Será que sabe como identificar o problema e quais são os principais fatores que provocam dor crónica?
Os números são alarmantes: 37% dos portugueses sofre com uma dor crónica e esta é a segunda doença que mais afeta a população, atrás apenas da hipertensão arterial.
Conheça cinco fatores de risco e saiba como prevenir a situação.
Dor crónica: como identificar?
Um quadro de dor crónica tem forte impacto na autoestima do doente, afetando a sua capacidade de trabalho e prejudicando, até, a realização das tarefas mais simples do dia a dia.
Quando o problema está instalado é possível observar sintomas como irritabilidade, ansiedade, insónia, alterações no apetite e, até, um quadro de depressão.
Pessoas afetadas por uma dor crónica acordam cansadas, ainda que tenham descansado por muitas horas. Para além disso, podem ter perturbações do sono provocadas pela dor, apresentam apneia e sentem dificuldades na prática de atividade física.
Outro sintoma muito observado em doentes com dor crónica é a dificuldade de manter atividades que exijam esforço mental – ou seja, têm dificuldades em concentrar-se.
De acordo com estudos científicos, cerca de um terço da população mundial é afetada por uma dor crónica. Em Portugal, mais de um terço da população sofre com a doença – que atinge mais idosos, mulheres e pessoas com nível socioeconómico e de instrução mais baixos.
Nem sempre é fácil identificar a dor crónica, mas se sofre com algum desconforto físico há mais de três meses, é altura de analisar a raiz da questão. Muitas vezes, a dor crónica está associada à doenças ou lesões que teimam em não passar dentro de um período de recuperação considerado normal, mas também pode ter outras causas. Noites mal dormidas, ansiedade e depressão podem estar na origem desta doença quase silenciosa.
À medida que envelhecemos, é natural sentirmos incómodos na coluna, nas articulações e músculos, no entanto, é possível tratar o problema da dor crónica e promover a melhor qualidade de vida dos doentes.
De igual forma, torna-se ainda imprescindível observar e tratar precocemente situações que afetam a população em idade ativa. Sabe-se que a dor crónica atinge, também, pessoas com idades compreendidas entre os 45 e os 60 anos, podendo levar à situações de absentismo e reforma antecipada.
Se sofre com dor recorrente e persistente, que dure há mais de três meses, é fundamental que procure ajuda médica especializada.
5 fatores de risco associados à dor crónica
Um diagnóstico de dor crónica pode estar relacionado ao sedentarismo, à obesidade, ao distúrbio do sono, à ansiedade e à depressão, para além de ser, muitas vezes, associado a outras doenças.
A seguir, descubra quais são as cinco causas mais comuns que podem provocar a doença.
Género
A prevalência da dor é mais elevada nas mulheres do que nos homens. As variações hormonais, o menor limiar de tolerância à dor, mas também a maior capacidade para definir as sensações dolorosas podem explicar esta diferença.
Idade
A prevalência da dor crónica aumenta com a idade ou, pelo menos, revela uma tendência de aumento até aos 60-65 anos, voltando a níveis mais baixos nas idades posteriores. No entanto, há também estudos que relatam uma maior prevalência nas idades entre os 45 e os 64 anos, eventualmente associada a atividades laborais que exigem mais esforço físico.
Embora nos idosos a dor crónica esteja muitas vezes associada ao processo degenerativo, a presença de dor não deve ser encarada como “normal”. A dor crónica deve ser tratada, evitando a banalização da queixa e o subtratamento.
Estado Civil
Estudos mostram que os indivíduos casados têm uma maior prevalência de dor crónica e que existe um risco maior de desenvolver a doença nas pessoas que vivenciam relações conjugais não estáveis.
Dor prévia
Talvez o fator clínico mais importante para o desenvolvimento de dor crónica seja a existência prévia de dor num local específico do corpo. Quanto mais intensa for a dor e maior for o número de localizações, mais provável será o desenvolvimento de dor crónica intensa.
Localização da dor
Diversos estudos revelam que as zonas lombar e cervical, a cabeça e os membros (inferiores e superiores) são as regiões mais afetadas pela dor crónica.
Também existem algumas doenças que estão frequentemente relacionadas com o aparecimento de dor crónica. Confira abaixo.
Osteoartrose: esta é a doença reumática mais comum no homem moderno, sendo a primeira na lista de causas da dor crónica e absentismo. É uma doença que afeta a cartilagem articular, um tecido muscular que se encontra nas extremidades dos ossos que se articulam entre si. O que acontece na osteoartrose é que esta cartilagem está lesionada e o osso que está por baixo reage a essa lesão ficando mais espesso. Essas saliências ósseas são chamadas de osteófitos, também conhecidos como “bicos de papagaio”.
Dor lombar: a dor lombar é caracterizada pela dor constante na região mais baixa das costas, junto à anca. A dor provocada pode atingir coxas e nádegas, e 1% dos doentes sofrem com problemas de ciática, apresentando sensação de dormência nas pernas e dificuldade para caminhar. A prevalência da lombalgia ao longo da vida será superior a 70% nos países industrializados, estimando-se que em 15-45% dos casos os sintomas persistam durante um ano ou mais. Isto significa que a maioria das pessoas terá dor lombar em algum momento da sua vida.
A dor lombar pode ser provocada pela má postura ou por outras doenças ortopédicas.
Cefaleias e enxaquecas: a cefaleia, mais comumente conhecida por dor de cabeça, é uma das formas mais comuns da dor no ser humano. Os tipos mais frequentes são a cefaleia tensional e a enxaqueca.
A cefaleia tensional é o tipo mais comum de dor de cabeça e caracteriza-se por uma dor ou mal-estar na cabeça, couro cabeludo ou pescoço e, de um modo geral, está associada à tensão dos músculos destas zonas. A enxaqueca afeta 15% da população e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, é a perturbação crónica mais incapacitante e dispendiosa. As causas que originam as enxaquecas não estão completamente clarificadas, embora exista uma componente hereditária óbvia.
Fibromialgia: esta síndrome é provocada pelo descontrolo na forma como os sinais de dor são processados pelo cérebro. Há casos de homens que sofrem desta doença, mas este é um mal muito mais frequente em mulheres com idades entre os 20 e os 50 anos. A doença está relacionada com a fadiga intensa, a depressão e a ansiedade.
Dor crónica: quais são as principais consequências?
Destacam-se, entre as principais consequências da doença, os seguintes fatores:
- afastamento social;
- alterações na libido;
- incapacidade funcional e física;
- dependência;
- alterações na dinâmica familiar;
- desequilíbrio económico;
- falta de esperança.
Onde saber mais sobre a dor crónica
Em Portugal, encontra toda a informação sobre a dor numa única plataforma, onde estão reunidas notícias, dicas sobre alimentação, exercícios físicos e hábitos posturais para o alívio do problema, bem como dados de referência sobre quais são os tipos de dor.
Se tem dúvidas sobre como pode expressar o incómodo e estar atento aos sinais de alerta, visite o site dor.com.pt. Porque com saúde não se brinca.