A preocupação é uma das causas emocionais de doenças mais comum na nossa sociedade. Vivemos cercados de responsabilidades, expectativas, agendas carregadas, objetivos pessoais e profissionais, tensões familiares e sociais, mais uma infinidade de ingredientes que tornam a nossa mente numa liquidificadora de pensamentos.
O resultado é um batido pouco fresco, meio amargo, que nos impede de desfrutar a vida e nos prende numa espécie de jaula mental.
Antes de mais, é importante percebermos como é que uma emoção se pode tornar um fator de doença. Os sentimentos fazem parte da natureza humana e não podem ser considerados por si próprios agentes de doença. Portanto, as emoções são intrínsecas na nossa vida, revelam-se a cada instante e com elas vamos aprendendo a viver e a evoluir.
No entanto, quando são vividas muito intensamente ou permanecem por um longo período de tempo, podem afetar a saúde, prejudicando o funcionamento psíquico e físico.
Quando a preocupação se torna um problema maior do que a sua causa
A preocupação está presente em todas as esferas da vida. Na medida certa, ajuda-nos a cuidarmos de nós e dos outros! Impele-nos para a ação, trabalho e estudo.
O problema surge quando o trabalho é excessivamente mental, ou quando o estudo é demasiado e ininterrupto e quando a preocupação com as coisas é excessiva e se manifesta nas situações triviais da vida, nos incidentes de pouca importância do dia-a-dia.
Quando as tarefas se desenvolvem com pressão, com muita tensão e ansiedade, os pensamentos são fixos, com falta de flexibilidade, muita cisma, ruminação de ideias levando à obsessão. Esta “indigestão mental” enfraquece todo o organismo. E o TODO é literalmente o corpo físico como os músculos, órgãos, sistemas, bem como a mente e todos os processos da psique.
Sinais de preocupação excessiva
A preocupação excessiva pode ser desiquilibradora e manifesta-se de forma diferente de pessoa para pessoa, dependendo das características de cada um e das suas fragilidades inerentes. Vejamos então:
- Sensação desconfortável no tórax, ligeira falta de ar, ombros rígidos, ligeira palidez;
- Desconforto abdominal, com ligeira distensão e dor abdominal, alteração do apetite, cansaço e palidez;
- Palpitações, sensação de aperto no peito e insónia;
- Dificuldade de memória, diminuição da concentração e no foco do trabalho e estudo.
De uma forma mais acentuada, o excesso de pensamento e preocupação pode conduzir a:
- Distúrbios digestivos e nutrição como anorexia, obesidade, bulimia;
- Prolapso de órgãos;
- Inchaço;
- Astenia e cansaço crónico;
- Alteração de paladar e do apetite;
- Comportamento obsessivo.
Nem todos os sintomas se revelam simultaneamente na mesma pessoa e nem sempre estes sintomas psicossomáticos têm origem nas alterações emocionais.
Preocupação com a preocupação: o exagero da abordagem
O exagero desta abordagem pode levantar algumas questões falsas: “a pessoa tem gastrite porque é nervosa e muito preocupada”. Nem todas as doenças têm uma causa estritamente emocional ou mental. Pessoas muito bem resolvidas também podem sofrer de gastrite, obesidade, dor ou gripe!
A proposta tem um alcance bem maior: a do TODO! Vários fatores são causadores de doença, como o ambiente, a alimentação, as emoções, a constituição genética, o exercício físico, estilo de vida, traumatismo, doenças infectocontagiosas, intoxicações, etc.
A reter sobre a preocupação excessiva é que esta pode, ao longo do tempo, despoletar um quadro de doença ou sintomas patológicos que devem ser analisados no contexto global em que surgiram.
A estagnação que surge por cismar sempre no mesmo irá, de certeza, prende-lo e encarcerá-lo num beco sem saída. Será dominado pela preocupação. É necessário contrariar este processo com movimento: passear, praticar desporto, dançar, cantar, inspirar-se em algo novo e que goste.
Deixe-se levar por uma curiosidade que o desperte e o ajude a quebrar o compromisso doentio com a sua preocupação. Mais vale viver a vida do que pensar intensamente sobre ela.
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