Psicose é o nome que é dado a todas as perturbações psicológicas que apresentam sintomas psicóticos (estado mental caracterizado pela perda de contacto com a realidade).
A psicose não é, em si mesma, uma doença. Existem várias doenças que atingem o nosso cérebro e que podem provocar psicose.
Psicose ou esquizofrenia?
Psicose é um quadro psiquiátrico clássico caracterizado por: alteração da consciência; perda de contacto com a realidade; falta de noção sobre o comportamento bizarro ou estranho que apresenta.
Habitualmente, quando alguém apresenta psicose, tem igualmente dificuldades de interação social, dificuldades no cumprimento das atividades de vida diária, alucinações, delírios, pensamento desorganizado e inquietação psicomotora.
Mas a psicose é um termo genérico e abrangente. Não é uma doença por si só, podendo ser dividida em vários grupos de perturbações. O doente psicótico vivencia experiências fora da realidade comum, havendo uma desintegração das suas relações com os outros e com o mundo que o rodeia.
As perturbações psicóticas, e em particular a esquizofrenia, são doenças graves que tipicamente têm o seu início durante um período sensível do desenvolvimento – a adolescência e a idade adulta jovem.
A esquizofrenia é considerada o tipo de psicose mais grave porque seus sintomas são mais intensos e persistentes, podendo levar à deterioração de funções cognitivas e a um grave prejuízo na vida pessoal e familiar.
O diagnóstico precoce das psicoses em geral, e da esquizofrenia em particular, contribui para um melhor tratamento e, consequentemente, menor sofrimento e incapacidade do doente.
Fatores de risco
Vários fatores de risco são apontados como possíveis respostas para o surgimento de um quadro de psicose:
a) Vulnerabilidade do cérebro: predisposição genética em famílias com parentes próximos com algum tipo de doença mental; cerca de um terço das pessoas com esquizofrenia apresenta antecedentes familiares da doença;
b) Alterações na estrutura cerebral: problemas na formação do cérebro;
c) Fatores bioquímicos: alterações ao nível dos neurotransmissores cerebrais;
d) Situações desafiantes que o cérebro vai enfrentando ao longo da vida: infeções do sistema nervoso central;
e) Acontecimentos de vida: história de abusos ou traumas durante a infância;
f) Comportamentos de risco: consumo de drogas.
Fonte: Unsplash/ Rémi Walle
Sintomas: positivos e negativos
Existem vários tipos de psicose, com diferentes causas subjacentes. Sendo impossível descrever os sintomas de todos eles, vamos focar-nos nos sintomas da perturbação psicótica mais grave e que todos conhecemos: a esquizofrenia.
Os sintomas da esquizofrenia dividem-se em duas categorias: positivos (os mais exuberantes) e negativos.
Sintomas Positivos
a) Delírios: crenças irreais que não se modificam perante a argumentação lógica ou após o confronto com a realidade; ideias de perseguição, grandeza, ameaça, omnipotência, catástrofe, místicos, religiosos ou sexuais;
b) Alucinações: falsas perceções sensoriais; a pessoa pode ver e ouvir coisas que não estão realmente ali, ou ter sensações físicas sem motivos – ou seja, sentir coisas que não estão de facto a acontecer; as alucinações podem ser auditivas, visuais, táteis, olfativas, gustativas ou uma combinação de todas;
c) Alterações do comportamento: a pessoa ficar parada por um longo período de tempo; começar a rir ou a falar sozinha; envolver-se numa atividade repetitiva e sem finalidade aparentemente; estereotipias (movimentos repetidos sem objetivo aparente);
d) Alterações da linguagem e da comunicação: discurso desorganizado (incoerência); uso de palavras novas criadas pelos doentes; interrupções súbitas dos pensamentos.
Sintomas Negativos
a) Sintomas depressivos: tristeza; desesperança; ansiedade; insónia; pouco interesse em realizar as tarefas diárias;
b) Alterações ao nível do afeto e das emoções: reações inadequadas; incapacidade ou dificuldade de demonstrar reações emocionais; em casos graves os pacientes tornam-se indiferentes, evitam o contacto com o olhar, inexpressividade facial; os movimentos espontâneos e os gestos podem estar diminuídos;
c) Falta de iniciativa e de motivação: apatia; incapacidade de iniciar e continuar uma tarefa; diminuição da iniciativa e da vontade;
d) Alterações cognitivas: problemas ao nível da linguagem falada e escrita; esquecimentos; dificuldade em planear tarefas e em tomar decisões.
Tratamento: 3 tipos
O tratamento da psicose e a duração desse mesmo tratamento dependem sempre da doença que está presente.
1. Tratamento farmacológico
Em qualquer caso de psicose, uma parte do tratamento será medicamentoso, para aliviar os sintomas e evitar as recaídas. Os antipsicóticos são os fármacos preferencialmente usados, mostrando ser os mais eficazes e mais seguros.
O tratamento farmacológico é fundamental, na medida em que permite obter melhores resultados, sobretudo quando combinado com outas formas de intervenção.
2. Psicoeducação
Tem por objetivo ajudar os doentes e os seus familiares a fazer face à doença e às suas complicações, bem como a evitar recaídas. É uma técnica que visa melhorar a compreensão da doença por parte dos doentes e suas famílias e, desta forma, melhorar o seu comportamento e atitude face à doença.
Ao longo do tratamento, é disponibilizada informação sobre vários aspetos da psicose, englobando áreas como sintomas, causas e tratamento. Assim, os doentes, a par dos familiares, assumem um papel ativo no tratamento da sua doença.
3. Reabilitação psicossocial
A reabilitação psicossocial tem por objetivo ajudar os doentes a reintegrarem-se na comunidade e a recuperar o funcionamento social, educacional e ocupacional.
O tratamento inclui diversas valências, nomeadamente ao nível de: formação profissional; emprego apoiado; emprego protegido; atividades de vida diária; relações de grupo; gestão do dinheiro e do orçamento familiar/doméstico.
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