Comprar produtos da Apple já foi sinal de ostentação e de pertencer a um clube exclusivo de utilizadores de tecnologia de qualidade, onde só entravam os que tinham orçamento para lá chegar. Quando ainda era absurdo dar 400€ por um smartphone, já o iPhone, em modelo base, custava 600€. O mesmo acontecia com os computadores de mesa e portáteis. O clube da maçã estava criado sob a bandeira da qualidade a preço de luxo.
Atualmente, alguns produtos da concorrência já atingiram os mesmo preços da Apple, especialmente no que diz respeito ao mercado dos dispositivos móveis. Marcas como a Samsung e a Huawei, por exemplo, já praticam preços tão elevados como os da Apple e foi assim que conseguiram que os seus smartphones penetrassem no mercado dos iPhones.
A estratégia de marketing foi não apelar tanto ao símbolo de status da marca para justificar um preço alto, mas forçar a mensagem de que se é mais caro é porque deve ser melhor.
No mundo dos smartphones, com consumidores altamente “viciados”, esta estratégia do preço mais alto para penetrar no mercado funcionou, mas o mesmo não se pode dizer para o resto dos produtos tecnológicos, onde a procura da melhor relação preço-qualidade pode afastar os compradores da marca Apple.
4 produtos da Apple que não lhe fazem falta
1. Apple AirPods
Os auriculares sem fios da Apple foram lançados em 2017, na mesma altura em que saiu o iPhone 7 sem entrada física para headphone (a conhecida porta jack). O objetivo era inovar e atualizar a tecnologia de audição no smartphone, melhorar a impermeabilidade do equipamento e libertar espaço interno para incorporar mais bateria e novas tecnologias.
As críticas não se fizeram esperar. Eram demasiado caros e fáceis de perder, não tinham suficiente autonomia para competir com os auriculares com fios e, pior, colocavam dentro da cabeça humana um aparelho Bluetooth que emite ondas de baixa-frequência. Para os técnicos de saúde ainda está por provar se o risco de uso prolongado deste dispositivo pode afetar ou não a saúde do nosso cérebro.
Mesmo com esta incerteza científica, o que é certo é que a Apple continua apostar neste equipamento e já prometeu lançar no ano que vem novas atualizações do modelo, que garantem melhorias na qualidade de som e alcance mais alargado para se poderem ligar à assistente virtual Siri através da voz.
O preço deverá ser ainda maior e o mesmo poderá acontecer às ondas de baixa-frequência que o dispositivo emite. Se esse risco só por si não o demove e ainda os quiser comprar, damos-lhe outra razão para hesitar. É que já existem no mercado outras marcas como a Sony e a Sennheiser, que oferecem auriculares wireless por Bluetooth, com melhor qualidade de som e maior tempo de autonomia, pelo mesmo preço ou até inferior. Quanto aos potências perigos para a sua saúde física, esses são os mesmos.
Preço: 179€ Ver produto >>
2. iPod Touch
Para os mais novos, que já estão habituados a ouvir música em streaming nos seus smartphones, existir um dispositivo portátil dedicado ao armazenamento e à reprodução de música offline pode parecer uma tecnologia do passado.
O iPod é um player de música que ficou famoso, tal com os MP3 e MP4 chineses, nos primeiros anos deste século. A última vez que foi atualizado pela Apple foi em 2015, o que nos parâmetros da tecnologia moderna permite qualificá-lo como um equipamento ultrapassado.
Para os mais velhos, existem ainda vantagens em utilizá-lo, tais como a sua bateria de longa duração, a grande capacidade de armazenamento, o poder de ouvir música sem interrupções ou notificações típicas de um telemóvel com acesso a e-mail e redes sociais, e a liberdade para o poder utilizar em qualquer lugar sem necessitar de ligação à rede.
Mas mesmo para esses, a questão do “ultrapassado” já começa a ser complicada. Como a Apple não tem feito atualizações, os iPods estão praticamente extintos, e há cada vez mais dificuldade em repor peças ou fazer-lhes manutenção quando avariam.
Existe ainda um outro ponto que sempre trabalhou contra o iPod – quando comparado com outros dispositivos similares de marcas como a Sony, Philips e a Creative – que é a necessidade de sincronizar a sua biblioteca de música com o software iTunes.
