Share the post "Dicas dos especialistas: saiba como poupar 3 mil euros por ano"
Quer poupar mais na fatura do supermercado, nas despesas domésticas mensais? Nas férias? Tem o objetivo de pagar um empréstimo antigo, comprar um carro, ou pagar um mestrado ao seu filho?
Segundo Ana Bravo, tudo isto é possível. O segredo está em pensarmos no ato de poupar “não como uma limitação, mas sim como uma forma de alcançarmos a liberdade de conseguir atingir um objetivo que nos diz muito. Se estivermos emocionalmente ligados ao nosso objetivo, ele ganha uma força superior e nós vamos ter motivação extra para chegar àquilo que queremos, porque isto da poupança tem muito a ver com a forma como o nosso cérebro funciona”.
A especialista não tem dúvidas de que “poupar é uma atitude” e garante que se adotarmos algumas medidas, não é difícil para uma família de quatro pessoas, conseguir uma poupança mensal na ordem dos 250 euros, ou mais.
Dicas da Ana Bravo para fazer economia doméstica
Organização é sempre sinónimo de poupança
Fazer uma lista de compras é um excelente instrumento de organização e também de poupança. Mas, como se faz uma boa lista?
A especialista em poupança considera que, em primeiro lugar, “é importantíssimo ter a noção clara daquilo que se consome, para sabermos, exatamente, o que vamos gastar”.
Depois “é muito importante ter dois tipos de lista. Uma para as compras do mês, onde devemos colocar, principalmente, os artigos não perecíveis, como por exemplo o arroz, a massa e os congelados. E depois, listas semanais, onde incluímos os frescos, como por exemplo, a fruta, os legumes e alguma carne ou peixe”. Isto representa quatro deslocações, por mês, ao supermercado.
O facto de termos uma lista bem feita, que temos de cumprir escrupulosamente “faz com que se consiga poupar dinheiro, mensalmente, de uma forma notória. A quantificação do valor a poupar não é muito fácil neste caso, porque depende do agregado familiar e do tipo de consumo que essa família faz”.
Para além da lista de compras, há outros hábitos que podemos adquirir, que produzem, efetivamente, muita poupança:
- Ter na cozinha um quadro ou bloco para anotar nele os artigos que estão a acabar. Desta forma sabemos sempre o que precisamos;
- Não ir com fome ao supermercado, porque acabamos por comprar coisas de que não necessitamos;
- Optar por produtos de marca branca;
- Não consumir comida pré-cozinhada, pois são “calorias vazias”. Se fizermos uma pizza em casa, por exemplo, “a família está a divertir-se, pois as crianças adoram fazer pizza. Para além disso, os ingredientes comprados ficam quatro vezes mais baratos, do que o preço de uma pizza pré-cozinhada”.
“Há tendência para consumir, só porque está com desconto”
Para Ana Bravo, aproveitar os saldos ou os cartões de desconto nas nossas compras pode valer a pena, no entanto, adverte que é preciso fazer contas. E, mais do que isso, é importante perguntarmo-nos: “Isto é uma coisa que eu compraria? Eu preciso disto? Isto é um investimento, ou é um custo?”
Por vezes, é possível fazer poupanças efetivas com este tipo de ações. Não obstante, “precisamos fazer perguntas inteligentes”.
“É preciso termos a noção clara se aquele artigo que está a ser vendido, por menos dinheiro, é algo que nós consumimos de uma forma regular, ou é algo que vamos consumir só por causa do desconto, porque há uma tendência para comprar, só porque está com desconto.
Se for esse o caso, a pessoa, na realidade, não está a poupar, está a gastar mais. Uma campanha de preço é útil quando nos permite adquirir por um preço mais baixo um produto que já usamos nas nossas casas. Mas, há muitas outras formas de poupar”.
Pague menos 80% pelo pão
Fazermos nós próprios em vez de comprar já feitos determinados alimentos é uma excelente forma de poupar no orçamento familiar.
Ana Bravo explica que uma pessoa que faça o pão em casa, mesmo optando por confecionar um pão de qualidade, consegue uma poupança média na ordem dos 80% para a sua família.
