Esta é uma das perguntas que mais vezes me fazem. E faz sentido, porque há tantas propostas e tantas coberturas diferentes que é muito difícil saber que seguradora escolher e dentro dessa seguradora se fica com o pacote A, B ou C. Infelizmente, a resposta não é simples.
Há imensos fatores que tem de ter em consideração. Mas o facto de ser complicado não quer dizer que desista ainda antes de começar a pensar no assunto. Há muito dinheiro em cima da mesa e é a sua saúde e a dos seus familiares que está em causa. Merece toda a sua atenção. Vamos por partes.
3 milhões de portugueses têm um seguro de saúde. E a pandemia está a empurrar cada vez mais pessoas para o sistema de saúde privado. Mas há tantos seguros e planos de saúde que é difícil saber qual é o melhor para cada um.
Como verá, cada caso é um caso. O seguro ideal para mim, pode não ser o seguro ideal para si. Pretendo sobretudo dar-lhe dicas sobre o que deve perguntar quando procurar um seguro de saúde, para depois não se sentir enganado quando precisar dele. Isso acontece com muita frequência quando percebe que afinal tem franquias, que os copagamentos são mais elevados do que estava à espera ou que o plafond da cobertura que lhe interessava afinal é muito mais curto do que estava à espera.
Que seguradora escolher?
De acordo com a Associação Portuguesa de Seguradores, em 2020 havia 22 seguradoras em Portugal que comercializam seguros de saúde. Normalmente só se fala da Multicare e da Medis. São de facto as que têm a fatia maior do mercado. As duas juntas têm mais de 60% do mercado.
Em muitos casos, as outras seguradoras “subcontratam” uma destas duas. Ou seja, você faz um seguro de saúde na seguradora Y, tem um cartão com o nome dessa seguradora, mas o pacote, a rede, os médicos e as coberturas e todo o back office é de uma destas duas grandes. Só mudam umas percentagens e uns preços aqui e ali, para parecerem diferentes.
Seja como for, para além do Grupo Fidelidade (que tem a Multicare) e do grupo AGEAS (que detém a Médis), depois tem a Generali, a Allianz Portugal, a Victória Seguros, a GNB, Lusitânia, Crédito Agrícola Seguros, Zurich, Una, Liberty, e as outras têm menos de 1% do mercado.
Portanto, se quiser escolher mesmo a melhor opção para si deve perder algumas horas e mesmo dias a pesquisar, não digo todas, mas umas boas 5 ou 6 e negociar com elas. Diga-lhes que conseguiu estas coberturas na seguradora X pelo preço tal e pergunte se fazem melhor.
Repita o processo até ficar satisfeito com um pacote de um seguro específico.
Os preços dos seguros de saúde
O preço médio da apólice por pessoa segura em 2020 era de 358 euros, ou seja, cerca de 30 euros por mês. O preço vai depender da idade, das coberturas que escolher e do número de pessoas incluídas na apólice. Como é fácil de ver, fazer um seguro de saúde é quase como construir um puzzle.
Ao escolher esteja atento a:
- pacote de coberturas;
- limite de cada cobertura;
- exclusões;
- limites de idade;
- franquias;
- períodos de carência;
- preço.
Compare todas estas particularidades em várias seguradoras antes de decidir.
Plano de saúde ou seguro de saúde
Há muitas pessoas que confundem plano de saúde com seguro de saúde. São coisas muito diferentes. Um seguro de saúde que cubra quase tudo pode custar mais de 100 euros por mês. Um plano de saúde serve apenas para ter consultas mais baratas.
Para baixar o preço, há vários pacotes de seguros em que as coberturas são muito variáveis. Por isso, tem de saber exatamente para que é que o quer antes de contratar um seguro de saúde. A única cobertura obrigatória é a o internamento. Mesmo aí deve ter atenção aos limites. Porque às vezes o barato sai caro.
Há pessoas que fazem uma cirurgia, mas há um imprevisto e precisam ficar internadas mais dias do que o suposto e aparece-lhes depois uma conta para pagar de centenas ou milhares de euros porque ultrapassaram o plafond. Há até situações em que a pessoa teve de ser transferida do hospital privado para um público porque não tinha dinheiro para pagar mais tratamentos ou dias de internamento. Normalmente 20 mil euros é suficiente para cobrar as cirurgias mais comuns. Confirme qual é o valor coberto no seu caso.
