Teresa Campos
Teresa Campos
06 Abr, 2020 - 15:42

Coronavírus: o que acontece aos pulmões com COVID-19?

Teresa Campos

O novo coronavírus pode não provocar sintomas, como pode causar doenças graves como a pneumonia. Perceba melhor como ficam os pulmões com COVID-19.

raio x a pulmões

O novo coronavírus surgiu no espaço mediático no final de 2019. A sua descoberta deveu-se, essencialmente, ao surgimento de uma série de casos de pneumonia, de origem desconhecida. Nesse momento, concluiu-se que o vírus que motivava aquelas situações era o Sars-CoV-2, responsável pelos pulmões com COVID-19.

Desde aí, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já declarou esta doença como uma pandemia e, embora a OMS estime que 80% da população irá recuperar da doença sem necessitar de tratamento hospitalar, sofrendo apenas de sintomas leves a moderados, 1 em cada 6 pessoas pode ficar gravemente doente e experimentar dificuldades respiratórias sérias.

Mas, então, como é que o novo coronavírus pode desenvolver quadros mais complexos, como a pneumonia e, como ficam, afinal, os pulmões com COVID-19?

O que acontece aos pulmões com covid-19, segundo os especialistas

John Wilson, especialista em doenças respiratórias e presidente do Royal Australasian College of Physicians, explicou ao jornal inglês The Guardian o que este vírus faz ao corpo, nomeadamente aos pulmões.

Como é que este vírus afeta os infetados?

homem a tossir

De acordo com John Wilson, a consequência mais grave da COVID-19 é a pneumonia. Assim, é possível desenhar 4 quadros de infeção:

  • o menos grave e que se carateriza por pacientes assintomáticos;
  • segue-se o grupo de doentes cuja infeção afetou o sistema respiratório superior, podendo haver lugar a febre e tosse e, eventualmente, dores de cabeça e conjuntivite;
  • o terceiro e maior grupo que irá sentir efeitos semelhantes aos de uma gripe;
  • o último conjunto de indivíduos será aquele que vai desenvolver complicações severas, como a pneumonia. Segundo a OMS, este grupo será, essencialmente, composto por pessoas mais velhas e/ou com problemas de saúde como hipertensão, doenças cardíacas e/ou pulmonares e diabetes.

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Como é que a pneumonia se desenvolve?

Quando alguém infetado com COVID-19 desenvolve tosse e febre, isso é sinal de que a infeção está a atingir o aparelho respiratório, ou seja, a região que conduz o ar dos pulmões até ao exterior.

A partir desse momento, a gravidade da inflamação vai depender da sua progressão. Se os alvéolos pulmonares ficarem inflamados, as células irão começar a transportar material inflamado para os pulmões, causando pneumonia.

Se os pulmões ficarem repletos de material inflamado, não vão ser capazes de “enviar” oxigénio suficiente para a corrente sanguínea, reduzindo a capacidade do corpo eliminar o dióxido de carbono. Esta é, geralmente, a principal razão para a pneumonia causar a morte.

Doente que assinou o testamento vital

Como é que se pode tratar a pneumonia?

Outra das especialistas ouvidas foi Christine Jenkins, especialista em doenças respiratórias e membro da Lung Foundation Australia.

De acordo com Jenkins, até ao momento, não há ainda nada que se consiga fazer para evitar que a COVID-19 evolua para uma situação de pneumonia. Para já, as pesquisas por fármacos que contrariem esse comportamento do vírus continuam.

Porém, no momento presente, apenas existe tratamento de suporte, ou seja, que estabilize e alivie os sintomas de quem tem pulmões com COVID-19 e, nomeadamente, de quem está internado em unidades de cuidados intensivos.

A estratégia passa, basicamente, por ventilar esses pacientes, mantendo os valores de oxigénio nos níveis normais, até os pulmões serem capazes de voltar a funcionar normal e autonomamente.

Também John Wilson corrobora estas ideias, acrescentando ainda que os pacientes com pneumonia têm um risco mais elevado de desenvolver outras infeções. Daí, ser importante administrar-lhes anti-virais e antibióticos.

pneumonia
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Pneumonia causada pela COVID-19 é diferente da pneumonia “convencional”?

Segundo Jenkins, a pneumonia provocada pela COVID-19 é, de facto, diferente da maior parte dos casos de pneumonia que habitualmente chegavam aos hospitais. Isto, porque a maioria dos casos de pneumonia que se conheciam tinham na sua origem uma bactéria, ou seja, eram tratados com antibióticos, ao contrário do que acontece com esta doença.

Já Wilson acrescenta que a pneumonia causada pela COVID-19 é particularmente grave, pois ela não atinge apenas pequenas partes do pulmão, mas sim todo o pulmão. Além disso, numa situação de infeção pulmonar, a primeira resposta para combater e travar o vírus é mesmo a resposta do organismo. Acontece que esta resposta pode ser ineficaz no caso de pacientes idosos, com diabetes ou problemas cardíacos e pulmonares, pré-existentes.

A este propósito, Jenkins acrescenta que há pessoas com COVID-19 com maior risco de desenvolver pneumonia, nomeadamente indivíduos com mais de 65 anos ou crianças com menos de 1 ano. O mesmo risco enfrentam também pessoas com diabetes, cancro e doenças crónicas que atinjam os pulmões, coração, rins ou fígado. Os fumadores também são uma população sensível.

Porém, a idade continua a ser o fator de maior risco, mesmo em pessoas ativas e saudáveis. Isso tem a ver com o enfraquecimento normal e natural do sistema imunitário que dificulta a tarefa do organismo combater infeções e doenças.

Fonte: The Guardian/Organização Mundial de Saúde

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