Nos dias que correm, são poucas as possibilidades quando temos dinheiro que queremos guardar. Esconder notas debaixo do colchão, a famosa técnica do tempo dos nossos avós, é uma estratégia desatualizada e sobram sempre os mesmos na equação: os bancos e os seus vários tipos de depósitos.
Um depósito é um acordo que o consumidor faz com uma instituição de crédito para guardar algum dinheiro, que pode envolver ou não o pagamento de juros.
De forma simples, um depósito é a entrega de dinheiro a uma instituição de crédito que se compromete a devolvê-lo ao dono, sob determinadas condições contratadas. Note que, por “entrega de dinheiro”, se entende a entrega de dinheiro físico, mas também de cheques ou outras formas de depósito.
Porque este é um conceito abrangente e assume características diferentes em variados contextos, os bancos adaptaram-se ao mercado e hoje oferecem uma grande variedade de opções, com tipos de depósitos que se moldam ao que cada consumidor procura e precisa.
Os tipos de depósitos que há no mercado
Regra geral, os depósitos podem ser divididos em cinco tipos diferentes. Estes tipos de depósitos podem ser oferecidos por todas as instituições bancárias, mas nem todas oferecem todos eles. Para saber se o seu banco tem o que precisa, o melhor é procurar assistência num balcão de atendimento.
1. Depósito à ordem
Este é o tipo de depósito mais popular entre os portugueses. Ele permite guardar o dinheiro no banco e mobilizá-lo em qualquer altura, sem que o cliente tenha de dar grandes justificações à entidade bancária.
Um depósito à ordem não tem prazos e dificilmente vence juros, sendo que quando vence, as taxas são muito reduzidas. Por outro lado, dão quase sempre acesso a ferramentas complementares de pagamento, como cartões de débito e crédito, cheques e transferências.
Exemplos destes tipos de depósitos são as contas de serviços mínimos bancários, as contas-ordenado e as contas base.
2. Depósitos com pré-aviso
Nestes tipos de depósitos o cliente só pode mexer no dinheiro que entregou ao banco se entregar com antecedência um pedido nesse sentido. A antecedência e os termos em que o pedido de movimento de verba tem de ser submetido devem estar previamente determinados no contrato assinado entre as partes.
3. Depósitos a prazo
Neste tipo de depósito, o dinheiro entregue ao banco fica imobilizado por um período pré-determinado de tempo (o prazo do depósito), o que significa que o cliente não pode mexer nas poupanças. Em troca o banco compromete-se a devolver, no fim do prazo, a totalidade do valor depositado somada de juros.
Há, contudo, casos específicos em que os bancos permitem que o cliente mova o dinheiro que entregou para depósito, total e/ou parcialmente, mas estabelecem uma penalização para quando isso acontece. Essa penalização é, geralmente, refletida na perda dos juros corridos.
Os juros deste tipo de depósitos, que tendem a ser mais elevados do que os dos depósitos à ordem, podem ser pagos periodicamente ou apenas quando termina o prazo do depósito, e dependem diretamente desse prazo. Os depósitos com prazos mais longos geralmente oferecem taxas de juro maiores do que os depósitos de prazo mais curto.
4. Depósitos a prazo não mobilizáveis antecipadamente
Este tipo de depósitos é uma espécie de subcategoria dos depósitos a prazo. Apesar de, regra geral, os contratos de depósito a prazo preverem a mobilização antecipada do dinheiro (ainda que atribuindo-lhe penalizações), os depósitos a prazo não mobilizáveis bloqueiam verdadeiramente a verba entregue ao banco, que só a devolve ao dono quando terminar o prazo do depósito.
5. Depósitos em regime especial
Há bancos que, além dos depósitos referidos acima, ainda oferecem tipos de depósitos especiais. Estes depósitos são também conhecidos como contas-poupança e foram criados com vista ao cumprimento de um objetivo específico.
Podendo ter regras próprias no contrato, geralmente só permitem a mobilização dos fundos quando esta se destinar ao cumprimento do objetivo com que o depósito foi feito. Assim, o dinheiro que entregar para um depósito habitação, por exemplo, só pode ser mobilizado se o cliente provar que vai investi-lo em habitação.
Frequentemente estes depósitos estão associados a outros serviços complementares e têm condições mais vantajosas do que os depósitos tradicionais (nomeadamente ao nível da taxa de juro).
Exemplos de depósitos em regime especial são as contas-poupança habitação, condomínio ou reforma.
Outros tipos de depósitos
Não obstante todos os tipos de depósitos referidos, as instituições de crédito têm liberdade para criar depósitos novos, com condições diferentes. É por isso que há bancos a oferecer depósitos específicos para emigrantes, por exemplo, com condições particularmente vantajosas para este tipo de clientes.
A única limitação que existe neste campo é a proibição de associação obrigatória de produtos financeiros, ou seja, o banco não pode obrigar o cliente a subscrever outros serviços para poder subscrever um depósito.
Como escolher o melhor tipo de depósito?
A escolha do melhor depósito vai sempre depender do seu contexto, da quantidade de dinheiro que quer depositar e dos seus objetivos. Assim, considere:
Quanto quer depositar
Depósitos pequenos só compensam se o prazo for longo. Caso contrário, têm taxas de juro muito baixas e uma percentagem pequena de “quase nada” é… nada.
Quando precisa do dinheiro
Este é um dos critérios mais importantes quando se fala em tipos de depósitos. Se não tem a certeza se o dinheiro lhe vai fazer falta em breve, não arrisque bloqueá-lo em depósitos não mobilizáveis, por muito atraentes que lhe pareçam as condições. Pode estar a criar uma armadilha para si próprio.
Que objetivo quer cumprir
Guardar dinheiro para comprar um micro-ondas não é o mesmo que guardar dinheiro para guardar uma casa. Se o seu objetivo é pequeno, aposte em depósitos de prazo curto, para poder ir somando verbas e comprar o que precisa o quanto antes. Se, pelo contrário, definiu um objetivo mais complicado de atingir, aposte em depósitos de prazos longos e com melhores taxas de juro. Já que vai ter de esperar e vai, ao menos o dinheiro rende mais.
No fundo, é uma questão de auto-consciência e de bom senso. Escolha de forma responsável e garanta que qualquer decisão depende sempre de si e só de si.
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