No seu livro apresenta uma receita de pão saudável em que o valor, por quilograma de pão, fica por 50 cêntimos. Portanto, conclui: “uma família de quatro pessoas, consegue poupar cerca de 400 euros em pão, por ano. Por isso, um excelente investimento é comprar uma máquina de fazer pão e fazê-lo”.
Tome café por três cêntimos
No seu livro “ABC da Poupança”, dedica um capítulo inteiro ao tema do café, porque considera que nós somos grandes apreciadores desta bebida.
Como podemos então ter menos gastos com o seu consumo? Se deixarmos de consumir o café na rua, ou, pelo menos, se o fizermos em menor quantidade, isso representa uma grande poupança, apesar de aparentemente podermos pensar que estamos a falar de valores irrisórios.
Um café por dia, tem um custo de cerca 70 cêntimos, o que representa 21 euros, por mês. Se pensarmos num casal, e ambos deixarem de tomar um café por dia, na rua, estarão a poupar, os dois, 42 euros. Este valor poderá ser ainda maior, se pensarmos que alguém que gosta de café, bebe, pelo menos, em média, dois ou três cafés por dia.
Poupar no café não significa deixar de tomá-lo, significa apenas passar a consumi-lo em casa, sempre que possível.
A forma mais económica de fazer café em casa é comprar o café já triturado. E, para quem tem máquinas de café de cápsulas, Ana Bravo deixa uma dica para gastar apenas três cêntimos por café – a reutilização das cápsulas.
O processo é relativamente simples, “basta retirar a parte que cobre a cápsula e o café já usado, encher com pó de café e depois colocar um pouco de folha de alumínio, que se molda com as mãos ao longo da cápsula. Depois da cápsula fechada, coloca-se na máquina e o café está pronto”.
Por muito que possamos pensar que os 70 cêntimos que gastamos num café representam um valor inexpressivo no nosso orçamento, a verdade é que “se nós fizermos um bolo com esse valor, ele ganha uma expressão completamente diferente”.
Faça o pequeno-almoço em casa e poupe 55 euros por mês
Para além do café, muitas vezes, optamos também por tomar o pequeno-almoço, ou o lanche, fora de casa. Ao reduzir este consumo “conseguimos fazer poupanças mesmo muito interessantes”.
Se pensarmos, por exemplo, no café acompanhado de um pastel de nata, o custo é de cerca de 1,50 euros. Se fizermos as contas, verificamos que poupamos facilmente entre 30 a 45 euros num mês.
Caso prefira um pequeno-almoço ou lanche composto por uma sanduíche, acompanhada por uma meia de leite, nunca gastará menos de 2,50 euros. E se consumir este lanche fora de casa, de segunda a sexta-feira, terá um gasto de cerca de 55 euros por mês.
Como é óbvio, explica Ana Bravo “se prepararmos o pequeno-almoço e o lanche em casa é possível fazê-lo de forma muito mais económica. Ao fazer as compras para ter o seu pão, o leite, as coisas de que necessita, estes consumos são reduzidos drasticamente. Passa a ser uma despesa de alimentação corrente”.
Pague três vezes menos pelas suas férias
Ter as férias de sonho em mente pode ser o “empurrão” de que precisa para dar início ao seu esforço para ter uma atitude de poupança. Mas, o melhor é que também nas férias é possível poupar. E muito.
Ana Bravo revela que o principal segredo é marcar as férias “com quatro a oito meses de antecedência”. Desta forma, consegue poupar-se, no mínimo, 66%, independentemente de ser uma pessoa que faça férias sozinha, ou uma família de quatro pessoas”.
Como é que se consegue poupar tanto? “É fácil”, responde a especialista. A antecipação, em conjunto com alguns cuidados, ajudam-nos a ter umas férias extraordinárias, em sítios muito bons, por preços excelentes. E deixa-nos algumas dicas:
- Escolher hotéis ou outro tipo de alojamentos que estiveram em remodelação recente. Há sempre campanhas promocionais. Como foram locais que estiveram fechados, há vantagens enormes no preço de compra, no relançamento desses hotéis;
- Marcar férias fora das épocas altas;
- Adquirir packs promocionais.