Uma utilização bem mais complicada do que a de qualquer outro leitor de faixas .mp3 ou .mp4 fora da Apple. Para os que mesmo assim querem arriscar, os preços estão mais baixos do que já foram, mas ainda são elevados para uma tecnologia que já está desatualizada. A melhor opção é comprar em segunda mão ou não comprar, pelo menos até ver se a Apple vai fazer algum update ao iPod ou se simplesmente vai desaparecer.
Preço aproximado: 32GB 300€ / 128GB 400€ Ver produto >>
3. iPad Mini
Nos últimos anos, o ecrã dos iPhones tem vindo a tornar-se cada vez maior, o que tirou alguma utilidade ao iPad Mini, lançado em 2012. Atualizado pela última vez em 2015, tudo indica que a Apple vai descontinuar a sua aposta neste formado de iPad, que oferece um ecrã de 7.9 polegadas, uma diferença cada vez mais pequena para o iPhone X, que oferece 5.8 polegadas e as funcionalidades que todos conhecemos.
Outra razão para o iPad Mini não ser uma boa opção de compra é que também existe o iPad de tamanho normal, com ecrã de 9.7 polegadas que, a um preço não muito diferente, oferece a mesma qualidade de processamento e memória, mas com maior conforto na visualização.
Preço aproximado: 32GB 300€ / 128GB 400€ Ver produto >>
4. Apple AirPort/Time Capsule
A Apple já anunciou que vai descontinuar esta linha de produtos que permitia centralizar o acesso wireless para computadores Mac, PC e dispositivos com Wi-Fi (a AirPort) e que podia oferecer uma unidade de disco rígido sem fio para fazer cópias de segurança automáticas a dispositivos Mac (a AirPort Time Capsule). Este último funcionava de forma integrada com o Time Machine, uma aplicação de software de backup que pode ser configurada para fazer backups automáticos com a frequência que o utilizador definir.
Estes produtos não tinham atualizações há vários anos, um ponto altamente negativo para os utilizadores Windows e Android do AirPort, já que as adaptações do equipamento às novas versões destes sistemas operativos deixaram de acontecer.
Uma das principais razões para a sua descontinuação é a saturação que existe no mercado para os dispositivos que centralizam o acesso à rede.
Atualmente, até as operadoras já incluem no seu serviço routers com acesso Wi-Fi, preparados para comunicar com todo o tipo de dispositivos. A outra está ligada ao facto da Apple estar mais interessada em investir no armazenamento e backup na cloud do que num meio físico.
A empresa ainda vai vender o resto do seu stock, e garante que vai continuar a fazer as necessárias atualizações de segurança para os que estão a funcionar, mas nunca se sabe quando estes equipamentos vão ser considerados obsoletos e abandonados à sua sorte.
Preço aproximado: 100€ AirPort; 300€ 2TB / 400€ 3TB (AirPort Time Capsule)
E os computadores da Apple?
O mundo tecnológico parece estar dividido entre os que adoram e os que odeiam a Apple, muito por causa da história associada à evolução e inovação que esta marca representou no mundo tecnológico e também à simbologia de estatuto social atribuída à marca.
Para quem nem uma coisa nem outra interessa e o que procura mesmo é um produto de qualidade a um bom preço, a escolha dependerá sempre do orçamento disponível e da utilização que se pretende dar ao dispositivo.
Se acha que precisa mesmo de um MacBook Pro topo de gama que lhe pode custar milhares de euros para uma duração média de 6 anos, e se tem orçamento para isso, deve avançar para a compra. Ainda mais se já viver num ecossistema Apple, com iPhone e iPad, com um Apple Watch, a utilizar a Apple iCloud ou outros gadgets com a marca da maçã. Isto porque a empresa faz com que todos os seus dispositivos funcionem em perfeita sincronia.
Mas se o seu ecossistema ainda é o Windows ou o Android, achamos que não vale a pena avançar para a compra de apenas um dos equipamentos Apple.
Um iPhone sozinho será sempre um terminal mais incapacitado fora do ecossistema da maçã e vai conseguir encontrar boas alternativas, com capacidades idênticas e a preços bem mais em conta. Claro que a sincronização entre equipamentos de marcas e fabricantes diferentes será sempre menos perfeita. Nisso a Apple, com o seu grupo fechado de dispositivos dedicados, levará sempre vantagem.