Share the post "Poupar com bancos digitais: tudo sobre comissões, cartões e IRS"
Para poupar com os bancos digitais é importante perceber o que oferecem e quais os custos que podem ter.
A tecnologia mudou muitos aspetos da nossa vida e um deles foi, seguramente, a nossa relação com os bancos.
Dos dias em que era impossível viver sem cheques e em que a vida financeira era ditada pelas horas de abertura e fecho dos bancos até ao momento em que podemos fazer pagamentos usando apenas o smartphone não passou assim tanto tempo.
As mudanças trazidas pela banca digital
Consegue lembrar-se da última vez que esteve no banco? Se as caixas multibanco e, depois, o homebanking, mudaram muita coisa, o que dizer de empresas como a Revolut, a N26 ou a Monese?
Tudo começa no processo de abertura de conta, muito mais simples e sem necessidade de deslocação a um espaço físico.
Provavelmente o seu banco tradicional também já tem esta opção, por isso, vamos considerar que, neste aspeto, até pode existir um empate entre a banca e as chamadas fintech.
E as comissões de manutenção, taxas e impostos por cada cartão ou serviço utilizado? E as taxas quando se recebe em moedas que não o Euro ou quando se levanta dinheiro no estrangeiro?
Pois, aqui as coisas já são realmente diferentes. Se é verdade que, na banca tradicional já pode ter contas de serviços mínimos bancários e até isenção ou redução de comissões em operações online, nada parece bater a forma como pode poupar com os bancos digitais.
Mas, como em todas as opções financeiras, o melhor é analisar e comparar.
Onde é possível poupar com bancos digitais?
Vejamos, então, o que oferecem, gratuitamente, as três empresas mais populares em Portugal nesta área.
Todas elas têm vários planos, mas se a ideia é poupar com bancos digitais, o critério passa por analisar a opção grátis.
Obviamente que nos planos mais caros terá mais funcionalidades, mas se quer poupar com bancos digitais, talvez o melhor seja começar com as opções gratuitas e ver se o seu banco lhe cobra pelos mesmos serviços.
Ou se, eventualmente, não fará sentido manter a conta no banco tradicional – que lhe concede, por exemplo, crédito habitação – e ter uma segunda conta num banco digital.
Revolut
É a mais conhecida e até tem instalações em Portugal. O seu plano standard, ou seja, gratuito, oferece:
- Conta bancária gratuita no Reino Unido;
- Cartão de débito Mastercard;
- Conta IBAN em euros gratuita;
- Pagamentos em mais de 150 moedas à taxa de câmbio interbancário;
- Operações de câmbio em 30 moedas fiduciárias até 1200 € por mês (1.000 libras por mês);
- Isenção de taxas por levantamentos no multibanco até 200€ por mês, ou 5 x o limite de levantamento;
- Cashback em pagamentos com cartão – 0,1% na Europa e 1% fora da Europa.
A aplicação permite também poupar dinheiro, ao arredondar os trocos, colocando esses valores numa segunda conta.
Possibilita ainda fazer pagamentos, quer seja do aluguer da casa ou a divisão da conta de um jantar, por exemplo, uma funcionalidade já conhecida entre os utilizadores de MBWay.
Recentemente foi noticiado que os clientes portugueses que passarem o seu dinheiro para o Revolut Bank, têm os seus depósitos garantidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos.
No entanto, o Banco de Portugal emitiu um comunicado onde esclarece que o Revolut Bank UAB é uma instituição de crédito com sede e autorizada na Lituânia. Encontra-se habilitada, nos termos legais, a operar em Portugal ao abrigo do regime da Livre Prestação de Serviços estando, por isso, a aceitar depósitos ou outros fundos reembolsáveis em território nacional. Todavia, os depósitos captados em Portugal pelo Revolut Bank são constituídos junto da casa-mãe, na Lituânia, pelo que não se encontram garantidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos português, mas sujeitos ao regime de proteção de depósitos em vigor na Lituânia.
N26
A empresa alemã é bastante popular na Europa e tem também disponível uma plataforma online, onde é possível efetuar as mesmas operações que faz na app.
O seu dinheiro está protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos alemão.
O plano grátis permite fazer 3 levantamentos gratuitos em euros, sendo que os levantamentos adicionais têm um custo de 2€.
Pode também fazer pagamentos ilimitados gratuitos em qualquer moeda., Os pagamentos têm ativo o 3D secure e exigem dois fatores de autenticação para sua maior segurança.
Oferece igualmente um cartão de débito Mastercard virtual. No entanto, se preferir um cartão físico terá um custo de 10€.
Pode estabelecer limites de gastos diários ou bloquear e desbloquear o cartão através da app. Permite fazer transferências gratuitas em euros, mas no caso de querer uma transferência instantânea terá um custo de 0,99€
Possibilita também gerir o orçamento e estabelecer metas de poupança. Ou seja, poupar com os bancos digitais é possível de duas formas: paga menos pelas contas e tem ainda possibilidade de fazer uma poupança.
Poderá consultar o preçário completo do N26, aqui
Monese
Lançada em 2015, esta empresa britânica está também a conquistar clientes em Portugal, sendo bastante popular entre quem viaja com frequência para o Reino Unido.
