Esta é uma altura para estar em casa. No combate à pandemia da Covid-19 é absolutamente imprescindível que o confinamento seja cumprido à risca para conter o contágio descontrolado. Assim, para passar o tempo, deixamos aqui algumas sugestões.
Claro está que há sempre muito que fazer em casa, desde a lida normal, até tratar dos filhos e demais família. Mas nos momentos em que pouco ou nada há para fazer, tente ler um bom livro, ver um filme divertido ou uma série em que nunca pegou.
passar o tempo em casa: 5 livros clássicos
Os Maias (Eça de Queiroz)
É sempre bom regressar aos clássicos e um dos maiores em língua portuguesa é mesmo o imortal romance de Eça de Queiroz. A história dos desamores de Carlos e Eduarda, as pequenas sacanices de Dâmaso Salcede, a verve hiperbólica de João da Ega, enfim, uma galeria de personagens absolutamente inesquecível para passar o tempo. Costuma dizer-se que os primeiros capítulos são os mais difíceis, mas depois embala e lê-se com sofreguidão.
Mulheres (Charles Bukowski)
Bukowski era conhecido como bêbado, preguiçoso, mulherengo e outras coisas mais. A fase boémia e promíscua não poderia passar despercebida na sua escrita, sendo retratada no terceiro romance do autor, também protagonizado por Henry “Hank” Chinaski. A obra narra uma fase em que Hank desfrutava de um jejum sexual de anos, sem desejar mulher alguma, até conhecer os vários amores de sua vida. Mulheres que sofreriam as dores e as delícias de se apaixonarem pelo personagem principal.
Budapeste (Chico Buarque)
José Costa é um ghost-writer, pessoa especialista em escrever cartas, artigos, discursos ou livros para terceiros. No regresso de um congresso de autores anónimos, é obrigado a fazer uma escala imprevista na cidade título do romance, o que desencadeia uma série de eventos que constituem o centro do enredo. Esta é uma das obras maiores do brasileiro Chico Buarque (talvez mais conhecido como músico de exceção), que foi premiada mundo fora e lê-se numa penada.
O Velho que lia romances de Amor (Luís Sepúlveda)
O escritor chileno morreu devido à Covid-19, mas as suas palavras continuam livres e a fluir por todos o lado. A sua obra mais conhecida será mesmo esta, onde António Proaño, personagem principal, é apresentado como um homem simples, mas profundo conhecedor da floresta amazónica, local onde se refugiou e aprendeu a sobreviver com os xuar e índigenas após a morte da sua esposa. O enredo adensa-se quando começam a surgir cadáveres de pessoas e animais, presumivelmente atacados por um predador… A não perder.
As vinhas da Ira (John Steinbeck)
“Somos apenas a raiva que sentimos quando nos expulsam das nossas terras, quando o trator derrubou as nossas casas. E assim seremos até à morte”. As palavras de Steinbeck são um dos mais poderosos testemunhos do que foi a grande depressão nos Estados Unidos da América. Segue o percurso da família Joad, desde que perde as suas terras até seguir para Califórnia em busca de uma vida digna. Clássico absoluto.
passar o tempo em casa: 5 filmes a não perder
Casablanca
Muito provavelmente, o clássico dos clássicos. A quantidade de frases do argumento que ficaram famosas é absolutamente alucinante. Rick tem um bar (um “gin joint”) na cidade marroquina de Casablanca, onde, em plena II Guerra Mundial, se cruzam ingleses, franceses, marroquinos e nazis alemães. No meio desta confusão ainda surge um antigo amor de Rick. Humphrey Bogart e Ingrid Bergman numa película inesquecível.
Alta Fidelidade
Esta é história de Rob, o dono de uma loja de discos (muitos deles vinis originais) e da sua atribulada vida amorosa. Pelo meio, surgem os seus hilariantes empregados, sempre ocupados em atividades intelectualmente mais estimulantes do que atender clientes. Repleto de referência à cultura pop (conta até com um cameo de Bruce Springsteen), Alta Fidelidade acaba por ser um retrato de uma geração. Um filme levezinho para ver com gosto.
Cinema Paraíso
Este é um filme essencialmente sobre o amor pelo cinema, mas também sobre as amizades firmes e o desejo de vencer. Alfredo é o projecionista de cinema na aldeia de Giancaldo. Totó, uma criança fascinada pelo grande ecrã, é o seu melhor amigo e tornar-se-á numa referência do cinema italiano. Um filme absolutamente imperdível. Quem não se emocionar na cena final, não tem coração (ou bolsa lacrimal…).
Gran Torino
Numa altura em que tanto se fala de tolerância, ou falta dela, Gran Torino, um dos grandes filmes de Clint Eastwood, vem provar que às vezes é nos lugares e nas pessoas mais inesperadas que percebemos o quanto somos interdependentes e que dificilmente podemos viver numa bolha. Uma realização superior e uma história magnífica de um dos mais celebrados realizadores norte-americanos dos últimos 25 ou 30 anos.
Jantar de Palermas
Comédia pura, este filme francês tem como premissa uma maldade: um grupo de amigos rico e esclarecido organiza uns jantares onde convidam os seres mais palermas que encontram só para os ouvir dissertar sobre assuntos absolutamente inesperados. E, claro está, gozar com isso. Diversão pura, este é um filme muito bem disposto e com uma grande interpretação do já desaparecido Jacques Villeret. Mas veja o original francês. Fuja a sete pés da versão americana com Steve Carrel….
passar o tempo em casa: 5 série inesquecíveis
Seinfeld
A série sobre nada que se tornou na melhor sitcom alguma vez produzida. Com nove temporadas, segue as peripécias do comediante Jerry Seinfeld e do seu desequilibrado grupo de amigos, Elaine, George Constanza e, obviamente, Cosmo Kramer. O humor refinado, a escrita deliciosa e as interpretações de actores acima da média, fazem de Seinfeld um clássico que não passa de moda. O episódio do restaurante chinês é talvez o zénite da comédia em televisão.
Sopranos
Sim, muita gente viu e comenta Peaky Blinders, mas a grande série sobre o submundo do crime é, definitivamente, Os Sopranos. COnta a história de Tony Soprano e do seu grupo de mafiosos, envolvidos num sem número de negócios escuros e com problemas familiares que acabam por se cruzar com a própria atividade criminal. As consultas de Tony Soprano com a psicóloga constituem um dos momentos mais altos da televisão.
Sete Palmos de Terra
Nate é o filho mais velho de Nathaniel Fisher, o dono de uma funerária e marido dedicado, e de Ruth Fisher, uma dona de casa infeliz com a vida. Ao retornar à sua cidade, Nate torna-se, a custo, sócio do negócio da família, em conjunto com o seu irmão David, que protesta contra a decisão do pai. Humor negro do mais fino quilate. A não perder.
Twin Peaks
A série que abriu os novos caminhos que a televisão viria a trilhar mais tarde em termos de qualidade. Da autoria de David Lynch, começa com o aparecimento do corpo de Laura Palmer, uma jovem popular em Twin Peaks e cuja morte fica envolvida numa grande mistério. O FBI envia para a cidade um agente, Cooper, que na sua investigação vai levantar uma série de pequenos, mas sórdidos, segredos que a pequena comunidade esconde.
House
Numa altura em que os médicos e todos os profissionais de saúde estão no olho do furacão e na frente de combate ao coronavírus, House é uma série que mais do que ensinar algo sobre a prática médica, diverte o espectador com as bizarrias de um médico genial, mas muito pouco dado a seguir regras. Uma interpretação notável de Hugh Laurie.