Só para ter uma ideia da importância desta dica, posso dizer-lhe que com ela vou poupar 26 mil euros. Um espectador que viu a reportagem do Contas-Poupança (foi das mais vistas de sempre) escreveu-me a agradecer porque ia gastar menos 13.500 euros e muitos outros vão pagar menos ou mais do que estes valores conforme o que ainda têm em dívida pelo Crédito à Habitação.
E é difícil mudar?
Uma colega minha reduziu em 600 euros por ano o seguro de vida. Como? Bastou-lhe fazer um telefonema para o banco. Disse que lhe faziam metade noutra seguradora e o banco acompanhou a concorrência. Ou seja, se ainda lhe faltavam 20 anos para pagar a casa, poupou em poucos minutos 12 mil euros. Talvez possa fazer o mesmo. E se já o fez há 2 anos, não será altura de voltar a conferir no mercado se os preços voltaram a baixar?
Bem, o caso dela foi super simples porque no contrato que tinha com o banco, não havia nada escrito que a impedisse de ter o seguro de vida na seguradora que quisesse. Nestas situações, em teoria, pode mudar todos os anos para a seguradora que lhe fizer o seguro mais barato, desde que informe o banco.
Mas há milhares de casos em que está lá escrito – preto no branco – que se mudar o seguro de vida aumentam-lhe o spread. Há casos em que é possível contornar essa situação e há outros em que não. Já lá vamos.
Sabe a diferença entre IAD e ITP?
Mas antes de mais, sabe o tipo de seguro de vida que tem? Se comprou casa com recurso a crédito à habitação, o seu banco obrigou-o muito provavelmente a contratar um seguro de vida, também com cobertura de invalidez. O problema é que há dois tipos de seguro: o IAD (Invalidez Absoluta e Definitiva) e o ITP (Invalidez Total e Permanente). As designações atrás referidas podem variar de seguradora para seguradora, mas o conceito é sempre a variável do tipo de incapacidade. A diferença entre eles é gigantesca. E é a diferença entre ter a casa paga ou não, em caso de incapacidade resultante de uma doença ou acidente.
Na altura da guerra dos spreads, por volta de 2005, para baixar a prestação global do futuro cliente alguns bancos propuseram o seguro mais fraquinho de todos (e mais barato). O IAD só pode ser acionado se ficar praticamente em estado vegetativo, dependente de terceiros para viver. Esta situação é muito rara. Por outro lado, não é nada raro alguém ter um AVC, um episódio de cancro ou em qualquer altura da vida um acidente que nos imobilize um braço, por exemplo, ou que nos coloque numa cadeira de rodas. O ITP pode ser acionado normalmente com 66,6% de incapacidade. E fica com a casa paga. Leia bem o que assinou na sua apólice – cada caso é um caso.
Informe-se junto da sua seguradora, e altere o seu seguro se as coberturas não o satisfizerem. Se for ao banco eles vão pedir-lhe que faça outro e vai provavelmente duplicar o prémio, caso tenha o seguro “mau”.
Como é que faço para baixar o seguro de vida?
Qual é então o segredo? Mudar de seguradora. O mercado mudou tanto nos últimos anos que agora pelas coberturas mais completas consegue ficar a pagar menos 60% do que está provavelmente a pagar neste momento.
É aqui que começa a parte complicada, como referi no princípio. O seu spread pode estar agregado ao seguro de vida e a outros seguros ou produtos. Há bancos que facilitam a troca de seguradora e outros que a dificultam ao máximo.
Pegue nas suas apólices e peça simulações a vários mediadores de seguros. A internet está cheia de simuladores. Use-os, informe-se e faça contas. Há casos em que até pode compensar aumentar o spread com o que poupa no seguro de vida. Noutros casos, o banco até pode dizer que não pode mudar mas, lendo bem a escritura, até o poderá fazer sem ser penalizado. Basta ler bem as letras miudinhas. Peça ajuda a um mediador de seguros que perceba do assunto.
E mesmo estando “agarrado” ao spread, há situações em que negociando com o banco é possível baixar o prémio mensal. No meu caso, está escrito que se mudar de seguradora o meu spread sobe de 0,3 para 1.8. Demorei 4 meses e quase 20 e-mails com muitas simulações de concorrentes e ameaças de saída mas consegui baixar o meu prémio 60€ por mês (estava a pagar 120 €/mês para 2 pessoas a 100%).
Aviso que não é fácil. É preciso quase decorar e perceber linha a linha o que está escrito no Documento Complementar da Escritura (ou documento equivalente) e responder ao banco com convicção.
Entretanto, este ano voltei a tentar baixar o meu seguro de vida, que continua a aumentar a cada ano que passa. Desta vez a resposta inicial foi negativa. Mas já estou à procura de alternativas. Já tenho uma em vista. Assim que testar para ver se resulta, partilho.
Mexa-se! Se ainda não tratou deste assunto, pode estar a perder milhares de euros.
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