Qualquer pessoa que compra as suas férias com, pelo menos, seis meses de antecedência, consegue pagar até três vezes menos do que alguém que opta por tratar das suas férias em cima da hora.
Poupança não é só reduzir custos
Para conseguirmos poupar no nosso orçamento familiar precisamos de pagar menos pelas coisas, reduzir alguns custos e deixar de fazer alguns consumos. Mas, a poupança é muito mais do que isto, “é também uma forma de estar na vida, uma atitude”, esclarece a especialista.
O que significa isso? “Se fizermos uma alimentação saudável e praticarmos exercício físico, diariamente, isso facilmente se traduz em poupanças sérias. Alguém que faça estas escolhas, dificilmente adoece e logo aí não tem quebras de rendimentos por faltas ao trabalho, nem vai necessitar de medicamentos”.
Para além disso, muitas vezes, as opções alimentares mais saudáveis são também as mais acessíveis. Por exemplo, os refrigerantes são péssimos para a saúde e são caros. Beber água é muito mais saudável e barato.
Cuidar do planeta é também poupar dinheiro
Muitas pessoas ainda mantêm a água, constantemente, a correr, enquanto estão a lavar a cara, as mãos ou a loiça. Se corrigirmos esta situação, conseguimos uma poupança média, na ordem dos 14 euros, por mês, num agregado familiar de três ou quatro pessoas.
Na lavagem dos dentes, das mãos e ao fazer a barba, se fecharmos a torneira e usarmos, por exemplo, só a água do lavatório ou de um copo, conseguimos obter uma poupança de 10 a 30 litros de água, por dia. Ao escolher tomar duche, em vez de banho de imersão, também estamos a poupar. Por cada minuto em que a água do chuveiro não está a correr, gastamos menos 20 litros de água.
Algumas dicas para poupar na água e na eletricidade
- Coloque redutores de fluxo nas torneiras e chuveiros, consegue uma poupança de 50% em média;
- Opte por um autoclismo com botões de controle de fluxo, ou utilize truques como pôr uma garrafa com areia dentro do autoclismo. A ideia é que o volume da garrafa não permita encher o autoclismo na totalidade, tornando a descarga de água menor;
- Acenda as luzes apenas quando necessário e desligue-as sempre que não as estiver a utilizar.
- Ao utilizar a máquina de lavar roupa, no período noturno, poderá poupar cerca de 20 euros, por ano. No caso da máquina de lavar loiça, a poupança poderá ser de cerca de 30 euros, por ano;
- Procure secar a roupa naturalmente, com a ajuda do sol e do vento. Assim, não necessita de usar máquina de secar roupa;
- Prefira lâmpadas LED e poupe, num ano, até oito euros, por lâmpada;
- Os aparelhos elétricos, em stand-by, continuam a gastar energia, não se esqueça de os desligar.
Ana Bravo defende que sempre que estivermos a cuidar do ambiente, estamos também a poupar na nossa carteira e se adotarmos algumas destas medidas simples de poupança no nosso dia a dia, não é difícil conseguirmos obter uma poupança mensal na ordem dos 250 euros, ou seja, 3 mil euros, por ano.
É possível reduzir custos sem perder qualidade de vida?
A especialista em economia doméstica tem a certeza que sim: “Eu tenho qualidade de vida e não bebo café na rua, não faço refeições ou lanches fora de casa, claro que há dias, em que por uma razão especial, prefiro fazê-lo, mas é uma exceção e não uma regra.
Por exemplo, se gostarmos de almoçar fora, em vez de fazê-lo cinco vezes por semana, podemos optar por fazê-lo apenas duas vezes, e aí reduzimos o consumo em três dias. São escolhas que fazemos.
Para mim, qualidade de vida é chegar ao final do mês com as contas todas pagas, com dinheiro na carteira e verificar que posso usar o dinheiro que sobra como eu quiser, ou então, posso optar por colocar esse dinheiro de lado e, passado um ano, fazer umas férias completamente tranquilas, num local extraordinário, sem precisar de pedir crédito”.