Profissões que proíbem unhas pintadas – de acordo como a Autoridade para as Condições do Trabalho – não existem. Portanto, não há nada que legitime essa proibição por parte das entidades empregadoras. Mas, a verdade é que há empresas e instituições da área da saúde ou do ramo alimentar que alertam contra o uso de verniz nas unhas por motivos de segurança e higiene.
Estas empresas ou instituições podem, inclusivamente, estipular normas e regras em regulamento interno e não usar unhas pintadas pode ser uma dessas regras. No entanto, este regulamento interno da entidade empregadora, deve ser sempre dado a conhecer ao colaborador aquando da sua contratação.
O “perigo” do verniz e as unhas compridas
O verniz nas unhas pode apresentar pequenas ranhuras, muitas vezes não visíveis, onde agentes infeciosos se podem alojar. Para que o uso de verniz não representasse um risco de contaminação, seria necessário que os profissionais removessem e mudassem o verniz a cada 3-4 dias, no máximo, de forma a que este não apresentasse fissuras.
Mas não é só o verniz que acarreta problemas. As unhas compridas, naturais ou artificiais, além da maior probabilidade de alojarem microrganismos, reduzem ainda a destreza e a capacidade de apreensão das mãos, podem perfurar luvas e as extensões de unhas podem partir-se e cair onde não devem.
Ainda em relação às unhas artificiais, podem também ocorrer alergia e sensibilização às substâncias utilizadas na manicura e a unha natural pode atrofiar e desenvolver uma infeção fúngica.
Também é preciso ter em conta os cuidados de manicura que envolvem por regra cortes, preenchimento, moldagem e retirada de cutículas, existindo assim a possibilidade de contaminação cruzada a partir de alicates para remover cutículas, lixas, estiletes, espátulas, pincéis, cortadores de unha, tesouras, entre outros artigos.
Profissões que proíbem unhas pintadas: áreas onde são desaconselhadas
Não são profissões que proíbem unhas pintadas, mas são três áreas profissionais onde, por uma questão de boas práticas de higiene e segurança no trabalho, as unhas não devem ser pintadas. Continue a ler para saber quais são e saiba que os riscos, principalmente na área da saúde, não representam apenas um perigo para o consumidor final do serviço ou prestação de cuidados de saúde, podem também representar um perigo para si.
1. Cuidados de saúde
A higiene das mãos, na área da saúde e, principalmente, durante a prestação de cuidados, é considerada uma das medidas mais importantes para a redução da transmissão de agentes infeciosos entre doentes.
O verniz das unhas pode apresentar pequenas ranhuras, muitas vezes não visíveis, onde esses agentes infeciosos se podem alojar, dificultando o processo de desinfeção. Segundo a Direção-Geral da Saúde, na norma sobre Precauções Básicas do Controlo de Infeção, manter as unhas curtas, sem verniz, sem extensões ou outras aplicações, garante a correta higienização das mãos e garante também a segurança do doente.
2. Restauração
Tal como foi dito no início, não pode ser considerada uma das profissões que proíbem unhas pintadas. Contudo, aos profissionais que manuseiem ou confecionem alimentos não é aconselhado usar verniz nas unhas. O princípio é o mesmo da área da saúde, a desinfeção eficaz das mãos. Aqui, o objetivo, é prevenir a contaminação dos alimentos.
A Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo refere, sobre a higiene das mãos, no Código de Boas Práticas de Higiene e Segurança Alimentar, que “as mãos são a principal fonte de contaminações bacterianas dos alimentos e, por isso, merecem uma atenção muito especial. Para prevenir os riscos de contaminação dos alimentos, as mãos devem ser muito bem lavadas. As escoriações e cortes de pouca importância devem ser tratados e protegidos com pensos impermeáveis e de preferência de cores vivas. As unhas devem estar sempre limpas, curtas sem verniz”.
3. Indústria de produtos alimentares
Tal como na restauração, na indústria alimentar também existem profissionais que lidam com os componentes e o produto alimentar final. Estes profissionais também têm que garantir que, durante o processo de produção, nenhum dos ingredientes e produto final sofra qualquer contaminação. Cada trabalhador deve ter a sua escova de unhas e mantê-la lavada e desinfetada entre utilizações, caso contrário, também será um foco de contaminação.
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, de acordo com o disposto no Capitulo VIII do Anexo II do Regulamento (CE) nº 852/2004, relativo à higiene dos Géneros Alimentícios, os operadores das empresas do sector alimentar, além de outros cuidados, devem “manter as unhas curtas, limpas e sem verniz”. É também desaconselhado o uso de unhas postiças e os manipuladores de alimentos devem também ser alertados para o problema que as unhas roídas acarretam para a contaminação dos alimentos.
Usar luvas ou lavar as mãos?
Se é verdade que nas áreas referidas, para a maioria das tarefas, o uso de luvas está estipulado, também não é menos verdade que o uso destas não substitui a correta higienização das mãos. Ou seja, lavar as mãos? Sim, sempre!
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