Esta é talvez a dica mais importante que já partilhei nos últimos 5 anos. Uma senhora que entrevistei acabou de poupar 57 mil euros ao longo dos próximos 36 anos. Ou seja, 1600 euros por ano. Isso significa para muitos portugueses 1, 2 ou mesmo 3 salários. Como é que ela conseguiu essa poupança?
No pico da crise, como muitos milhares de portugueses, foi obrigada pelas circunstâncias a comprar casa em plena presença da Troika, em que os bancos praticavam spreads de 3, 4 ou mesmo 5 %. No caso dela, o spread acabou por chegar aos 4,6 %. Tentou negociar com o banco, mas o banco não aceitou baixar o spread. Estava já então resignada a pagar quase 700 euros por mês até ao fim do contrato, quando percebeu que podia mudar de banco.
Mudar de banco a custo 0
O segredo é: se o seu banco não aceita negociar, porque é que não muda de banco? Para um que faça mais barato? É que o português típico meteu na cabeça que o crédito à habitação é “para sempre” como se fosse uma espécie de casamento em que não pode fazer nada a não ser pagar o que o banco lhe diz, com o medo “terrível” de que lhe aumentem ainda mais o spread.
Ora, neste momento, com o aliviar da crise já há bancos que estão a oferecer spreads de 1,75, 1,5 ou até 1,25 (neste último é preciso ter 50 mil euros nesse banco em outras aplicações e cumprir uma série de outros requisitos). E a melhor notícia é que muitos deles já suportam todas as despesas da transferência.
Segundo banco assume penalização
Vamos a contas. Por lei, os bancos podem pedir que o cliente pague uma penalização de 0,5% (se tiver taxa variável) ou 2% (se tiver taxa fixa) do valor ainda em dívida se liquidar o empréstimo antes do tempo previsto no contrato. Isso obviamente é para tentar impedir os clientes de saírem para outros bancos. É uma expécie de travão à concorrência. Só para ter uma ideia, num empréstimo de 100 mil euros, teria de pagar uma penalização ao seu atual banco de 500 euros e, no caso de ter taxa fixa, 2.000 euros. Só para sair.
A novidade é que já há bancos, nomeadamente o Santander e o Banco Popular que estão disponíveis para suportar todas as despesas de transferência envolvidas, incluindo a penalização ao outro banco. Oferecem também a Escritura e todas as comissões que normalmente cobram num primeiro contrato.
Se já está a pensar em ir a esses bancos (ou outros que tenham igualmente spreads mais baixos do que o seu atual) está a pensar bem. Mas o que provavelmente vai acontecer é que se chegar lá com um crédito de 100 mil euros não lhe vão dar muita atenção. O que descobri é que há empresas especializadas neste tipo de negociações com os bancos. Estas empresas pegam no seu caso, e em mais 20 ou 30 iguais ao seu e chegam a estes bancos com um pacote de 4 ou 5 milhões de euros. E fazem uma espécie de leilão para saber qual é que oferece mais por esses créditos que vêm da concorrência sem terem qualquer trabalho de marketing, publicidade e já com os documentos todos preenchidos. Em pouco tempo recuperam o dinheiro que suportaram por si pela transferência.
E quanto é que eu tenho de pagar a estas empresas que negoceiam por mim? Essa é a parte melhor. Nada! Como nada? É que elas cobram uma comissão ao banco que ficar com os créditos e não ao cliente. É o caso do Doutor Finanças/Reorganiza. Algumas empresas cobram 100 euros, mas só se aceitar fazer a nova escritura e até não cobram nada se adquirir outros produtos como um seguro ou equivalente, como a Decisões & Soluções, que tem balcões espalhados por todo o país. Seja como for é um valor quase simbólico quando falamos de crédito à habitação.
Poupe muito dinheiro por ano
E, já que vai mexer, aproveite para negociar um seguro de vida mais baixo e o multirriscos também. Imagine que tem um spread de 1,75 atualmente. Pela teoria não valeria a pena mudar, mas se estiver agarrado ao seguro de vida que o obrigaram a fazer e estiver a pagar um valor absurdo face à concorrência, faça as contas porque pode poupar 60 ou 70 euros por mês (estamos a falar de quase 900 euros por ano só no seguro de vida). Pode valer a pena mudar, mesmo mantendo o spread igual mas noutro banco.
E até pode usar esta informação para tentar melhorar o seu crédito à habitação no seu atual banco. Com a ameaça de saída, pode ser que aceitem negociar. Informe-se, faça contas, e avalie se esta dica se aplica ao seu caso.
O que é que fazia com mais 1.600 euros por ano?
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