A tarifa Simple, ou seja, gratuita, permite ter um cartão de débito contactless (sendo, no entanto, cobradas 4.95£ pela entrega). Levantamentos em multibanco têm uma taxa de 1,5 libras ou seja 1,80€.
Com o plano grátis pode fazer transferências em moeda estrangeira, que são grátis e instantâneas para outras contas Monese. Porém, as transferências para contas noutros bancos só serão gratuitas quando realizadas em euros. Noutras moedas terá de pegar uma comissão de 2,5% durante a semana a que acresce 1% se a fizer ao fim de semana.
O pagamento com cartão em moeda que não o euro também terá uma comissão de 2%.
Já se encontra também disponível a possibilidade de criação de contas conjunta.
Esta conta, permite a gestão de pagamentos e despesas, débitos diretos e até criar orçamentos mensais.
Ao partilhar uma conta, a poupança torna-se mais fácil, já que esta funcionalidade possibilita uma lista partilhada de transações e a análise de despesas.
Tenho de declarar estas contas no IRS?
Já vimos que é possível poupar com bancos digitais, mas estas contas devem ser comunicadas ao Fisco? A dúvida repete-se ano após ano.
A Lei Geral Tributária determina que: “Os sujeitos passivos do IRS são obrigados a mencionar na correspondente declaração de rendimentos a existência e a identificação de contas de depósitos ou de títulos abertas em instituição financeira não residente em território português ou em sucursal localizada fora do território português de instituição financeira residente, de que sejam titulares, beneficiários ou que estejam autorizados a movimentar.”
A declaração destas contas tem de ser feita no quadro 11 do Anexo J da declaração de rendimentos Modelo 3 do IRS.
Mas tudo depende da forma como a instituição é classificada pelo Banco de Portugal. Se for considerada como instituição de crédito terá de o fazer. Se for apenas conta de pagamento não.
Vejamos então:
- O Revolut até 2020 era considerado como conta de pagamento e não teria de o fazer, mas desde 9 de dezembro de 2021 foi considerado como instituição financeira e por isso terá de o declarar;
- O N26 tem de ser declarado já que está registado no Banco de Portugal como instituição financeira.
- A Monese tem associado uma conta com IBAN estrangeiro (começa por BE), embora não conste como instituição financeira, a Monese aconselha que façam a respetiva declaração.
- OpenBank é um banco digital do Santander. Como tem associado um IBAN espanhol terá de o declarar.
Por isso, lembre-se que mesmo não tendo impacto no cálculo do imposto, tem de declarar este tipo de contas, já que é uma exigência do Fisco.
Os bancos digitais portugueses
Apesar de estes bancos digitais – Revolut, N26 e Monese – serem bastante populares em Portugal, o certo é que no nosso país já existem soluções digitais com custos reduzidos. Além de serem instituições financeiras reconhecidas pelo Banco de Portugal, os depósitos também estão garantidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos português.
As comissões são nulas ou muito baixas e a conta de depósito à ordem também não tem comissão de manutenção, o que é seguramente uma grande vantagem face aos bancos tradicionais. São os seguintes:
MOEY
Moey é o banco digital associado ao Crédito Agrícola.
A conta à ordem Moey tem as seguintes caracteristias/comissões:
- Não tem comissões de manutenção;
- Cartão de débito Mastercard gratuito;
- Compras e pagamentos são gratuitas, qualquer que seja a moeda em que sejam feitas;
- As transferências SEPA são gratuitas. No entanto, no caso querer fazer transferências instantâneas, serão gratuitas 40 por mês. A partir da 41º tem um custo de 0,50€ por transferência;
- As transferências MBway também são gratuitas;
- Para transferências noutras moedas conte com uma comissão de 0,25% com um valor mínimo de 20€ e máximo de 70€;
- Levantamentos em euros gratuitos;
- Levantamento noutras moedas tem uma comissão de 1,7% sobre o montante do levantamento.
ActivoBank
O ActivoBank é o banco digital do Millenniumbcp.
Existente no mercado há vários anos, e tem algumas dependências físicas às quais se pode dirigir.
A sua conta tem também custos reduzidos em euros, e no ActivoBank tem também um conjunto de serviços e produtos bancários (como por exemplo crédito pessoal e crédito habitação) não disponíveis nas soluções propostas pelas App internacionais.
A conta à ordem ActivoBank tem as seguintes características/comissões:
- Não tem comissões de manutenção;
- Cartão de débito Visa gratuito;
- Cartão de crédito Visa gratuito;
- Compras e pagamentos em euros gratuitas. Mas noutras moedas acresce comissão de 3,85% sobre o valor;
- As transferências SEPA são gratuitas. Todavia, no caso de querer fazer transferências instantâneas terá um custo de 1,60€ por transferência;
- As transferências MBway são gratuitas;
- Para transferências noutras moedas conte com uma comissão de 0,16% com um valor mínimo de 19,23€ e máximo de 83,00€.
- Levantamentos em euros gratuitos, mas noutras moedas tem uma comissão de 4€ + 7,85% sobre o montante do levantamento.