Share the post "Para poupar durante a quarentena tenha em conta estes 4 aspetos"
A queixa é comum à maioria das famílias portuguesas: com todos os elementos do agregado fechados em casa, as despesas fixas dispararam.
O caso agrava-se quando, por conta da pandemia, muitos portugueses já começaram a sentir na pele os efeitos da crise económica subsequente. Muitos estão agora em regime de layoff simplificado, outros perderam mesmo o emprego. E a maioria, de uma forma ou de outra, viu os seus rendimentos diminuir.
Com os bolsos mais vazios e as despesas a aumentar, será que ainda é possível poupar durante a quarentena, por pouco que seja? Reunimos algumas estratégias que podem ser muito úteis para preparar os tempos que se avizinham.
Poupar durante a quarentena: 4 coisas a considerar
As despesas que agora não tem
Começamos pelo mais fácil. Trabalhar a partir de casa pode ter muitas desvantagens, mas também tem uma série de benefícios que vale a pena enumerar. Desde logo porque o gasto em deslocações diminuiu consideravelmente. Quer ande de carro ou utilize os transportes públicos, a despesa mensal em combustível ou em passes sociais é certamente uma das que mais pesa no seu orçamento.
Faça a média ao que costumava gastar por semana em transportes e, se tiver possibilidade, reserve esse dinheiro ou parte dele para um fundo de emergência ou aplique na conta-poupança.
Além das deslocações, há toda uma série de despesas que muitos de nós assumem sem sequer se aperceberem. É o cafezinho de manhã, o lanche a meio da tarde, o snack à saída do ginásio… Todos estes pequenos gastos que tinha diariamente deixaram agora de existir, e isso é uma oportunidade de poupança.
Se é uma daquelas pessoas que, felizmente, mantém os rendimentos intactos, faça as contas ao que gastava todas as semanas em lanches e snacks e simplesmente ponha esse dinheiro de lado.
Se, pelo contrário, já sentiu a perda de rendimentos, aproveite o facto de já não ter esses gastos para manter a disciplina financeira mesmo quando o estado de emergência for levantado. É menos uma pequena despesa que pode fazer uma grande diferença num orçamento mais limitado.
Os gastos que aumentaram
Não há muito por onde fugir: a família toda em casa gasta mais luz, mais água e até mais alimentos, uma vez que é mais difícil não petiscar aqui e ali quando se está fechado o dia todo.
Sabendo que as faturas da água, da luz e do gás vão aumentar, pode tentar otimizar os consumos ao manter as mesmas rotinas que já tinha.
Falamos, por exemplo, daquele banho que antes demorava 15 minutos e agora dura meia hora. Ou das tardes com o forno ligado a fazer bolos, que antes nem sequer existiam. Ou das máquinas de roupa que antes se ligavam à noite (quando a eletricidade é mais barata nos tarifários bi-horários) e agora se ligam a qualquer hora do dia.
O truque é manter as rotinas o mais aproximadas do que eram. Já que a conta vai aumentar, pelo menos que aumente só o necessário, sem “ajudas” adicionais.
Os novos gastos
Não se sinta julgado: ninguém adora estar fechado em casa um mês inteiro a cozinhar todos os dias, duas vezes por dia. O problema é que, às vezes, as facilidades que nos são propostas para a quarentena se traduzem em despesa.
Encomendar refeições fora é bom para quebrar a rotina, mas não pode transformar-se na própria rotina. Pense em quantas vezes comia num restaurante antes de a quarentena lhe ser imposta. Se agora encomenda refeições com mais frequência do que costumava comê-las num restaurante, então, está a gastar mais dinheiro.
A mesma lógica pode ser aplicada ao tipo de refeições que faz. É certo que todos temos mais tempo para cozinhados elaborados, e uma vez por outra não há mal nenhum nisso. Mas lembre-se que, feitos numa base regular, vão fazê-lo gastar mais do que antes em ingredientes e até mesmo em gás ou energia, se demorarem mais tempo a ser confecionados.
Mantenha, por isso, o tipo de refeições que fazia normalmente para manter estável o custo por refeição.
É importante estar atento aos novos hábitos e avaliar o peso que estes têm nas suas economias, sobretudo se tiver havido perda de rendimentos, ou até mesmo do emprego, e tiver de ficar em casa depois da quarentena, porque há o risco de manter nesse tempo os hábitos que criou agora.
As compras
Tem mais tempo livre e alguns gastos até desapareceram. À primeira vista fazer umas compras sem medos, até pode parecer uma boa ideia. Só que está perante uma armadilha.
Desde que o isolamento social nos foi imposto que as marcas não só têm reforçado a sua presença nos meios de comunicação, como oferecem mais facilidades no que às compras online diz respeito.
As entregas sem portes, o apelo à “salvação” dos negócios locais e uma maior exposição do consumidor a anúncios, podem facilmente conduzir a despesas não planeadas.
Não se deixe levar por impulsos: compre aquilo que compraria normalmente, aos preços que acharia razoáveis, e em resposta a necessidades reais.
De uma forma mais simples: se está a pensar comprar um produto só porque sentiu uma vontade súbita de contrariar o tédio ou a frustração de estar em confinamento, faça as contas duas vezes.
Preste também muita atenção aos preços e pergunte-se se, há dois meses, concordaria em pagar aquele valor pelo produto em causa. Se a resposta for não, então não compre. Não há motivo algum para estar a pagar mais agora, sobretudo se forem produtos que pode adquirir mais tarde.
Poupar para o que aí vem
Não há necessidade de alarmismos, mas é hora de ser racional. A economia vai ressentir-se desta paragem e as famílias vão agradecer por tudo o que pouparam nos últimos anos.
Verifique tudo o que em depósitos, PPR ou outros investimentos. Essa é a sua reserva para qualquer situação inesperada. Se não tem nenhum dinheiro de lado, está na hora de criar um fundo de emergência.
Ao mesmo tempo é natural que sinta mais dificuldade em poupar a partir de agora, mas não se assuste. Invista numa revisão à sua estratégia de poupança e procure novas formas de controlar as finanças da família.
Numa primeira fase terá de cortar gastos, reduzir serviços que não sejam indispensáveis e procurar ofertas mais baratas para aqueles de que não pode mesmo abdicar, como a luz e o gás.
Além disso, pode ser preciso renegociar alguns contratos, como o seguro de saúde ou de vida, e até mesmo créditos, se os tiver. Aproveite este tempo para tratar dessas burocracias, porque quanto mais cedo o fizer, melhor.
Depois, é continuar a pôr em prática alguns dos hábitos que foi ganhando durante a quarentena, como fazer as suas próprias refeições e lanches. Tudo somado vai fazer uma grande diferença nas suas contas, deixando-as mais bem preparadas para os tempos que se avizinham.