Preparar a reforma deve ser uma preocupação de todos. O dia a dia entre o emprego e a família é tão acelerado que, não raras vezes, nos esquecemos que o tempo passa. O relógio, contudo, não pára e cada um de nós vai envelhecendo mais um bocadinho a cada novo dia.
Com a velhice a aproximar-se de mansinho, é importante pensarmos no que queremos que ela nos traga. Assumindo, desde logo, que não sabemos como vamos envelhecer – se vamos ser autónomos ou dependentes, se vamos ter rendimentos ou nem por isso -, é importante garantir que, pelo menos aquilo que podemos controlar, fica “arrumado” como deve ser.
Falamos de dinheiro, mas também falamos da sua vida, da sua atividade, até da sua saúde. Preparar a reforma é muito mais do que fazer contas à aposentação: é preparar o corpo para uma rotina diferente, o cérebro para desafios diferentes e, claro, o bolso para uma realidade diferente.
Reunimos, por isso, algumas dicas sobre o que deve ter em consideração quando começa a preparar a reforma. As palavras de ordem são “prevenção” e “antecipação”: procure antecipar as possíveis dificuldades e prevenir os problemas mais comuns.
Quando começar a preparar a reforma?
A verdade é que a reforma deve começar a ser pensada desde o seu primeiro dia de trabalho. Cada mês que trabalha é um mês que contribui para o seu futuro, quer em experiência, quer em rendimento.
Nunca é cedo de mais para preparar a reforma. Faça por se manter consciente de que ninguém tem 30 anos para sempre e que, mais cedo ou mais tarde, as suas capacidades vão ser diferentes das que tem agora.
Como preparar a reforma?
O primeiro passo para assegurar uma velhice tranquila é fazer uma avaliação consciente da pessoa que é e da vida que leva. Lembre-se que, se algumas pessoas se mantêm ativas até muito tarde, outras acabam a carreira mais cedo do que previam.
Analise as suas condições e avalie a probabilidade de ter de se reformar mais cedo. Se ela for relevante, prepare a reforma a contar com essa antecipação – é mais fácil estar prevenido e não precisar do que ser apanhado de surpresa.
Preparar as finanças
Começamos pelo essencial, porque não vale a pena fazer grandes planos se lá chegar de bolsos vazios. É importante começar já a pensar em fazer algumas poupanças e analisar possíveis investimentos.
A boa notícia é que não precisa de poupar já o dinheiro todo – se ainda tem muitos anos pela frente, pode poupar apenas uma parcela e ir investindo em aplicações financeiras para fazê-la crescer.
Se não confia em aplicações financeiras para preparar a reforma, pondere investir em património imobiliário. Mais tarde pode sempre viver das rendas que recebe ou, em último caso, pode vender os imóveis e ficar com uma almofada financeira mais confortável.
Preparar a casa
Este é um detalhe que escapa muitas vezes a quem começa a preparar a reforma, mas que pode fazer toda a diferença quando envelhecer. Mais uma vez, não sabemos como vamos lidar com o avanço da idade, e há a possibilidade de nos tornarmos fisicamente mais frágeis.
Casas com muitas escadas não são a melhor opção para quem começa a ter dificuldade de locomoção. Moradias muito grandes também não são boa ideia, já que, assumindo que já não tem a casa cheia quando se reformar (os filhos já terão a sua própria casa), um espaço vazio é muito mais difícil de manter quente no inverno e traz mais custos de manutenção.
Lembre-se que, se hoje tem rendimento a entrar, na velhice pode não ter tanto, pelo que é boa ideia apostar em habitações que não sejam caras de manter.
Preparar a família
Faça entender à família o que quer para si quando se reformar. Se há pessoas que ficam realizadas ao dedicarem-se quase por inteiro aos netos, outras há que sonham com a independência que nunca tiveram, a possibilidade de trancar a porta e partir numa viagem quando lhes apetecer.
Partilhe os seus objetivos com quem o rodeia, para que o ajudem a preparar a reforma que quer ter. Deixe clara a sua intenção de aceitar, ou não, assumir compromissos quando parar de trabalhar.
Preparar o cérebro
Um dos maiores desafios da reforma é a suspensão de atividade, e este é, curiosamente, também um dos temas mais esquecidos. Pense que, para uma pessoa que durante várias décadas acordou cedo todos os dias para ir trabalhar, pode ser complicado passar a acordar de manhã com a sensação de que não tem um objetivo para o dia.
Se sente que é uma pessoa ativa, ao preparar a reforma deve ter em consideração a sua necessidade de se ocupar com alguma coisa. Pense em passatempos que pode ter, em negócios próprios ou até em voluntariado. Arranje um objetivo, uma meta. Pode até fazer uma lista de coisas que gostava de fazer quando se reformasse – pelo menos vai dar uma orientação ao seu “eu” mais velho, que assim saberá por onde começar quando ficar com o tempo todo livre.
Sabemos que preparar a reforma não é algo que nos passe pela cabeça com frequência, pelo menos até nos apercebermos de que o momento de parar está próximo. No entanto, é benéfico que o planeamento do futuro comece a ser feito o mais cedo possível, porque reduz o stress associado ao envelhecimento e evita que tenha medo do seu próprio futuro.
Se até está disposto a começar já a preparar a sua reforma mas não sabe por onde começar ou o que será importante para si daqui a muitos anos, pode sempre conversar com outros reformados que conheça e fazer algumas perguntas. Eles, melhor do que ninguém, lhe falarão sobre os arrependimentos que surgem, as dificuldades que sentiram quando pararam de trabalhar e as coisas que se arrependem de não ter preparado mais cedo.