A grande confusão que a maioria das pessoas faz é pensar que o seguro de saúde serve sobretudo para ter consultas mais baratas. É como se fizesse um seguro para o carro para ter descontos na mudança do óleo ou nas pastilhas dos travões. Até pode ter, mas não é esse o principal objetivo.
Por exemplo, 500 euros por ano dariam para pagar 5 consultas de especialidade de 80 euros sem qualquer desconto, e ainda lhe sobravam 100 euros para exames e alguns medicamentos. Tem de fazer a conta às suas necessidades. Se é só para consultas, pode avaliar os planos de saúde que são mais baratos e paga menos por cada consulta, mas tem de perceber que por regra não abrangem urgências nem cirurgias.
Um plano de saúde é uma rede de descontos em cuidados de saúde. Ao contrário dos seguros de saúde, não tem períodos de carência, limite de idade, exclusões por doença anterior, necessidade de prévia autorização, co-pagamento e franquias. A desvantagem é que só pode usar a rede de prestadores do grupo que contrata e isso gera muitos conflitos porque muitas pessoas pensam que podem ir a um médico qualquer e não é assim.
Por exemplo, em cidades pequenas pode até nem haver um médico da especialidade que precisava e descobre que aquele plano de saúde não lhe serve para nada mas já pagou e não lhe devolvem o dinheiro. E tem de pagar cada uma das consultas ao valor que ficar contratado. Às vezes não é o desconto que pensava que era. Tem de ler as letras miudinhas todas antes de contratar. Há centenas de queixas de planos de saúde por estas razões.
Uma das vantagens do seguro de saúde é que a pessoa poder escolher a clínica ou hospital e até o médico, e se a instituição não tiver acordo com a seguradora, pode sempre pedir o reembolso da despesa (atenção à percentagem, porque nem todos devolvem o mesmo valor).
MGEN tem o melhor seguro de saúde, segundo a DECO
A DECO diz que a MGEN, uma mutualista francesa, é quem tem o seguro de saúde que melhor protege o consumidor. O problema é que esta mutualista só funciona com grupos fechados. Para ter acesso à apólice que a DECO aconselha tem de fazer parte de uma empresa ou instituição que tenha um protocolo com a MGEN ou então tem de se registar na página da DECO, mas não é obrigatório que se torne sócio.
Em todo o caso, este seguro mutualista não é para todos, porque é obrigatório que inclua toda a família (para as mensalidades dos mais novos compensarem as despesas dos mais velhos) e os preços podem também não ser para todas as bolsas. Tenha em atenção que aceitam as doenças pré-existentes, mas só estão garantidas após 1 ano decorrido do contrato e também tem alguns períodos de carência.
Confirme esta informação antes de contratar para depois não se sentir enganado. Conhecer este seguro, mesmo que não o contrate, pode servir para comparar com todos os outros seguros comercializados em Portugal. Tem uma bitola do que pode ser um bom seguro.
Este seguro em particular é uma “raridade” porque em Portugal, na maior parte das seguradoras (para não dizer todas), a partir de certa idade (65 anos) já não consegue subscrever certos seguros de saúde e têm um limite de permanência (normalmente 70 anos). Chegam a essa idade e cancelam unilateralmente o seguro. A MGEN não.
E depois há a exclusão de doenças. Podem aceitar fazer-lhe um seguro, mas se já tiver uma doença anterior dizem que não pagam nada relativamente a essa doença. Atenção a isso quando fizer um seguro de saúde.
Peça simulações a vários mediadores de seguros
Se não quiser usar o comparador da DECO, não se esqueça de que pode e deve contactar os mediadores de seguros da sua cidade. A oferta mais variada será a dos mediadores que trabalham com várias seguradoras. Se for a um que só trabalha com uma seguradora, ele vai dar-lhe a melhor opção mas apenas entre a oferta da seguradora para a qual trabalha. Compare com vários.
Deixo-lhe mais algumas dicas simples: Se quer um seguro de saúde a pensar nas idas ao dentista, pode valer a pena fazer um só para estomatologia.
E atenção aos períodos de carência e ao valor das franquias. Por exemplo, se pagar 500 euros por ano por um seguro de saúde, mas nas condições estiver estipulado que na primeira consulta de cada ano paga 70 euros e na primeira urgência outros 70, esse seguro não lhe custa 500, custa sim 640 euros. Temos de estar atentos a esses pormenores ao comparar entre seguros.
Pode poupar dezenas de euros ou, pelo mesmo dinheiro, ter coberturas muito melhores se comparar tudo, sempre. Se tiver estes cuidados, a sua saúde e a sua carteira agradecem.