Já ouviu falar de pneus sustentáveis? Mais do que apenas um conceito, estes pneus ecológicos já são uma realidade.
“Um mundo mais verde” parece ser a grande preocupação da indústria automóvel. Primeiro, vieram os carros movidos a gás, depois os híbridos e elétricos e, mais recentemente, a hidrogénio.
No entanto, não é só a nível de motorização que as fabricantes estão a procurar mudar o futuro. Exemplo disso são os pneus sustentáveis, a nova moda que parece ter vindo (e bem) para ficar.
O que são pneus sustentáveis?
Pneus sustentáveis são o apelido dado a pneus com preocupações ecológicas, que tenham os dois seguintes objetivos:
- Aumentar a durabilidade do pneu, de forma a diminuir o número de pneus atirados anualmente para as sucatas;
- Diminuir os consumos do carro e, consequentemente, as emissões de CO2.
Mais recentemente, ainda no ano de 2021, a noção de pneus sustentáveis ficou intimamente ligada aos novos pneus da Michelin, os e.Primacy.
Estes combinam o melhor de não dois, mas três mundos: a reutilização e reaproveitamento de resíduos, o aumento da durabilidade e a diminuição consumos e da emissão de CO2.
Além disso, foram especialmente desenhados para veículos elétricos, podendo afetar positivamente a autonomia dos mesmos.
No entanto, apesar de esta noção estar muito associada ao e.Primacy, a mesma podem ser utilizada para descrever quaisquer outros pneus com preocupações ambientais.
Porque é que surgiu a ideia de pneus sustentáveis?
Devido ao aquecimento global e ao aumento da poluição na atmosfera, as preocupações ambientais são uma constante no mundo atual, principalmente na União Europeia.
Em 2015, os países da União Europeia estabeleceram, no acordo de Paris, o objetivo de se tornarem a primeira economia e sociedade com impacto neutro no clima até 2050.
Para conseguirem esse objetivo, foram traçadas e alteradas várias metas relativamente ao número de gases nocivos na atmosfera, com especial incidência sobre o CO2 (dióxido de carbono).
Atualmente, a principal meta é conseguir diminuir em 55% o número de emissões de CO2 na atmosfera até 2030, quando comparado com o ano de 2019.
De forma a alcançar essas metas foram lançadas várias regras e vários programas de incentivos. Entre eles, encontram-se, por exemplo, os apoios à compra de carros elétricos e híbridos, assim como a diminuição de impostos sobre estes.
No entanto, além das preocupações com as motorizações fósseis (gasolina e gasóleo, principais responsáveis pela emissão de CO2 na indústria automóvel), houve outras componentes que foram afetadas. Os carros movidos a diesel serão, à partida, proibidos em 15 cidades europeias até 2025, sendo que os produzidos mais recentes têm mesmo de circular com um líquido próprio para “dissolver” os gases nocivos: o líquido Adblue.
Imposições europeias
No casos dos pneus, em 2019, a Comissão Europeia começou a implementar a VECTO, ferramenta de simulação utilizada para determinar as emissões de CO2 e o consumo de combustível dos camiões. Desde então, a sua utilização é obrigatória para categorias específicas de camiões novos.
Além disso, caso um pneu de origem não cumpra determinados padrões de emissões, a fabricante será multada num valor bastante alto.
O objetivo, no caso dos pneus sustentáveis, é uma redução de 15% em 2025, e de 30% em 2030. Caso contrário, a fabricante enfrentará severas sanções financeiras. Esta é uma redução gradual com o objetivo de dar, também, tempo às fabricantes de se adaptarem e evoluírem.
Foi por causa desta alterações de políticas ecológicas que as fabricantes de pneus começaram a preocupar-se em garantir que os pneus certos duravam mais tempo. Desta forma impedem que milhões de pneus vão “parar” às sucatas.
Para além disso, ao mesmo tempo permitem reduzir também os consumos, o que, por sua vez, garante uma diminuição do número de emissões de gases nocivos.
Mais recentemente, a partir de março de 2021, começaram a entrar em circulação os e.Primacy que a essas duas preocupações juntaram, também, a reutilização ou reciclagem de material já inutilizável.
Pneus sustentáveis têm mesmo impacto?
Dados recentes indicam que:
- Condutores de veículos com motor térmico podem reduzir o consumo de combustível em até 0,21 l/100 km. Isto representa uma poupança de 80 euros durante a vida útil do pneu, a qual, agora, nos melhores casos, já tem uma estimativa superior aos 30 mil quilómetros;
- Os mesmos dados indicam que, durante a vida do pneu há uma redução das emissões de CO2 de 174 kg. Ou seja, é como se o veículo percorresse menos 1600 km;
- Também a autonomia aumenta. A Michelin estima que, no caso dos veículos elétricos, os MICHELIN e.PRIMACY conseguem um aumento até 7%.
Como são feitos os e.Primacy e outros pneus ecológicos?
Os pneus sustentáveis têm como principal objetivo diminuir a resistência ao rolamento de forma a consumir menos. Para isso, é necessário utilizar materiais que permitam que a borracha do pneu seja mais flexível, o que, consequentemente, a torna também mais resistente ao tempo e cujo desgaste natural é menos prejudicial à atmosfera.
Apesar de ser um processo complicado e demorado, de forma resumida pode-se dizer que os principais materiais utilizados são:
- Óleo de laranja, famoso pela incorporação nos modelos de pneus BluEarth AE01, da Yokohama;
- Sílica que, ao substituir o carbono negro, também contribui para a economia de combustível (já que, com uma menor resistência, menos calor é gerado por estes pneus).
No caso dos pneus da Michelin e.Primacy é ainda mais complicado e duradoiro. A marca utiliza material reciclável orgânico para criar biobutadieno e embalagens de plástico para recuperar poliestireno.
Juntos criam aquilo que é apelidado de borracha plástica. O plástico inutilizável é reciclado, assim como é feita uma recuperação do carbono negro dos pneus já gastos.
Desta forma criam-se os Michelin e.Primacy que, utilizando a reciclagem, conseguem pneus “três em um”: com maior duração, menores consumos e menores emissões de Co2. Para além disso, evita-se que mais resíduos vão parar às lixeiras ou sucatas.
Os e.Primacy estão disponíveis em 56 referências, para jantes de 16 a 20 polegadas, e já utilizados no Citroën C4, no Citroën C5 Aircross, no DS4 Crossback e no Toyota Aygo.