descrição do que vai fazer para levar o seu plano avante.

Atenção! Um plano de carreira não deve ser estanque. Uma vez feito, poderá e deverá revê-lo de modo a ajustá-lo conforme o seu caminho o exija.

Plano de Carreira: um bom exemplo

Imagine o seguinte cenário:

Sempre fui apaixonada por pintura e artes gráficas em geral. Considero-me uma pessoa extrovertida, com talento para as artes visuais em geral ,e para a área científica. Sempre fui muito boa aluna no Ensino Básico e Secundário, particularmente nas disciplinas diretamente relacionadas com essas áreas. Sinto que desenvolvi uma especial apetência pelo desenho científico, depois de ter realizado um workshop com um dos especialistas de referência nesta área. Adoro ensinar e penso que tenho talento para o fazer. Gostava que um dia, a minha carreira tirasse partido deste talento!

Tendo por base o parágrafo anterior, escolha as possíveis carreiras profissionais. Neste caso, temos:

  • Arquitetura
  • Design
  • Ilustração científica

Agora, é altura de listar os prós e contas de cada área…

  • Arquitetura – o mercado de trabalho está saturado de arquitetos. O salário poderá ser bom.
  • Design –  poderei exercer atividade como docente nesta área, algo que poderia ser um bom desafio. Terei que provavelmente trabalhar muito numa ou mais empresas conceituadas na área até chegar a uma altura em que possa criar o meu próprio negócio, como por exemplo, uma agência de design. Esta área combina criatividade e técnica, o que me atrai.
  • Ilustração científica – permite usar todos os meus talentos; sinto que posso vir a dar um grande contributo ao setor da ilustração científica, que está a renascer em Portugal. Corresponde ao desejo de aliar Ciência e Artes.

É hora de passar a desenvolver o plano de ação.

  • Ingressar na faculdade, curso de Biologia;
  • Frequentar workshops de ilustração botânica e científica;
  • Criar o meu portifólio de ilustração online e partilhá-lo nas redes sociais, especialmente no LinkedIn;
  • Criar um website pessoal;
  • Encontrar um emprego em part-time para financiar o investimento na minha educação;
  • Identificar eventos internacionais sobre Ciência e Ilustração: frequentá-los e alargar a minha rede de contactos;
  • Enviar o meu portifólio para revistas científicas, marcar reuniões de apresentação;
  • Pensar se trabalhar remotamente é possível nesta área: aconselhar-me com profissionais do setor;
  • Dar formação nesta área, de modo a atingir um patamar financeiro interessante, em complemento ao trabalho de ilustração;
  • Desenvolver um projeto de responsabilidade ambiental numa grande empresa do setor da Energia.

Conclusão

Um plano de carreira é individual e intransmissível; porém, os pontos aqui identificados devem estar presentes em qualquer esforço de planeamento profissional. Lembre-se que “a quem não sabe para onde vai, qualquer vento serve”, ou seja, que é fundamental tomar as rédeas da sua carreira e direcioná-la para aquilo que o realiza.

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