Quanto ganha um médico de família em Portugal em 2023? Saiba, de A a Z, tudo sobre o panorama nacional desta carreira profissional: os obstáculos e as vantagens de exercer uma medicina de base no nosso país.
Fique, ainda, a saber mais sobre o problema da escassez destes profissionais.
Afinal, quanto ganha um médico de família?
O salário médio de um médico de família em Portugal varia consoante a experiência e a área geográfica – por isso, para saber quanto ganha um médico de família no nosso país é preciso ter em conta onde atua e quanto tempo de serviço tem.
De acordo com o Sindicato Independente dos Médicos, o salário base de um médico de família em início de carreira é de cerca de 2.800 euros brutos por mês, podendo chegar a 4.000 euros após 20 anos de experiência.
No entanto, há que ter em conta que:
- a remuneração dos médicos de família pode variar substancialmente de acordo com a instituição em que o médico trabalha;
- o salário pode ser alterado por fatores como horas extras e outras atividades complementares.
O que faz o médico de família?
Considerado a pedra basilar no acesso ao sistema de saúde, o médico de família é um profissional da área de Medicina Geral e Familiar e a sua atividade tem como objetivo o acompanhamento contínuo do utente e da sua família.
Um médico de família pode acompanhar o paciente e a sua família durante um longo período de tempo da(s) sua(s) vida(s), e cabe a ele a tarefa de vigiar e aconselhar o paciente. Além disso, responde às suas dúvidas e deteta patologias.
O médico de família caracteriza-se, essencialmente, por estabelecer uma relação duradoura com os seus pacientes. Esta relação é pautada pela confiança e proximidade, e ainda por se focar mais na prevenção em detrimento do tratamento propriamente dito.
Ser médico de família em Portugal é uma especialidade que requer um percurso algo complexo e exigente, que engloba diferentes cursos e formações. O objetivo é adquirir o máximo de competências, a fim de estar apto a responder às necessidades gerais de saúde dos utentes.
Como ser médico de família em Portugal?
Para exercer na área da medicina familiar em Portugal, é necessário concluir um curso de medicina de seis anos. Depois, há um ano comum de Internato Geral e após esse ano, o médico escolhe a especialidade de Medicina Geral e Familiar.
Depois de concluir a especialização, os médicos podem trabalhar em centros de saúde, hospitais e consultórios particulares.
Um panorama difícil
Atualmente, o panorama em termos de médicos de família é bastante crítico em Portugal – cerca de 1,5 milhão de utentes não têm, neste momento, acesso a um médico de família.
A consequência direta desse problema está à vista. Muita gente acaba por não ter outra solução senão ir às urgências sempre que estiver doente, o que causa entupimento destes serviços um pouco por todo o lado.
Em alternativa recorrem ao setor médico privado, com todas as despesas mais avultadas que isso acarreta.
Medidas para combater a escassez de profissionais de medicina familiar
Segundo a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, a medicina familiar em Portugal está a necessitar de uma reforma. Com mais de 400 unidades médicas familiares no país, apenas metade transitou de antigos centros de saúde, o que fez com que 1,2 milhões de pessoas ficassem sem médico de família.
A solução proposta pela Associação passa por reforçar os centros de saúde com outros profissionais médicos, como é o caso de de enfermeiros, nutricionistas e dentistas, para dar uma melhor resposta ao problema.
Medidas do governo
Por seu turno, o Governo acaba de lançar um concurso para médicos de família, com pelo menos 900 vagas que abrangem todos os locais do país onde falta um médico de família.
Para cativar os médicos de família a ficarem no Serviço Nacional de Saúde (SNS), sobretudo nos locais onde fazem mais falta, apontam-se medidas novas:
- vagas carenciadas com remuneração aumentada em cerca de 40% apenas para os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) onde há mais de 25% de utentes sem médico de família;
- um novo modelo que implica compromisso de mobilidade por parte do médico, o qual consiste no facto de os jovens médicos poderem concorrer para uma vaga num ACES do Norte, sob o compromisso de estarem em mobilidade até ao dia 01 de janeiro de 2026 num agrupamento mais carenciado de Lisboa e Vale do Tejo.
O Governo anunciou ainda que pretende implementar uma outra medida, que consiste em utilizar o decreto-lei que permite a contratação direta pelos hospitais EPE e as ULS (Unidades Locais de Saúde) da maioria dos médicos especialistas recém-formados.
Isto faz com que o concurso nacional fique apenas para as especialidades que não têm ligação a serviços de urgência.
Apesar dos desafios, ser médico de família em Portugal pode ser uma escolha profissional gratificante.
Burnout como consequência dos problemas estruturais
O burnout é uma consequência dos problemas estruturais que caracterizam esta atividade em Portugal neste momento, e é por si só um problema que está a ganhar expressão entre os médicos que exercem medicina familiar.